Abrindo as atividades do Congresso Brasileiro de Agências de Viagens e Feira das Américas – Abav 2011, o antropólogo Roberto DaMatta realizou uma apresentação sobre “Ética no Poder – A História, Cultura e o Comportamento do Brasileiro”. Em sua exposição, DaMatta, que também é professor e escritor, analisou o perfil e o comportamento do brasileiro com foco no turismo.
“As viagens podem nos levar a grandes dissonâncias culturais. Por isso, é fundamental conhecermos o perfil do brasileiro. Somos frutos de uma sociedade aristocrática e com pouca consciência de igualdade”, afirmou o antropólogo.
Para ele, o que liga a antropologia ao turismo é o papel social dos indivíduos. Segundo ele, alguns papéis sociais são previamente distribuídos, como no caso de gênero, e outros são adquiridos ou escolhidos ao longo da vida. “O individuo escolhe o papel de turista. Ele decide sair – dar uma pausa – da sua rotina, do seu cenário de identidade tradicional para conhecer outros cenários.”
Segundo DaMatta, a identidade de um individuo é construída por influência do contexto ou por oposição. Um exemplo de oposição é o contraste cultural entre os Estados Unidos e o México, países vizinhos que não compartilham de muitos valores de identidade, ambos apresentando gastronomia, os hábitos e a cultura são totalmente diferentes.
“Encontramos a mesma dissonância dentro de um mesmo país. O Brasil é um ótimo exemplo disso. Temos que enxergar essas multiplicidades culturais como oportunidades. Todos os indivíduos têm o seu lugar num mundo sem dissonâncias, mas são elas que permitem a existência do turismo”, acredita ele.