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O palácio mais antigo de Portugal

Este já foi o Palácio mais antigo de Portugal e agora é um templo do ensino e do saber. Descubra a fantástica história secular do Paço das Escolas, em Coimbra.

Nós sempre publicamos dicas para ajudar em suas viagens pra todo canto do mundo, isso é obvio. Mas você já notou o quanto somos apaixonados por Portugal? Sempre trazemos um conteúdo todo especial sobre esse país que tanto amamos. Hoje, vamos falar um pouco sobre um dos mais belos prédios portugueses que visitamos, e que está enraizado na história do país. Tive a honra de poder conhecer todas as instalações da Universidade de Coimbra, em minha primeira visita, no ano de 2014. Na ocasião, fui recebida pelo então vice diretor da Biblioteca Joanina, que me conduziu a um passeio totalmente exclusivo pelo interior, tendo acesso até mesmo a documentos raríssimos. Você poderá conferir neste link aqui como foi esta visita. Hoje, vou falar um pouco mais sobre a história deste lugar incrível. Vem comigo nesta viagem para  o belíssimo Paço das Escolas?

Antes de mais nada, convém esclarecer os nossos leitores sobre as várias designações que se podem dar a um palácio. Geralmente, são utilizadas as designações paço ou palácio. Ao termo “palácio” associa-se normalmente um edifício suntuoso, de grande luxo e dimensão, onde vivia a família real. O termo “paço” é normalmente utilizado para edifícios menores e, por vezes, a edifícios onde o Rei teria dormido pelo menos uma vez ou até para designar a residência dos bispos.

Por isso mesmo, quando falamos de Palácios, não podemos esquecer os Paços, dado que alguns destes podem também ter sido, temporariamente ou definitivamente, residências reais.

Assim sendo, o Palácio mais antigo de Portugal fica em Coimbra e é o chamado “Paço das Escolas”, que hoje faz parte da Universidade de Coimbra. Foi edificado ao longo de várias centenas de anos, tendo sido Paço Real desde o reinado de D. Afonso Henriques até ao século XVI.

A construção original, a Alcáçova (palácio fortificado onde vivia o governador da cidade no período de domínio muçulmano), foi edificada sob as ordens de Almançor em finais do século X. A partir de 1131, o Paço Real da Alcáçova seria habitado por D. Afonso Henriques, tornando-se no primeiro paço real do país. Foi aqui que nasceram praticamente todos os Reis da primeira dinastia.

A partir do reinado de D. Dinis o Paço é progressivamente abandonado, até ao séc. XVI (reinado de D. Manuel I), quando é iniciada uma grande reforma dos edifícios. Em 1544, já no reinado de D. João III, seria aí instalada a totalidade das faculdades da Universidade de Coimbra. Após aquisição a D. Filipe I, em 1597 o antigo Paço da Alcáçova passou a pertencer à Universidade tomando finalmente a designação de Paço das Escolas.

O Paço das Escolas engloba vários edifícios emblemáticos, acrescentados ao Paço original ao longo de vários séculos, entre os quais se pode destacar a Biblioteca Joanina, a sala dos capelos, a sala do exame privado e a capela de São Miguel.

Biblioteca Joanina

A Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra, que substituiu a antiga Casa da Livraria Universitária, deve o seu nome ao monarca que a mandou erigir em 1717. D. João V, o Magnânimo, ficou conhecido como o grande patrono da cultura, da ciência e das artes, e esta biblioteca é o testemunho notável da política cultural do rei.

No pórtico do elegante edifício, com quatro colunas de estilo jónico, destaca-se o majestoso escudo real, barroco, traduzindo o espírito de magnificência característico do mais auspicioso reinado da história de Portugal.

Capela de São Miguel

A Capela da Universidade de Coimbra – Capela de São Miguel – remonta ao século XVI, provavelmente construída sobre uma antiga capela do século XII, de estilo Manuelino. O edifício atual é o resultado de trabalhos dirigidos por Marcos Pires e terminados por Diogo de Castilho.

A capela passou por pequenas reformas nos séculos XVII e XVIII. A Real capela dedicada a São Miguel foi a sede da Confraria de professores e alunos sob a invocação de Nossa Senhora da Luz. A sua estrutura arquitetônica é manuelina, estilo decorativo visível nas enormes janelas da nave central e no arco cruzeiro.

Sala dos Capelos

Antes da instalação definitiva da Universidade no antigo Paço Real de Coimbra e da sua transformação em Paço das Escolas, a atual Sala dos Capelos foi Sala do Trono, e onde se deu a aclamação de D. João I de Portugal como Rei.

Quando a partir de 1544 aquele palácio aglutinou todas as Faculdades da Universidade de Coimbra, a qual se instalara definitivamente na cidade em 1537, a antiga Sala do Trono passou a ser usada para as mais importantes cerimônias da vida acadêmica.

Sala do Exame Privado

Esta sala era parte integrante do antigo Palácio Real, sendo este o local onde o monarca pernoitava. Seria depois a Sala do Exame Privado (o Exame Privado era um ato solene e noturno onde, à porta fechada, se fazia a prova de licenciatura). É aqui que ainda hoje decorre a cerimônia de Abertura Solene das Aulas.

A configuração da Sala do Exame Privado resulta da remodelação de 1701 (levada a cabo pelo mestre de obras da Universidade, José Cardoso). A decoração inclui um lambril de azulejos executados por Agostinho de Paiva, e um conjunto de pinturas retratando antigos reitores. A pintura do teto foi obra de José Ferreira Araújo.

Um pouco da história de Coimbra

A cidade foi fundada por Romanos na idade média e ocupada por árabes. Aqui nasceu Portugal como nação no século XII. Aliás, aqui nasceram seis reis portugueses.

Considerada uma das mais importantes cidades portuguesas, especialmente por conta de sua localização geográfica – Coimbra fica bem no centro da extensão territorial de Portugal – a cidade que era controlada pelos mouros foi tomada por D. Afonso Henrique que iniciou a expansão de Portugal para o sul. Coimbra foi capital de Portugal até o século XIII.

Durante a ocupação dos Mouros, a cidade foi um importante entreposto comercial. Após a reconquista, Coimbra renasce e torna-se a mais importante cidade abaixo do Rio Douro.

Coimbra é como um livro de história esperando ser “devorado” pelos apaixonados por sua história e tradição.

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