Conhecida como a cidade das sete colinas, a capital portuguesa e seus moradores convivem com o simbolismo dos altos montes, que proporcionam aos turistas uma visão intimista dos bairros e do cotidiano dos lisboetas.
Reza a lenda que Lisboa nasceu como Roma, por entre sete colinas. Cada uma tem histórias para contar e, lá do alto, os seus miradouros revelam as lendas da cidade.
Curioso, o número sete. Sete os pecados mortais, as maravilhas do mundo antigo, as grandes inclinações que rodeiam Roma e Lisboa.
Mesmo com dados que demonstram que aproximadamente 70% da superfície de Lisboa é formada por declives baixos, a capital de Portugal tem em seus enormes morros e encostas alguns dos símbolos mais marcantes da cidade. Ainda no século XVII, o Frei Nicolau de Oliveira fez a primeira referência sobre as sete colinas de Lisboa, descritas na publicação “O Livro das Grandezas de Lisboa”. As sete grandiosas colinas do São Jorge (ou Castelo), São Vicente, Sant’Ana, Santo André, Chagas, Santa Catarina e São Roque, podem ser vistas por aqueles que chegam à cidade pelo rio Tejo, e algumas delas são visíveis durante o extenso trajeto do famoso Elétrico 28, o tradicional bonde lisboeta.
As colinas de Lisboa desafiam a todos os turistas a subir rumo aos pontos mais altos da capital, para ver de cima a essência de Lisboa, sua história, seus monumentos, seus bairros e seus habitantes. Conheça de perto as sete colinas de Lisboa:
São Jorge ou Castelo
A Colina de São Jorge é a mais alta de Lisboa. A encosta é também chamada de Colina do Castelo, em referência ao monumental Castelo de São Jorge, que fica em seu topo, onde se pensa que terá aparecido o povoado que deu origem a Lisboa.
Esta fortaleza resistiu a anos de batalhas: em 1147, os cavaleiros de D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, investiram contra as muralhas durante 3 meses para reconquistar Lisboa aos mouros.
Em modo de agradecimento ao santo padroeiro das cruzadas, o nome do castelo foi-lhe dedicado. Atualmente, a sua área ocupa o bairro da Mouraria, do Castelo e uma pequena parte do bairro de Alfama.
São Vicente
Em Alfama, um dos mais tradicionais bairros da cidade, encontra-se a Colina de São Vicente, que recebeu este nome como referência a um dos santos mais importantes da capital portuguesa. Do alto do monte os visitantes podem avistar o bairro de Alfama e o Mosteiro de São Vicente de Fora, que foi construído no local onde existia um templo em homenagem ao mártir.
É um dos santos mais marcantes da capital. Com a sua história vem a dos corvos que acompanharam a viagem do corpo até Portugal. De Valência a Lisboa, um dos guardiões com asas seguiu na popa e outro na proa. Tal é a importância desta lenda no imaginário português que foi adaptada ao brasão da cidade.
Sant’Ana
A Colina de Sant’Ana, a mais central da cidade, fica no bairro de Anunciada, a Oeste do Castelo de São Jorge, onde existia o antigo Mosteiro das Freiras de Nossa Senhora da Anunciada, e agora se localiza o Largo da Anunciada. O morro também é conhecido como a “Colina da Saúde”, pois após o terremoto de 1755, que causou destruição em diversas partes da capital, vários edifícios foram restaurados e alguns deles passaram a ter funções médico-hospitalares, como o Hospital de São José (antigo colégio de Santo Antão-o-Novo).
No século XIV, o rei D. Fernando ordenou a construção de uma muralha que condicionou a construção de casas e dos monumentos à sua volta.
Santo André (Graça)
Pertencente à Freguesia de São Vicente, a Colina de Santo André já serviu de instalação das tropas de D. Afonso Henriques, durante a Reconquista Cristã, que teve início no século VIII. Mais adiante algumas famílias da nobreza chegaram à região e adquiriram quintas nas quais foram construídas casas de campo. Depois esses estabelecimentos deram lugar a enormes palácios localizados nas calçadas da Graça e de Santo André e, também, no Largo da Graça. Atualmente, os turistas podem encontrar na colina os miradouros da Graça e da Senhora do Monte, que oferecem vistas exuberantes de Lisboa.
Pode seguir a inclinação desde a Graça até à calçada de Santo André. Num passeio pela região, os olhos mais atentos encontram vestígios de algumas das casas e palácios construídos há séculos por ali.
Chagas (Carmo)
A Colina das Chagas está localizada perto do Largo do Carmo e recebeu este nome devido estar próxima da Igreja das Chagas de Cristo. A igreja foi edificada pelos marinheiros que realizaram a rota da Índia e a enorme subida até a chegada ao Largo do Carmo inspirou a escolha do nome do santuário, por representar todas as dificuldades vividas pelos homens até chegarem ao seu destino.
Santa Catarina (Camões)
Localizada na Freguesia de Misericórdia, a Colina de Santa Catarina percorre a região do Largo de Camões até à Calçada do Combro. O ponto mais alto do monte abriga o Museu da Farmácia e o Miradouro de Santa Catarina. No local encontra-se uma estátua do mítico gigante “Adamastror” citado pelo escritor Luís de Camões, no livro “Os Lusíadas”. Santa Catarina, padroeira dos Livreiros, também era conhecida como Catarina de Alexandria e foi considerada uma notável intelectual do começo do século IV. É relatado em sua história que Catarina sofreu sob o domínio do imperador romano Maximino Daia, por ter escolhido se converter ao Cristianismo.
São Roque (Bairro Alto)
A Colina de São Roque está situada no famoso e agitado Bairro Alto. Ao subir pelo monte, os visitantes encontram o Miradouro de São Pedro de Alcântara, considerado um dos mais belos e visitados de Lisboa e, também, a Igreja de São Roque. O nome dado à colina refere-se ao santo padroeiro dos inválidos e dos cirurgiões. São Roque foi santificado pelo auxílio dado aos que sofreram com a grande peste negra que assolou a Europa no século XIV, matando inclusive a ele próprio.
Assim são as histórias das colinas de Lisboa. Ou melhor, parte delas. A verdadeira essência esconde-se por trás das suas enormes elevações, desafiantes de subir. Lisboa é uma cidade onde o profano e o espiritual andam de mãos dadas pelas ruas. Seja cético, espiritual ou crente, cabe a cada um aprender a ouvir aquilo que os santos, os miradouros, os bairros e os mistérios da cidade escondem.
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