Brasil Eco Fashion Week é um dos eventos que destacam a importância da moda sustentável, proporcionando um espaço para debate
Nos últimos anos, o universo da moda tem trabalhado de diversas formas para ficar mais alinhado com os movimentos de sustentabilidade. A busca por um mercado com o mínimo de impacto ambiental, com prioridade para o uso de matéria-prima de origem positiva para o meio ambiente, trabalhadores bem remunerados e linha de produção verde são algumas das exigências cada vez mais crescentes por parte dos consumidores e da sociedade em geral, criando a necessidade de que as marcas se posicionem cada vez mais sobre o assunto.
Seguindo essa linha, aconteceu, de 18 a 28 de novembro, a 4ª edição da Brasil Eco Fashion Week, evento focado na sustentabilidade e inovação no mundo da moda. Por conta da pandemia causada pelo novo coronavírus, a programação precisou ser adaptada para o formato online – uma novidade em relação aos anos anteriores. Com o tema “Conectar para Regenerar: Moda e Planeta”, a BEFW contou com desfiles, workshops, painéis de conteúdo e outras atividades sobre o tema, criando um espaço de reflexão e celebração.
No total, 19 marcas – representando as cinco regiões do Brasil – apresentaram suas coleções no evento, destacando como a moda sustentável pode se adequar a diferentes ambientes de forma versátil e com muita personalidade. Com um viés muito relacionado ao cuidado do meio ambiente, várias marcas apresentaram peças com tingimento natural e estampas feitas manualmente, matéria-prima a partir de materiais reciclados e tecidos de reuso, além de outras características que fazem toda a diferença.
A mão de obra de muitas das marcas também difere do que é visto em maioria no mercado. Libertées, de Belo Horizonte, por exemplo, trabalha com 100% de mão de obra feminina e carcerária, e parte do dinheiro das vendas das roupas é reinvestida na compra de material e oficina de artes da penitenciária. Outras marcas também têm projetos do tipo, com mão de obra feminina e enfoque cultural, conceito colaborativo e produções limitadas.
Por conta dos materiais usados nas confecções de roupas e calçados femininos e masculinos, é possível notar que a paleta de cores das marcas conta, majoritariamente, com tons terrosos e com saturação menor do que os encontrados em peças com outros tipos de tingimento. O aspecto, entretanto, dá às peças um toque minimalista e bem acabado. Nesse meio, o slow fashion é regra, e as produções são o oposto de roupas feitas em massa.
Além dos desfiles, os painéis também serviram como espaço para discussões mais diretas sobre consumo, moda e sustentabilidade. Cooperação entre indústrias da moda e alimentação, empreendedorismo e igualdade racial e moda como movimento colaborativo foram alguns dos temas debatidos. Os workshops oferecidos durante o evento também tiveram como tema principal essas questões, mas voltadas para a criação e os ensinamentos práticos.