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Egito Antigo: dos Faraós às selfies nas pirâmides

Descubra a evolução do turismo no Egito Antigo, de Heródoto aos dias atuais. Cultura, curiosidades históricas e mais dicas essenciais

Egito Antigo
Egito Antigo: dos Faraós às selfies nas pirâmides

Antes de existirem guias de viagem ou avaliações online, viajantes do mundo antigo já registravam suas jornadas em paredes de templos e papiros. Do comércio de incenso às fotos com a Esfinge, o Egito sempre foi um imã para curiosos, aventureiros e sonhadores. Prepare-se para uma viagem no tempo: descobriremos como o turismo moldou (e foi moldado por) uma das civilizações mais fascinantes da história – e o que isso significa para os viajantes modernos.

Imagine um grego do século V a.C. navegando pelo Nilo rumo às pirâmides de Gizé. Para ele, aquelas estruturas já tinham 2 mil anos de idade – tão antigas quanto os gregos clássicos são para nós hoje! Quem eram esses primeiros turistas? Diplomatas, comerciantes de Assíria e Núbia, e peregrinos em busca de bênçãos em templos como Karnak ou Abu Simbel.

Mas o Egito também tinha seu próprio “influencer”: o historiador grego Heródoto. No século V a.C., ele escreveu o que podemos chamar de primeiro “guia de viagem” da história, descrevendo múmias, criticando o calor (“o sol aqui derrete até as ideias!”) e registrando rituais curiosos. Suas crônicas inspiraram gerações de viajantes a desbravarem o Nilo – um legado que ecoa até nos blogs atuais.

A experiência desses pioneiros, porém, era bem diferente. Pousadas rudimentares às margens do rio serviam cerveja de cevada (mais segura que a água) e os “guias” eram sacerdotes ou escribas que decifravam hieróglifos em troca de moedas ou… mais cerveja! Já os souvenirs variavam de estatuetas de deuses a shabtis (figurinhas de servos para o além), equivalentes aos ímãs de geladeira modernos.

Quando o Egito se tornou província romana (30 a.C.), virou destino de luxo para a elite. Senadores desfilavam pelo Nilo em barcos com salões de banquetes – Cleópatra e Júlio César, diz a lenda, celebraram seu romance em um deles. Os romanos adoravam souvenirs excêntricos: múmias inteiras (ou em pó, vendido como “remédio”) e papiros falsificados para ostentar em Roma.

Egito Antigo: dos Faraós às selfies nas pirâmides

A infraestrutura turística evoluiu: estalagens ganharam camas mais confortáveis e surgiram itinerários pré-definidos com escribas bilíngues (grego-latim) como guias. Era o embrião dos pacotes de viagem – só que com mais vinho e menos wi-fi.

A fascinação pelo Egito atingiu novo patamar com a invasão de Napoleão em 1798. Europeus piraram com os hieróglifos, e aventureiros como Giovanni Belzoni saqueavam tumbas para vender tesouros a museus. Hoje, essas práticas seriam condenadas, mas na época alimentavam a moda das “relíquias exóticas”.

No século XX, o país entrou no radar dos amantes de literatura e do luxo. Agatha Christie escreveu Morte no Nilo após se hospedar no Old Cataract Hotel, em Assuã – um ícone da era colonial que ainda atrai viajantes. Nos anos 1970, voos charter democratizaram o acesso, com europeus tirando fotos em camelos e comprando réplicas de tumbas.

Em 2024, o país equilibra tradição e inovação. Tours virtuais permitem explorar tumbas fechadas ao público, como a de Nefertari, cujos afrescos estão sendo restaurados com tecnologia a laser. Já o turismo comunitário ganha força: em aldeias nubianas, visitantes compartilham jantares à base de purê de favas e aprendem sobre tradições que resistiram a faraós e impérios.

Algumas regras, porém, são imutáveis: selfies são proibidas dentro de tumbas para preservar pigmentos milenares, mas nada impede uma pose épica diante das pirâmides. E se os barcos do Nilo hoje têm ar-condicionado, a magia de navegar pelas mesmas águas que Heródoto permanece.

Priorize o Vale das Rainhas: menos lotado que o Vale dos Reis, abriga belas e menos tumultuadas tumbas, é lá que fica a de Nefertari, considerada a “Capela Sistina do Egito Antigo”.

Visite o Museu Nubiano (Assuã), ele é fundamental para entender uma cultura muitas vezes eclipsada pelos faraós.

Escolha passeios éticos: evite camelos explorados e opte por cooperativas locais, como as que oferecem trilhas no deserto com beduínos.

Templo de Philae: acessível apenas de barco, este santuário dedicado à deusa Ísis foi salvo de inundações nos anos 1970 – um triunfo da preservação.

Seja em 1300 a.C. ou 2024, o arrepio de estar diante do Templo de Karnak ao pôr do sol é o mesmo. O Egito prova que, mesmo com drones substituindo papiros e apps guiando rotas, a essência do turismo permanece: a busca pelo que nos faz sentir pequenos – e incrivelmente vivos.

E se hoje reclamamos de filas no aeroporto, lembre-se: há 3 mil anos, um grego passou seis meses em uma caravana só para riscar “Atenas esteve aqui” na Esfinge. Reclamar do calor, ao que parece, é um hábito tão antigo quanto as próprias pirâmides.

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