Com os esforços para encontrar uma cura para a Covid-19 e a esperança vinda da Rússia, com a vacina anunciada pelo presidente Vladimir Putin, ainda sem efetivo sucesso, diversas pesquisas acontecem mundo afora. E todos na torcida para que médicos e cientistas derrotem o mal invisível nessa maratona exaustiva – afinal, estamos em pandemia desde março.
A esperança também vem das pesquisas com uso de células-tronco ‘mesenquimais’ – as mesmas encontradas no dente de leite das crianças, para amenizar os efeitos da doença nos tecidos. Segundo o cientista José Ricardo Muniz Ferreira, da R-Crio, os resultados dos testes são animadores, apesar do número reduzido de participantes.
Para liberar o tratamento, Ferreira precisa da aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), que deve sair até o final de agosto – enquanto isso, a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) já aprovou e o projeto ainda pode ter o patrocínio da EMS, maior laboratório farmacêutico no Brasil. “O objetivo com as células-tronco mesenquimais ( CTM) é impedir a inflamação e evolução da condição clínica para um quadro crítico, principalmente em pacientes com idade avançada e também naqueles com comorbidades relacionadas”, explica.
Através de uma ação à distância, as CTMs são capazes de impedir uma ação direta do sistema imune no tecido lesionado, atuando assim como uma primeira linha de defesa contra uma reação autoimune crônica (resposta inflamatória exagerada). De acordo com Ferreira, entre as vantagens, é que essas CTMs possam recrutar células-tronco de outras regiões do próprio organismo para os locais da lesão, impulsionando e promovendo a regeneração.
O laboratório Iron Group está fazendo outro tipo de pesquisa e até lançou a plataforma Iron On, divulgando pesquisas diárias baseada em evidências científicas para ajudar os médicos a orientar e desmistificar as dúvidas dos pacientes que chegam às consultas com muitas perguntas.
Segundo Sandra Umeda Sasaki, médica pesquisadora da Iron (formada em pesquisa clínico-científica pelo Principles and Practice of Clinical Research Course- Harvard Medical School), os estudos atuais mostram que os jovens que estão em estado grave têm o índice de massa corpórea mais alto. “Não precisa ser obeso, basta o sobrepeso. O excesso de massa de gordura no corpo leva a um estado inflamatório sistêmico, que aparentemente predispõe a complicações do vírus”, afirma, citando o Brasil: “Difícil prever a evolução da doença no Brasil, porque é um país muito heterogêneo em sua população e território e cada estado teve suas medidas de contenção da pandemia”.
Umeda acrescenta que, apesar das vacinas que estão sendo desenvolvidas, o único tratamento em relação a medicação em andamento com resultados positivos está sendo feito nos EUA, com o Remdesivir, da companhia biofarmacêutica Gilead Sciences – a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou os estudos com o remédio no dia 25 de junho. “É um medicamento de ação antiviral que foi testado recentemente em alguns pacientes com a covid e teve um resultado clínico significante, mas ainda está na fase de testagem. No Brasil, com relação a tratamento, não temos nenhum trabalho mais avançado. Existiu um em Manaus e outros em São Paulo, com o uso da hidroxicloroquina, mas ambos apresentaram efeitos colaterais nos pacientes e a substância não comprova eficácia com rigor científico ideal”.
Como sabido, a hidroxicloroquina ficou famosa depois de um polêmico discurso do Presidente Jair Bolsonaro e do presidente Donald Trump, entusiastas do remédio. Inclusive, quando Bolsonaro testou positivo para a doença, andava com um caixa do medicamento no bolso.
Perguntado sobre a “eficácia” da hidroxicloroquina, Albert Levy, médico formado na UFRJ que mora em NY há mais de 20 anos e hoje tem consultório na Park Avenue, em Manhattan, e dá aula na Faculdade de Medicina do Mount Sinai Medical Center, respondeu: “A pergunta de muitos é se acredito na hidroxicloroquina. Este remédio não é uma religião para eu poder crer. Misturar política com medicina não funciona bem. É como misturar azeite com água. Ela tem seu lugar em certas patologias onde pode reduzir a explosão de citocinas, substâncias que ajudam o organismo a combater uma inflamação e/ou uma infecção, mas que em excesso viram nocivas e auto-destruidoras como no caso de certas doenças auto-imunes como o Lúpus”.
Levy completa dizendo que “estudos clínicos feitos às pressas tiveram resultados controversos. Este remédio é prescrito há décadas para doenças autoimunes e, particularmente, para a prevenção da malária, e tem seus efeitos secundários como todo remédio. Os efeitos colaterais foram exagerados pelos políticos que usam este remédio com outros fins que terapêuticos.”
De acordo com Levy, as vacinas já estão na terceira fase das investigações clínicas e portanto espero que até o final deste ano ou princípio de 2021 teremos a vacina para determinada parte das populações do mundo. As prioridades serão para os pacientes de alto risco e para os profissionais da saúde. “O coronavírus é, certamente, o maior desafio infeccioso da década até agora. E provavelmente é a primeira vez que uma quarentena é imposta ou sugerida para quase 8 bilhões de pessoas no nosso planeta. Isso praticamente da noite para o dia”, diz.
Levy também chama atenção para o efeito psicológico da pandemia e também faz alguns questionamentos, que só o tempo vai poder responder. “As pessoas têm medo umas das outras. O distanciamento físico obriga a pessoa a se ver só e conviver com ela ou com número restrito de familiares ou amigos. Também causa revolta. Tipo uma panela de pressão. Todo mundo confinado e, de repente, tem oportunidade de sair para protestar sendo que o motivo pode ser aparente ou não. Será que foi o assassinato de George Floyd em Minneapolis que fez a panela de pressão estourar? Ou será que as pessoas já estavam saturadas de ficar confirmadas e sem perspectiva de uma ajuda econômica, perdendo emprego ou perdendo esperança? Será a incerteza das autoridades para com a pandemia?”.
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