Uma reflexão para você que acha que o mundo todo cabe de boas nas suas costas, que acha que o certo é ser perfeita. Não, não é para ser assim. Vem cá, vamos conversar!
Estava cá, pensando com meus botões, sobre como a pressão da quarentena tem afetado muitas mães pelo globo terrestre, sobre como temos que nos reinventar a cada dia para dar conta de criarmos uma pessoa bacana pra ajudar esse mundão a se recuperar. Sobre como a gente tem que ser eficiente, ativa, camarada (vixe, entreguei a idade agora), sobre temos que ser autosuficientes, brilhantes, sensacionais… ufa!! Cansativo, né? Pois é, ser mãe é isso e muito mais. Mas há quem diga que é um mundo perfeito. Não, não é.
Hoje mesmo estava conversando com uma grande amiga, que é escritora e sem dúvida alguma, a Bel é uma das pessoas mais práticas que já conheci na vida, e ela falava exatamente sobre isso: “você não tem que ser durona!”. E só para contextualizar, ela se referia ao fato de que eu me queixava de não me sentir forte o suficiente para enfrentar o dia dos pais e suprir emocionalmente a carência de meu filho, que acabou de perder o pai para um AVC. Agora, além de mãe, sou um cadinho de pai também… e a pressão só aumenta.
Foi então, que depois de chorar muito, sentindo essa pressão absurda que empurra a mim e a tantas outras mães por aí, cada vez mais forte contra a parede, que me deparei com um lindo e verdadeiro texto de Ju Farias e, francamente, queria que você pudesse estar dentro da minha cabeça agora para ver um nó se desatando, uma sensação de ar entrando nos pulmões que há muito tempo não sentia… A gente não sente a pressão até se ver justamente assim, completamente sem ar, como se estivesse tentando respirar com a cabeça para fora do mar.
Resolvi compartilhar esse texto aqui com você na esperança de que ele também te dê um “respiro” no meio do mar de fortes emoções que é ser mãe. Que cada palavra dura ou doce ecoe dentro de você, te fazendo pensar numa perfeição idiota que não existe, mas que mesmo assim, a gente passa momentos preciosos da vida procurando. Que você se perceba humana, e por isso mesmo, toda errada. E que encontre a real beleza em ser exatamente do jeitinho que é, sendo a mãe que você pode ser.
Boa leitura!
Para ser mãe não precisa ser perfeita
Por Ju farias
Vejo muitas mães se culpando ou desdenhando da sua ocupação mais bonita: a de ser mãe. Vejo mães julgando outras mães como se o conceito de “a melhor forma de ser mãe” estivesse estabelecido em cartilha ou lei.
Quantas sogras condenam suas noras por escolherem uma “didática disciplinar” diferente? Muitas, inúmeras, é de perder as contas. Vejo mulheres criticando a mãe do lado por prender mais, soltar menos, dar banana esmagada com canela, deixar na creche aos seis meses e tantas outras coisas que só à mãe e ao filho convém.
Com exceção das mães ruins de fato, essas que assistimos nos noticiários diariamente, quase todas as outras são as melhores mães que podem ser, dentro do cenário em que vivem e das ferramentas que possuem para exercer esse papel.
Fato é que, às vezes, ser mãe cansa, desgasta, esgota e é chato pra caramba! Só que poucas mulheres têm coragem de dizer isso. Ser mãe é pesado! Bem como, claro, ser mãe também é lindo, enriquecedor, profundo e especial em quase todos os sentidos. Os dois lados, o bom e o ruim, são legítimos e se completam.
Você só precisa admitir que a tarefa não é fácil e que errar é absolutamente humano (e necessário). Já vi amigas lutarem para esconder olheiras escuras, sedentas por uma noite de sono tranquilo. Também já ouvi mulheres dizendo que ser mãe é viver no país das maravilhas, mentira delas.
Desculpa, mas essa afirmação é falsa. (E nem precisa ser mãe para saber que não é verdade esse bilhete). Mães, vocês erram e está tudo bem. Vocês são humanas e o mais lindo da relação com seus filhos é justamente a possibilidade de aprender e reaprender tudo.
Permita-se humanizar essa relação, deixando de lado a ideia de que para ser mãe é preciso ser perfeita. Não, você só precisa ser a melhor mãe que conseguir, e entender que isso já é o suficiente. Ser mãe é um livro em branco, criado com tempo, resiliência, paciência e calma.
No mais, é viver e aprender, aceitando que não se pode fazer tudo e que algumas coisas vão além da sua interferência. A culpa é só uma forma de punir seu espírito por algo que ele não fez.
Ser mãe, mais do que acertar, é errar, é errar sendo. Só assim se é mãe de verdade. Nenhuma mãe é perfeita, não se iluda. E, se houver alguma, me desculpe, mas que pessoa chata não haverá de ser.
As boas mães não são perfeitas. As melhores mães são aquelas que chegam o mais perto disso possível, mas sabendo que haverão pedras no caminho e que ignorá-las é caminhar pela metade. A coisa mais perfeita que você pode deixar de lição para seu filho é permitir que ele seja imperfeito.
Milagre não é ser a mãe perfeita. Milagre é ser a melhor mãe que você pode e se sentir feliz com isso. E ponto.