Pela primeira vez visitando as terras do Alentejo, tendo como base a cidade de Évora, estive fazendo passeios realmente incríveis, que mais tarde vou contar para você. Mas hoje eu vou falar sobre um dos lugares mais visitados da cidade e também um dos mais curiosos que eu conheci aqui por Portugal.

Embora muitas pessoas estejam divulgando que a Capela dos Ossos possui um clima pesado, macabro demais, durante esta visita eu tive a prova de que realmente nada disso é fato.

O lugar tem sim uma decoração peculiar, que não foi feita de forma aleatória, mas sim de forma que fizesse a humanidade pensar na transitoriedade da vida. Muitos turistas se esquecem que ao entrar na Capela dos Ossos estão visitando um lugar sagrado e por conta disso, não tentam realmente compreender as razões da construção desta Capela que, por acaso, hoje se tornou sim uma atração turística, mas não perdeu de forma alguma a sua função religiosa.

Sobre a porta de entrada, em mármore, estilo clássico, está a seguinte inscrição, destinada pelos frades à meditação dos visitantes: NÓS OSSOS QUE AQUI ESTAMOS, PELOS VOSSOS ESPERAMOS. Foto: Naira Amorelli

Uma das explicações para a construção desta capela tem a ver com o fato da cidade ter necessidade em crescer e os cemitérios existentes no interior das muralhas estarem superlotados, pois em pleno século XVI, existiam, na região de Évora, quarenta e dois cemitérios monásticos.

Por essa mesma razão, os monges franciscanos resolveram pensar numa solução, no mínimo criativa, embora possa ser considerada bastante sinistra. Decidiram retirar os esqueletos da terra e usá-los para construir e decorar uma capela.

Em frente ao altar, à direita está o túmulo de mármore dos três frades fundadores deste convento. À frente do altar, o túmulo do Bispo D.Jacinto Carlos da Silveira, assassinado pelos soldados de Napoleão, durante as invasões francesas, em 29 de Julho de 1808. Foto: Naira Amorelli

A ideia, não só resolveria o problema em questão, mas também, iria transmitir uma mensagem à população sobre a transitoriedade e fragilidade da vida humana, uma teoria crescente na celebração da morte que ganhou força na época barroca.

Os monges acreditavam que esta estrutura iria atrair devotos, mas sobretudo muitos curiosos. Calcula-se que a Capela dos Ossos, como foi chamada, seja composta por mais de cinco mil ossos, entre crânios, vértebras, fêmures e outros que foram ligados com cimento pardo e estão dispostos pelas paredes, teto, colunas e mesmo no exterior.

Construída na primeira metade do século XVII, a Capela dos Ossos é um convite à reflexão sobre a transitoriedade da condição humana. Foto: Naira Amorelli

Construída no início do século XVII – no local que era, anteriormente, um dormitório e sala de reflexão dos frades -, a Capela dos Ossos é constituída por três naves, cada um com 11m de largura e 18,70m de comprimento. A luz entra estrategicamente no espaço através de pequenas frestas, as abóbadas, feitas de tijolo rebocado a branco, foram pintadas com motivos que simbolizam ou que fazem alusão à morte.

A decoração do teto, datada de 1810, cheia de símbolos, alegorias e citações da Sagrada Escritura, acrescenta-lhe a afirmação de uma outra vida no esplendor da glória de Deus. Foto: Naira Amorelli

A Capela dos Ossos é um monumento de arquitetura penitencial dedicado ao Senhor dos Passos ou Senhor Jesus da Casa dos Ossos, uma imagem muito conhecida entre os habitantes da cidade de Évora que choca pela forma verdadeiramente expressiva com que representa a caminhada de Cristo para o calvário e o sofrimento do seu percurso com a cruz às costas.

A prática da construção de capelas dos ossos em Portugal, aconteceu entre os século XVI ao XIX. Atualmente existem ainda nove capelas, distribuídas entre o Alentejo e o Algarve. Sendo a mais antiga a capela dos ossos de Évora e a segunda mais antiga a de Campo Maior, situada junto à Igreja de Nosso Senhor do Calvário. Esta última foi construída após um incêndio no paiol do castelo causado por um raio e que segundo os cronistas, dizimou dois terços da população local em 1732. Em memória das vítimas foi construída a Capela dos Ossos em 1766.

O interior, de três naves, com as paredes e as colunas completamente revestidas de ossos humanos conserva o ambiente de penumbra trágico de uma cripta. Foto: Naira Amorelli

Em Monforte, encontra-se uma outra capela, anexa à Igreja de Santa Maria da Graça, e em Faro existem mais duas que ladeiam, o antigo cemitério privado da Igreja de Nossa Senhora do Monte do Carmo. Mais recente é a Igreja de São Sebastião em Lagos (Algarve), praticamente desconhecida dos habitantes locais é a de Alcantarilha em Silves (Algarve), construída na igreja de Nossa Senhora da Conceição. Existem duas menores, uma anexa ao claustro da Sé de Faro e outra junto à matriz de Pechão, no concelho de Olhão.

A Capela dos Ossos está situada na Igreja de São Francisco, na Praça 1º de Maio 4, em Évora, Portugal e funciona todos os dias exceto: 1º de Janeiro; Domingo de Páscoa; 24 de Dezembro à tarde e 25 de Dezembro.

Horário

VERÃO (1 de Junho a 30 de Setembro)
9:00 às 18:30 (última entrada)
INVERNO (1 de Outubro a 31 de Maio)
9:00 às 17:00 (última entrada)

Preço

O ingresso é único com direito a visitação à Capela dos Ossos, o Núcleo Museológico e a Coleção de Presépios.
ADULTO: 4,00€
JOVEM – até aos 25 anos: 3,00€
SENIOR – maiores de 65 anos:3,00€
FAMÍLIA – dois adultos + jovens: 10,00€

Naira Amorelli viajou para Portugal em press trip organizada pelo Portal de Portugal e Embarque na Viagem. Esta ação conta com o patrocínio do Cidadania Já – empresa de consultoria que busca ajudar os descendentes de portugueses a adquirirem a dupla cidadania portuguesa. E apoio do Mysimtravel – chip internacional que te deixa conectado durante a viagem com toda a segurança e economia que você precisa – e Assist Trip, assistência de seguro viagem assegurada pela Zurich e mais nova marca a integrar o portfólio da Seguros Promo.