Seguindo nossa série “História e Curiosidades”, hoje vou falar um pouco sobre o Palácio Real de Queluz que está intimamente ligado a todo o glamour que nós, brasileiros fazemos da monarquia portuguesa. este é sem dúvida alguma um passeio imperdível em Sintra, ali bem pertinho de Lisboa.
O Palácio Real de Queluz, em Sintra, é um dos monumentos de Portugal que melhor nos ajuda a entender a vivência intimista da corte portuguesa no século XVIII, dando-nos a conhecer a forma como o poder real se afirmava nessa época.
Tanto no seu interior como nos jardins, pode-se observar um conjunto monumental com influências que vão do barroco ao neoclássico, passando pelo rococó, com traços muito semelhantes aos de diversos palácios franceses e italianos dessa altura.
Construção do Palácio Real de Queluz
O Palácio Real de Queluz foi mandado construir por D. Pedro III, a quem se deveu a ordem de ampliar um edifício já existente (o chamado Paço Velho), passando a dar-lhe uma envergadura de Palácio Real. Assim, D. Pedro III passou a dedicar a Queluz uma atenção muito especial que só terminaria com a sua morte.
Até receber a sua forma atual, o Palácio passou por 3 fases de construção:
- A primeira fase, entre 1747 e 1758, esteve debaixo da alçada de Mateus Vicente de Oliveira e consistiu na transformação do Paço Velho em Paço Real.
- A segunda fase, entre 1760 e 1786, começou também com Mateus Vicente de Oliveira, mas este viria a ser substituído pelo francês Jean-Baptiste Robillion. Este acrescentou ao projeto a chamada Ala Poente do Palácio, com a Sala dos Embaixadores e o Pavilhão Robillion.
- A terceira e última fase, entre 1786 e 1792, teve como arquiteto a Manuel Caetano de Sousa, responsável por algumas alterações à Ala Poente e pela construção do Pavilhão D. Maria. Mais tarde, D. João, o Príncipe Regente, incumbe Manuel Caetano de Sousa da construção da Torre do Relógio e o edifício do atual quartel.
História do Palácio Real de Queluz
Durante o reinado de D. Maria I e D. Pedro III, o Palácio Real de Queluz era usado como Palácio de Verão, ao qual a Corte acorria para os festejos de S. João e de S. Pedro. Além das festas religiosas, era aí que se celebravam também os aniversários reais. A presença da família real representava assim uma época áurea ao nível da cultura em Queluz, ocupando a música um papel central, sendo que antes da construção da Casa da Ópera (1778), era no Palácio Real de Queluz que se tocavam óperas e serenatas, na sua grande maioria inspiradas na mitologia clássica.
Com a morte de D. Pedro III, estas festas musicais passaram a realizar-se em Lisboa, no Teatro S. Carlos, ao qual era normal acorrer a Família Real. Ainda assim, o Palácio continuou a ser um local privilegiado como residência de Verão até às invasões francesas, altura em que D. João VI decidiu exilar-se no Brasil.
Durante as invasões francesas, o Palácio começou a ver-se despido das suas pratas e móveis, que eram daí retirados para serem utilizados em outros palácios que serviam de residência em Lisboa. Ainda assim, quando o General Junot visitou o Palácio Real de Queluz, em Dezembro de 1807, decidiu que esta passaria a ser a residência oficial de Napoleão em Portugal. No entanto, esta ambição de Junot nunca se viria a concretizar já que a ocupação francesa foi breve. Ainda assim, o Palácio foi alvo de saques e pilhagens por parte dos exércitos invasores que praticamente despiram o seu interior.
Após regressar do Brasil, a família real viria a ocupar novamente o Palácio de Queluz. Mas a morte de D. Pedro IV no Quarto D. Quixote, viria a revestir-se de um tão grande simbolismo que levaria a família real a deixar de vez o Palácio Real de Queluz, vindo este a ser cedido ao Estado Português por D. Manuel II, o último rei de Portugal.
O Palácio Real de Queluz recebeu a qualificação de monumento nacional em 1910 e atualmente está aberto ao público para visitas normais ou guiadas.