Em 1904, quarenta e cinco anos após a sua morte, o corpo de São João Maria Vianney foi exumado e encontrado perfeitamente incorrupto. Até hoje, suas relíquias recebem as visitas de inúmeros peregrinos na cidade de Ars, interior da França.
O humilde padre francês do século XIX, que se tornou tão querido aos católicos no mundo inteiro, começou a vida em 1786, como filho de um pobre camponês, no vilarejo de Dardilly, na França. Durante a sua infância, São João Maria Vianney trabalhou como pastor e ajudante no campo, e não começou sua educação senão a partir dos 20 anos de idade. Enquanto estudava para o sacerdócio, foi convocado para o serviço militar e tornou-se um recruta desertor, sendo obrigado por um tempo a esconder-se para escapar da polícia de Napoleão.
Sem saber nada de filosofia e tendo dificuldades em aprender o latim, ele por duas vezes foi recusado nos exames requeridos para ordenação. Aos 30 anos, acabou sendo feito sacerdote, mas se julgava que seria tão incompetente, que ele foi colocado sob a direção do padre Balley, um santo sacerdote da vila vizinha de Ecully, para ser mais bem instruído. Após a morte desse bom sacerdote, o padre João Maria foi transferido para a pequena vila de Ars, onde passou o resto de seus anos sobre a terra.
Cura d’Ars levou uma vida austera, comendo os mais simples dos alimentos, usando roupas velhas e dormindo em uma cama dura. Era fato conhecido que as duas horas de sono a que ele se permitia todas as noites eram frequentemente interrompidas pelo demônio, que o tomava de assalto com sons ensurdecedores, conversas insultantes e abusos físicos. Essas visitas diabólicas eram ocasionalmente testemunhadas com apreensão pelos homens da paróquia, mas o piedoso cura encarava os ataques como rotina e, às vezes, até fazia piada deles.
Cura d’Ars possuía muito dons extraordinários, como o da cura e a habilidade de ler as mentes e os corações de seus penitentes. Foi esse dom em particular que fez a sua fama se espalhar em toda a França, conduzindo multidões de almas perturbadas a procurar a guia e a assistência do humilde padre que lhes conhecia os pecados secretos e o passado escondido.
O frágil cura começava a ouvir confissões a partir da 1h da madrugada, e o que se conta é que ele passava de 13 a 17 (sofridas) horas por dia confinado no abafadiço confessionário.
Completamente exausto pelos labores apostólicos e pelas penitências adicionais que infligia ao seu corpo macilento, o santo morreu em paz no dia 4 de agosto de 1859, depois de receber as consolações finais da religião católica. Quarenta e cinco anos depois, em 17 de junho de 1904, seu corpo foi exumado com vistas à sua beatificação e foi encontrado seco e enegrecido, mas absolutamente incorrupto. Apenas o seu rosto, que ainda era possível reconhecer perfeitamente, sofrera um pouco os efeitos da morte. Após removerem os seus órgãos internos, os sagrados despojos foram envoltos em faixas e depois revestidos com ricos ornamentos: uma túnica de seda branca, uma batina de seda preta, um roquete de ricos bordados e uma estola com flores de lis e rosas bordadas a ouro. Nos dedos enegrecidos foi entrelaçado um rosário de jaspe e o rosto coberto com uma máscara de cera, reproduzindo as feições do servo de Deus. A 2 de abril de 1905, ao ser apresentada, aos anciãos de Ars que haviam conhecido o pe. Vianney, a relíquia do seu corpo tal como hoje aparece aos olhos dos peregrinos, todos exclamaram em lágrimas: “É ele mesmo!”.
Durante o ano de sua beatificação, o coração intacto de Vianney foi removido e abrigado em um bonito relicário separado do principal.
O magnífico relicário que contém o corpo do santo foi doado por padres de todo o mundo e está situado em cima de um altar da basílica que foi anexado à velha igreja paroquial. Diante do relicário de ouro, que expõe as relíquias aos fiéis, o santo sacrifício da Missa é continuamente oferecido durante o verão por padres peregrinos.
Em Ars, estão preservados os cômodos em que o santo viveu, mantidos exatamente como estavam no dia de sua morte, em cujas paredes podem ser vistas imagens penduradas pelo próprio cura. Também estão mantidos ali os seus artigos pessoais, o seu breviário, o Rosário que ele usava com frequência, uma disciplina tingida de sangue e a cama em que ele ateou fogo durante uma das frequentes visitas que recebeu do diabo.
São João Maria Vianney, o Cura d’Ars, que, enquanto seminarista, tanta dificuldade teve em ser admitido ao sacerdócio, mas que exerceu de modo tão edificante a sua vocação, foi canonizado em 1925 e nomeado depois padroeiro dos párocos do mundo inteiro.
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