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Turistas brasileiros em Portugal: histórias que parecem piada mas não são

Todo mundo sabe o quanto sou apaixonada por Portugal e o quanto amo viajar para a terrinha. Toda vez que estou por lá, acabo me deparando com situações engraçadas. Algumas tantas são provocadas por mim mesma (afinal, sou a pessoa mais desligada do mundo, segundo meus amigos), outras situações eu acabo presenciando e me divertindo, claro. Obviamente, grande parte é protagonizada por brazucas, que na confiança da língua acham que tudo é igual, cá e lá. Na verdade não é bem assim…

Veja abaixo um artigo muito engraçado que encontrei na Vortex Magazine que fala exatamente sobre essas pegadinhas e divirta-se como eu me diverti.


Cada vez recebemos mais turistas do país irmão mas por vezes a comunicação provoca situações caricatas. Histórias de turistas brasileiros em Portugal.

Atenção: esta publicação serve apenas para ilustrar confusões de comunicação e diferenças culturais. Não tem como objetivo fomentar a discórdia nem provocar conflitos e deve ser lida com muito humor!

Portugal recebe cada vez mais turistas do nosso país irmão, o Brasil. Chegam muitas vezes à procura das suas raízes e da terra de que falavam os seus antepassados. Mas embora falemos a mesma língua, por vezes surgem algumas falhas na comunicação ou diferenças culturais que podem originar situações caricatas. Veja alguns exemplos.

Café?, por Nina Paduani

Meus pais e meus tios estão em Lisboa. Vão ao restaurante almoçar. No final, o garçom pergunta:
—Café?
Meu pai:
— Um, por favor.
Meu tio:
— Dois!
Minha tia:
— Três!
Passam alguns minutos e lá vem o garçom.
Com seis cafés.

Como vem o bife?, por Giuliana Miranda Santos

Querendo me informar mais sobre os acompanhamentos de um dos pratos de um restaurante em Alfama, perguntei ao garçom:
— Mas como vem esse bife aqui?
Ele prontamente me respondeu:
— Alguém o traz da cozinha!

Leitão à bairrada, por Claudio Eduardo

Uma vez fui a um restaurante de um prato só que servia leitão à bairrada:
— Oi, como é o leitão à bairrada?
— Ora, não sabes o que é um leitão?
— Sim, mas o que é à bairrada?
— A região onde estamos.

Pasteizinhos de Belém, por Raphael Delorme Magalhães

Meu padrasto estava em um ônibus em Portugal com a família e viram em um outdoor escrito algo como “Pasteizinhos de Belém, desde 1920” e uma foto dos pasteizinhos.
Ele comentou com a família, brincando:
— Olha, gente! Desde 1920!
No que uma senhora portuguesa interrompeu:
— Me perdoem, mas aqueles já foram comidos, chegando lá vão encontrar outros fresquinhos.

Me traz aquele, por Nelio Costa

Um cliente estava indeciso sobre o que pedir. Viu um garçom passando com um prato que o agradou e falou para o que o atendia:
— Pode me trazer aquele.
A resposta do garçom:
— Não será possível porque aquele já é do senhor da mesa ao lado.

O prato de Fernando Pessoa, por Oniodi Gregolin

Minha amiga estava almoçando no mesmo restaurante que Fernando Pessoa frequentava assiduamente. Como ela é formada em letras, com mestrado em literatura, estava mais interessada nas histórias do lugar do que na culinária. No momento de escolher, chama o garçom e pergunta qual era o prato preferido de Fernando Pessoa. Sem pestanejar, ele responde:
— Já quebrou-se há muito tempo

Um táxi, por Marcelo Negromonte

Estávamos num hotel em Lisboa e descemos pra fumar. Decidi ir até a recepção pra pedir um táxi. Perguntei à funcionária:
— Por favor, você poderia chamar um táxi pra mim?
A funcionária disse que sim, continuou a fazer o que estava fazendo e não chamou o táxi. Daí eu percebi que estava dentro da piada. Voltei pra fora pra rir um pouco com minha amiga e voltei novamente pra recepção, como se nada tivesse acontecido. Claro que ela poderia chamar um táxi, não havia nada que a impedisse de fazê-lo. Daí eu falei:
— Eu preciso de um táxi agora.
E ela:
— Pois não, senhoire.
E ligou pro táxi. Fim.

Você sabe? Por Ney Hayashi da Cruz

Um dia em Lisboa eu parei um sujeito na rua e perguntei: “O senhor sabe como chegar no castelo de São Jorge?” Ele respondeu “sei!” e continuou andando.

Foto, por Camila Martins
Meus tios estavam passeando em Portugal e pediram a um senhor:
— Por favor, pode tirar uma foto?
— Claro!
Foi lá e abraçou a minha tia posando pra foto.

Passa no aeroporto?, por Braulio

Eu estava saindo do hotel e perguntei a alguém:
— Esse ônibus parado aí passa no aeroporto?
O cara responde:
—Não, passa em frente a ele.

Me vê dois, por Sofia

Uma vez eu pedi no balcão de uma confeitaria:
— O senhor me vê dois pasteis de Belém?
O cara foi, olhou e não pegou nada.
Eu perguntei:
— Os meus pastéis de Belém?
E ele:
— Ah, a senhora quer que eu lhe dê dois pasteis? Porque só me pediu que visse.

Londres é aqui? Por Felipe Cortez de Sá

Um dia eu estava no aeroporto em Lisboa e ia pegar uma conexão para Londres. Perguntei a uma senhora que trabalhava no aeroporto: “Londres é aqui?”. Ela disse “aqui é Lisboa” e riu.

Na mesa, por Danilo Cabral

Fui numa doceria no Porto e perguntei para o garçom:
— Posso pedir aqui no balcão ou pode sentar na mesa?
Ele:
— Prefiro que você sente na cadeira mesmo.

Aquela caixinha, por Julia Wiltgen

Fui comprar pastéis de Belém no local onde eles são fabricados. Lugar lotado, balconistas concentrados, atendendo todo mundo super rápido e com muita seriedade. Os pastéis de Belém vêm (ou pelo menos vinham) numa caixinha sextavada de papelão. Eu e minha mãe nos aproximamos do balcão e ela pergunta a um dos atendentes:
— Os pastéis de Belém são aquela caixinha?
O balconista responde:
— Não, senhora, é o que tem dentro!
Ele continuou os atendimentos super sério e eu e minha mãe caímos na gargalhada.

Posso estacionar? Por Filipe Teixeira

Num bar no centro histórico de Lisboa, uma brasileira entra e pergunta:
— Posso estacionar aqui na frente?
O balconista responde:
— Claro que pode. Só corre o risco de levar uma multa.

Língua, por Marion Coting Braga

Minha tia estava com uma amiga no restaurante. O garçom criou coragem e indagou:
— Que língua estás a falar que estou entendendo tudo?

Mas qual é a explicação para essas histórias?

Alguns brasileiros e portugueses dão a sua explicação:

Eu tive um professor de lógica que estudou por um tempo em Portugal e um dia ele disse à turma que português não é burro, e sim ‘lógico’. Depois que ele disse isso eu passei a ouvir essas histórias pensando de outro jeito.

A portuguesa Inês Azevedo levantou duas hipóteses:

Perdoem-me, mas nunca vi nada do gênero em tempo real, parece que só acontece na comunicação entre portugueses e brasileiros. O erro está em pensarmos que somos a mesma língua quando na prática não é bem assim. Também ponho a hipótese de que muitas vezes possa ser o humor português a atacar, é bem irônico e subtil, quando não se está familiarizado com a cultura não se distingue quando é brincadeira ou não.

Ana Luisa Prado, também portuguesa, ofereceu seu ponto de vista sobre a história dos cafés:
Como portuguesa te digo que considero esta história perfeitamente possível e compreensível. Porque em Portugal não é comum que se faça pedidos dessa forma. Normalmente cada um diz o que quer, o garçom que faz a soma. E a ele não cabe julgar se alguém quer encher-se de café ou não. Ele vai te dar exatamente o que pedires, mesmo que considere teu pedido um tanto estranho. É verdade, somos bem mais literais que os brasileiros!

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