Dicas & Destinos

Cinco cidades para você se sentir na Europa sem sair do Brasil

Do Rio de Janeiro ao Rio Grande do Sul, climas frios e municípios que receberam imigrantes oferecem uma atmosfera europeia ao interior brasileiro

Segundo a Organização Mundial do Turismo (WTO) da ONU, 1,2 bilhão de turistas internacionais circularam ao redor do globo em 2016, um crescimento de 4% se comparado com o ano anterior, quando cerca de 1,1 bilhão de pessoas saíram de seus países para conhecer outros pelo mundo.

Dos dez países mais procurados pelos turistas, seis estão no continente europeu. A França encabeça o ranking com 82,6 milhões de visitas registradas durante aquele ano, seguida pela Espanha, na terceira posição (75,6 milhões de turistas); a Itália, na quinta posição (52,4 milhões); a Grã-Bretanha, no sexto lugar (35,8 milhões); a Alemanha, em sétima (35,6 milhões); e a Áustria (28,1 milhões) em último.

No entanto, não é preciso cruzar o continente para conhecer alguns dos elementos que fazem da Europa um destino tão comum entre os turistas brasileiros. No nosso país, várias cidades guardam memórias, aspectos e até o espírito do modo de ser europeu — seja por causa da imigração holandesa, da colonização portuguesa ou mesmo do clima frio. A seguir, sugerimos cinco delas.

Morretes – Paraná

Localizada na Serra do Mar entre Curitiba e Paranaguá, no Paraná, a pequena cidade de Morretes é famosa por seu prato típico: o barreado. Originalmente uma iguaria portuguesa, a receita foi modificada ao longo da história por italianos e por índios da região. Hoje, a cidade vive em torno do preparo do prato.

Por sua posição geográfica, Morretes é tão ou mais fria que Curitiba, uma das capitais mais frias do Brasil. O clima não passa dos 21°C, mas há registros de dias com até 8°C. O caminho é geralmente feito a partir da capital paranaense, onde há duas formas interessantes de chegar: por trem – uma viagem de cinco horas – ou por carro, pela Estrada da Graciosa, uma das mais bonitas do país.

Além do barreado e do charme da estação de trem e da estrada, Morretes é também um destino histórico: fundada em 1721, ela só se tornou cidade em 1841, quando já era rota dos aventureiros paulistas em busca de ouro, o que fez com que progredisse economicamente e abrigasse a construção de grandes casarões, até hoje intactos. Tudo se passa como se os visitantes estivessem em uma pequena cidade do interior de Portugal.

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Joinville – Santa Catarina

Maior cidade catarinense – inclusive, superior à capital, Florianópolis –, Joinville oferece, além do clima frio, uma aura europeia. Como foi destino de muitos imigrantes alemães no início do século XX, muitas construções e até mesmo a cultura local foram influenciadas pelo ponto de vista germânico. Suíços e noruegueses já tinham se estabelecido na região no século anterior.

Apesar da inclinação alemã, Joinville também é conhecida como “Manchester brasileira” por causa das suas variadas indústrias e por seu clima predominantemente chuvoso. Em alguns períodos do ano, acontecem geadas e até neve já foi registrada na cidade. A única coisa que rompe com o clima nublado são as floriculturas de Joinville, sempre repletas de flores de todas as fazendas de cultivo do Sul do país.

Por ser uma região também cercada de propriedades rurais, alguns passeios incluem andar de cavalo, enquanto outros, mais urbanos, dão preponderância aos cafés, bares e restaurantes do município, que também tem uma vida noturna mais agitada. Ideal para casais sozinhos que desejam sair da rotina.

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Petrópolis – Rio de Janeiro

Sede do palácio imperial brasileiro durante o período de D. Pedro II, a cidade localizada na Serra Fluminense (70 km da capital) é repleta de reconhecimentos distintos: é a sexta cidade mais segura do país, a mais populosa da região serrana e possui o maior IDH do Rio. Por tudo isso, foi morada de presidentes brasileiros desde Prudente de Morais até Getúlio Vargas, quando a capital nacional ainda era o Rio de Janeiro.

Hoje, Petrópolis atrai turistas não apenas pelas construções imperiais, mas também pelo clima frio: em junho, a temperatura mínima é de 9°C e a máxima não passa dos 23°C, com uma sensação diminuída pelo chuvisco constante. Foi justamente a temperatura que atraiu a família imperial brasileira para a região – era semelhante à da Europa.

Durante o inverno são organizados alguns eventos na cidade, como o Bauernfest, de origem alemã. As visitações mais buscadas, no entanto, são o Museu Imperial, o Palácio Quitandinha e o Teatro D. Pedro.

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Não-me-toque – Rio Grande do Sul

Entre as cidades do Rio Grande do Sul de imigração holandesa, Não-Me-Toque é conhecida como “colônia de refúgio” por causa da chegada dos holandeses ao Brasil, na mesma época em que desembarcaram também em Holambra, no interior de São Paulo.

Assim que chegaram a Não-me-toque, os holandeses encontraram um vilarejo já habitado por imigrantes alemães e italianos que estavam ali desde o começo do século. No entanto, a imigração holandesa foi um divisor de águas em sua história: após adquirirem as terras desgastadas dos alemães, estabeleceram modernas empresas agrícolas, além de diversificarem a produção de soja e trigo com o cultivo de flores. Atualmente, é possível perceber – na arquitetura, atividades econômicas e modos de vida de Não-Me-Toque – a influência holandesa marcante.

A região de Porto Alegre, na qual se localiza Não-Me-Toque, é líder no estado em termos de consumo e produção de flores e plantas ornamentais. De acordo com o “Mapeamento e quantificação da cadeia de flores e plantas ornamentais no Brasil”, elaborado por uma série de entidades do setor e lançado em 2015, o Rio Grande do Sul encontra-se acima da média nacional, em termos de consumo, graças a essas regiões. Alcançou, a despeito dos números relativamente reduzidos em termos de tamanho e população, o terceiro lugar no ranking dos consumidores, atrás apenas de São Paulo e Distrito Federal, respectivamente.

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Foto: Jonne Roriz/VEJA

Holambra – São Paulo

Hoje considerada a capital brasileira das flores, a cidade de Holambra (134 km de São Paulo) era uma imensa fazenda de imigrantes holandeses até meados dos anos 1980, quando o crescimento dos habitantes e da estrutura urbana deram início aos primeiros movimentos de emancipação de Jaguariúna.

Até então, mesmo sendo uma das principais floriculturas de São Paulo a céu aberto, era ainda desconhecida não apenas pelos consumidores de flores da metrópole, mas pelos roteiros turísticos do interior paulista. De lá para cá, no entanto, foi se tornando um dos municípios mais visitados do estado por casais, excursões e turistas casuais de fim de semana.

A relação de Holambra com as flores se explica em duas datas: a primeira é o ano de 1948, quando o governo holandês encontrou no Brasil um lugar considerado apropriado para enviar remessas de agricultores que haviam perdido suas terras e posses durante a Segunda Guerra Mundial. Como os outros países do projeto não viam com bons olhos a chegada de colonos católicos – casos do Canadá e da Austrália -, foi para o território brasileiro que se destinou a maior parte desses camponeses.

A segunda data é o ano de 1981, quando os membros da Cooperativa Agropecuária Holambra resolveram criar um evento para mostrar aos visitantes da região as técnicas de arranjos florais, o cultivo das flores com tecnologia holandesa e o paisagismo característico do país europeu. Organizada nas instalações da própria cooperativa, ela reuniu cerca de 12 mil visitantes – um sucesso para a época.

No começo dos anos 1990, já relativamente famosa em São Paulo, a festa chegou ao país por meio de uma intensa campanha publicitária com o slogan “Uma festa tipicamente holandesa”, que conseguiu juntar 150 mil pessoas. De lá para cá, a tendência turística de Holambra só aumentou, sempre concentrada no mercado das floriculturas.

Em 1998, a Embratur declarou que a cidade é uma estância turística, o que garante uma série de dispositivos legais para incentivos à arena turística, e, em 2009, por meio de um projeto do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a cidade investiu recursos estatais para fortalecer a marca da exposição, que é inspirada na FloraHolland, organizada anualmente em Amsterdã – a capital mundial das flores.

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