O que o Dia Mundial do Refugiado pode nos ensinar e como o turismo pode ser mais consciente diante das histórias de quem é forçado a recomeçar em outro país

No dia 20 de junho é celebrado o Dia Mundial do Refugiado, uma data que carrega muito mais do que um lembrete no calendário. É um convite à empatia, à reflexão e, principalmente, à ação. Para quem viaja, seja por lazer ou trabalho, essa também é uma oportunidade de repensar o olhar sobre os destinos visitados e reconhecer que nem todos cruzam fronteiras por prazer.
De acordo com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), mais de 120 milhões de pessoas em todo o mundo foram forçadas a deixar seus lares. Motivos não faltam: perseguições políticas, conflitos armados, racismo, intolerância religiosa, pobreza extrema, desastres climáticos. Pessoas que deixam tudo para trás não por escolha, mas por pura necessidade de sobrevivência.
Enquanto muitos de nós planejam roteiros, escapadas de fim de semana ou viagens dos sonhos, há famílias inteiras atravessando continentes em busca de segurança e dignidade. São histórias que acontecem ao nosso redor e que, muitas vezes, passam despercebidas.
No Brasil, os números são expressivos. Em 2023, o país recebeu mais de 58 mil solicitações de refúgio, de pessoas vindas de mais de 150 países. Venezuelanos, cubanos, haitianos, congoleses, sírios e afegãos formam parte dessa população em busca de recomeço.
O recomeço começa na chegada, e os desafios também.
Conseguir abrigo, documentação, emprego, acesso à saúde, à educação, à língua. O processo de integração de uma pessoa refugiada é complexo e cheio de barreiras. É aí que a empatia, o acolhimento e as políticas públicas ganham protagonismo. Mas não só elas. Cidadãos, viajantes e o setor do turismo também podem contribuir.
Turismo e responsabilidade social caminham juntos
Se você viaja, você observa. E ao observar, pode questionar: quem está à margem naquele destino que tanto encanta? Quem limpa os quartos dos hotéis, quem vende a lembrança na feira local, quem serve o café na padaria da esquina?
Muitos desses rostos são de pessoas em situação de refúgio. Invisibilizadas, ainda que presentes. O turismo responsável passa por reconhecer essas presenças e agir com consciência. Escolher hospedagens que apoiam projetos sociais, consumir de pequenos empreendedores locais, apoiar iniciativas que promovem inclusão, denunciar discursos xenofóbicos, tudo isso faz parte de um novo jeito de viajar.
Recomeçar é um direito, mas apoiar é uma escolha. É em datas como esta que o convite é claro: que possamos ir além da empatia superficial e buscar formas reais de acolher, respeitar e agir. Porque o mundo é feito de deslocamentos. E ninguém está isento da necessidade de recomeçar.
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