No alto do Monte que emoldura Viana do Castelo ergue-se a Basílica de Santa Luzia, dedicado ao Sagrado Coração de Jesus. Visível a quilômetros de distância, como que a dar as boas vindas a quem entra na cidade, este é um dos mais belos monumentos sacros de Portugal.
Das escadarias de acesso à Basílica de Santa Luzia, podemos vislumbrar uma vista ímpar da região, numa imagem panorâmica que concilia o mar, o rio Lima com o seu vale, e todo o complexo montanhoso de Viana do Castelo.
Esta imagem panorâmica foi considerada como uma das melhores do mundo segundo a revista “National Geographic”. Confira aqui um vídeo de 360º do alto da Basílica.
No local onde hoje existe esta imponente Basílica, existia antigamente uma pequena ermida, segundo consta, do milenário templo dedicado à deusa Diana.
Comumente chamada de Igreja de Santa Luzia, o padroeiro do monumento na verdade é o Sagrado Coração de Jesus. Historicamente, os vianenses já lhe eram devotos desde 1743. No entanto, em 1918, quando o país estava a ser fortemente afetado pela epidemia da peste bubônica, da qual resultaram inúmeras vítimas, o Arciprestado de Viana fez um voto de que, se esse flagelo fosse extinto, iria em peregrinação anual, ao topo da montanha, manifestar o seu reconhecimento pela graça divina de ser extinto tão terrível flagelo.
Foi assim que aconteceu, e que continua a acontecer ainda nos nossos dias, por volta do mês de Junho.
Após a extinção da peste e, desde então, as populações de todas as localidades do distrito de Viana do Castelo sobem em extensa peregrinação até junto da impressionante imagem do Sagrado Coração de Jesus, como forma de agradecimento.
As peregrinações já aconteciam no século anterior, ainda que fossem menos organizadas e sem calendário. Em 1984, quando os devotos subiam ao monte por altura das Festas d’Agonia, o Padre Dias Silvares sugeriu a criação de uma estátua ao Sagrado Coração de Jesus, no alto do monte, para que velasse e abençoasse a cidade, o Minho, e toda a nação. O escultor Aleixo Queiroz Ribeiro foi o eleito para executar a obra.
Arquitetonicamente, o edifício apresenta uma planta centrada em cruz grega, de raiz bizantina. À mesma matriz vai buscar a enorme cúpula que coroa o edifício, bem como as pequenas cúpulas que encabeçam as quatro torres, estas já inspiradas no estilo românico, assim como a decoração que serpenteia pela fachada do edifício. De estilo gótico são as enormes rosáceas, as maiores da Península Ibérica, emoldurando os belos vitrais que inundam com luz e cor o interior da igreja.
Lá dentro, dois anjos, da autoria de Leopoldo de Almeida, oferecem os escudos de Portugal e de Viana do Castelo ao Sagrado Coração de Jesus, uma réplica da estátua de bronze da entrada, esculpida em mármore de Vila Viçosa por Martinho de Brito.
A atenção popular e a devoção dos vianenses é dirigida à imagem do Sagrado Coração de Jesus, provinda do convento dos Crúzios, e à imagem de Santa Luzia, que migrou da capela que antecedeu o templo, tal como a imagem da Senhora da Abadia. Para completar, também Nossa Senhora de Fátima é contemplada no templo, com uma estátua à sua imagem, para todos os crentes que lhe queiram prestar devoção.
A Basílica é assim um símbolo não só de união religiosa, com pessoas de vários cantos do país e do mundo querendo visitá-la e a prestar a sua homenagem, quer apenas por devoção ou por pagamento de promessas, mas é também uma união singular a nível arquitetônico, com pessoas de vários pontos do país a contribuírem para a sua construção e a elevarem a referência em que se tornou, ao longo dos anos, para habitantes e turistas, para portugueses e estrangeiros, para crentes e não crentes. Ninguém fica indiferente à simbiose perfeita da Basílica no seu monte.