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Como ser um viajante aliado e não um turista problemático

Evite gafes, desrespeito e atitudes invasivas em viagens. Veja como ser um viajante consciente e fazer do mundo um destino melhor para todos

turista problemático
Como ser um viajante aliado e não um turista problemático

Você já ouviu aquela frase “olhar com os olhos e lamber com a testa”? Pois bem. Recentemente, um turista aparentemente não entendeu o recado. Em uma visita a um museu, ele esperou o segurança se afastar e decidiu se sentar para tirar uma foto em uma obra de arte inspirada na “Cadeira de Van Gogh”. Resultado? A peça foi danificada. Um clique, uma foto e uma vergonha internacional. O que era pra ser uma lembrança virou um desastre cultural. Por sorte, essa não era uma obra original de Van Gogh e sim escultura feita de cristais Swarovski inspirada no móvel pintado pelo artista holandês em diversos quadros nos quais ele retratou o próprio quarto. 

Esse tipo de situação não é exceção. Ela revela um padrão de comportamento que se repete em vários destinos mundo afora: o do turista problemático. Aquele que viaja sem considerar os códigos sociais, os costumes locais, a história ou a sensibilidade de quem vive no lugar visitado.

Nosso papo hoje é um convite simples: repensar nosso papel enquanto viajantes. Como circular pelo mundo sem agir como se ele fosse um parque de diversões a céu aberto? Como ser um viajante aliado, e não aquele que deixa rastros de desrespeito por onde passa?

É aquela pessoa que fala alto em qualquer idioma, que se recusa a aprender uma palavra sequer do idioma local, que torce o nariz para a culinária típica e que só se sente confortável ao encontrar o mesmo café da esquina da cidade onde mora. É alguém que fotografa tudo sem pedir permissão, invade espaços sagrados apenas para fazer vídeos, ou visita comunidades buscando imagens exóticas, e não uma troca verdadeira.

O turista problemático consome tudo: cultura, comida, paisagens, pessoas. E parte sem levar aprendizado algum. Deixa lixo físico e simbólico por onde passa.

Mas nem tudo está perdido. A boa notícia é que é possível mudar essa postura. Ser um viajante aliado começa com algo simples: lembrar que você está sendo recebido em um território que tem história, significado e códigos próprios.

Quem vive ali já conhece, cuida, resiste. O viajante consciente chega com humildade, observando, escutando, aprendendo. Ao visitar um mercado local, por exemplo, o ideal é ir com curiosidade genuína, e não com olhar de zoológico. A cultura não está ali para te entreter, mas para ser respeitada. E, se possível, absorvida.

E isso não estraga a viagem. Muito pelo contrário. Traz profundidade, emoção e experiências que marcam de verdade.

Eu listei algumas coisinhas bem simples aqui abaixo, que vão te ajudar a transformar a forma como você se relaciona com o destino:

1. Estude antes de ir.
Conheça a história, a religião, os hábitos e o modo de vestir do lugar. Isso demonstra respeito e evita gafes constrangedoras.

2. Peça permissão antes de fotografar.
Mesmo que pareça óbvio, sempre pergunte antes de tirar fotos de pessoas, rituais ou espaços sagrados. Há lugares onde isso é ofensivo, e há pessoas que não querem ser clicadas apenas porque usam um turbante ou uma roupa diferente da sua.

3. Apoie a economia local.
Prefira guias nativos, compre de pequenos produtores, coma em restaurantes de moradores. Isso movimenta a economia e proporciona uma experiência mais autêntica.

4. Aprenda o básico do idioma.
Saber dizer “por favor” e “obrigado” no idioma local muda completamente a forma como você será recebido.

5. Evite comparações.
Comentários como “no Brasil é melhor” ou “isso me lembra aquele lugar lá fora” são desnecessários, além de ser extremamente cafona, não é mesmo? Cada cultura tem seu tempo, seu valor, seu sabor. Aprenda a apreciá-la como ela é.

Ao viajar, a gente leva bagagem, mas também carrega posturas e discursos. A forma como nos comportamos diz muito sobre quem somos, mesmo quando estamos longe de casa.

Por isso, da próxima vez que for fazer suas malas, leve também respeito, escuta e disposição para aprender. O mundo não está ali para te servir, mas pode ser muito mais generoso quando você se propõe a caminhar com empatia.

Se você gostou desta reflexão, aproveita para compartilhar este texto com aquele amigo que precisa urgentemente rever seus hábitos de viagem.

Viajar pode ser um ato de liberdade, mas também pode, e deve, ser um ato de consciência.

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