Nada muito cansativo, o primeiro dos 6 trechos que tínhamos à frente pelos próximos dias era um dos mais tranquilos da rota, com poucas ladeiras e muito plano pra esquentar os motores! Ainda assim, depois de 43km e algumas boas horas pedalando, quando entramos em Pomerode, a cidade mais alemã do Brasil, a fome era de gigante. Posso dizer que a alegria foi grande quando me deparei com o buffet do restaurante alemão onde entramos para resolver o problema; eisbeins, kasslers e wurts em quantidades suficientes para sair rolando. Fora o strudel clássico… e lógicos, as deliciosas IPAs locais.
A rota de cliclo turismo pelo Vale Europeu basicamente é isso; muita pedal, altos visuais, cachoeiras, cantinhos gostosos, comida boa e cerveja de verdade. A volta de bike pelo vale vai ao gosto do freguês, mas para fazê-la completa e curtindo, 5 ou 6 dias é uma boa pedida. O percurso total pode variar um pouco dependendo de desvios que se faça para se visitar pontos específicos, mas a rota sugerida tem em torno de 300km, quase todos eles rodados em terra.
O Vale Europeu é uma região de Santa Catarina, colonizada essencialmente por alemães e italianos em meados dos século XIX e um lugar cheio de peculiaridades. A começar pela hospedagem que tivemos em Pomerode, na Casa Wachholz, de 1.867. Foi difícil crer que aquela moça que nos recebeu, cheia de sotaque alemão, não era ela própria uma imigrante. Simoni Wachholz é a quarta geração da família, e foi uma satisfação saber qua a cultura antepassada foi tão preservada ao longo de um século e meio, mesmo tendo a comunidade alemã enfrentado grandes problemas durante a década de 40.
A Casa Wachholz, por sinal, é parte de uma das outras peculiaridades locais, o estilo Enxaimel, arquitetura típica da região de Pomerânia na Alemanha, cheia de charme e presente em diversas casas e igrejas ao longo do percurso. O estilo é inclusive uma atração em si. Em Pomerode uma das atrações é justamente um passeio pela Rota do Enxaimel.
Dá para juntar o segundo e o terceiro dia sugeridos pelo roteiro oficial. São 40km entre Pomerode e Indaial com alguma ralação, mas de lá para Rodeio são só mais 26km em um terreno suave. Em Rodeio dormimos na hospedaria Cama e Café Stolf, de um simpático casal que transformou a casa com vários quartos (após os filhos crescidos partirem) em uma hospedagem simples, muito limpa e receptiva.
O trecho entre Rodeio e Dr. Pedrinho é talvez o mais puxado do roteiro e com certeza uma dos mais bacanas, especialmente se incluir nos 41km do percurso o desvio para a Cachoeira do Zinco. O desvio acrescenta na conta mais alguns quilômetros, uma boa ladeira acima e um downhill alucinante. Vale muito.
Em Dr. Pedrinho nos hospedamos na Bella Pousada, o que possivelmente seja a opção mais interessente na cidade, com boa vista e boa comida. Vale considerar uma noite a mais por lá, pois além da lindíssima Cachoeira Paulista e da Gruta Nossa Senhora de Fátima, há um pedal interessante para se fazer partindo da pousada até o Recanto da Oma, um lugar muito simpático e delicioso para comer no estilo fartura. Chegando lá, desça até a pequena cachoeira da propriedade, pequena mas uma ótima surpresa. Dr. Pedrinho fica em um vale dominado pela cultura do arroz, o que dá uma atmosfera muito particular no trajeto.
Fizemos o Vale Europeu entre 2015 e 2016, e foi uma satisfação encontrar lugares vazios quando em quase todos os lugares que se anda nesta época estão apinhados de gente por conta do ano novo. Durante quase todo o percurso pedalamos basicamente sozinhos, encontrando apenas casualmente outros ciclistas. Não é, em termos climáticos, a melhor época para o pedal, já que a possibilidade de dias chuvos é maior, mas em contrapartida o calor abre o apetite para as muitas cachoeiras. E afinal, um pouco de lama é sempre diversão adicional!
O nosso quarto trecho foi de Dr. Pedrinho até as margens da represa formada pelas águas do Rio dos Cedros na Barragem do Pinhal. Seria um trecho de 34km relativamente tranquilo não fosse o nosso erro de navegação que nos custou mais alguns quilômetros e um bom sobe e desce. Um extra para o passeio.
A virada de ano passamos na pousada Parador da Montanha. Foi o único lugar onde de fato encontramos movimento de gente em férias, mas ainda assim nada dramático. Como em qualquer represa, esse trecho do Rio dos Cedros também é boa opção para remadas.
O Vale Europeu se divide em uma parte baixa, onde estão Timbó, Pomerode, Indaial e Rodeio, e uma parte alta; Dr. Pedrinho, Palmeiras e a Barragem do Pinhal. O vale, por incrível que parece, é ainda bem pouco conhecido. De cada 10 amigos a quem disse que iríamos fazer uma rota de cicloturismo por lá no final do ano, talvez 2 ou 3 soubessem do que se tratava. Nós mesmos não fazia muito não tínhamos grande ideia sobre a região.
Valeu aos parceiríssimos amigos e companheiros de muitas viagens; Zito, Ana Paula, William, Fê, Fábio, Tati, Leandro, Nessa e Luquinhas!
Informações úteis
Quando ir
No site do Circuito você encontra todas as opções de hospedagem. Não são muitas e todas são bastante simples e algumas bem familiares, mas depois de um dia de pedal pesado chegar e encontrar um quarto limpinho, com roupa de caminha cheirosinha e um bom banho quente não tem preço.
Nós fizemos o circuito inteiro com carro de apoio, pois além das bagagens estávamos com as crianças. (sim, depois eu explico um pouquinho como planejar uma viagem desta com duas crianças de 1 e 3 anos).
Muitos ciclistas vão por sua conta com alforjes carregados e outros preferem combinar com taxi em Timbó para todos os dias transportar a bagagem para a próxima hospedaria. Na época os motoristas cobravam cerva de R$400 para fazer este trabalho (se você estiver em um grupo e dividir o valor, pode valer bastante a pena)
Onde comer
A lista completa dos restaurantes você também pode encontrar no site. Nós recomendamos:
- Thapyoca, Timbó
- Restaurante Colonial Wunderwald, Pomerode
- Recanto da Oma, Dr. Pedrinho
O que fazer
- Visita a vinícola San Michele, Rodeio. Experimente o espumante rose.
- Visita a cachoeira do Zimbros.
- Visita a cachoeira Paulista.
- Visita a cervejaria Schornstein.
Dia 1
Timbó -> Pomerode
Distância Total | 45 km |
Ascenção Total | 510 m |
Cidades Percorridas | 3 |
Hospedagem: Casa Wachholz
Dia 2
Pomerode -> Rodeio
Juntamos dois trechos em apenas um dia a km ficou grande, mas cerca de 30km do percurso é plan0.
Distância Total | 67 km |
Ascenção Total | 690 m |
Cidades Percorridas | 7 |
Hospedagem: Cama e Café Stolf
Dia 3
Rodeio -> Dr. Pedrinho
O trecho mais pesado do pedal. Saímos da parte baixa em direção a parte alta do circuito. Boas subidas. Aqui você deve avaliar se quer pegar o desvio para conhecer a famosa cachoeira do Zinco. Nós fizemos e não nos arrependemos, a cachoeira é linda e vale o desvio. Pois além da vista para a cachoeira, de mais de 70m, tem-se a vista para o vale, que é fantástica. Mas é necessário fazer um planejamento, uma vez que são 8 km de ida, dos quais 2 de subida (200m de desnível). Há opção de dormir por lá, desde que combinado previamente, na pousada ou acampando. A volta é pelo mesmo caminho.
Distância Total | 41,1 km |
Ascenção Total | 1.120 m |
Cidades Percorridas | 3 |
Hospedagem: Bella Pousada
Dia 4
Dr. Pedrinho -> Altos Cedros
Distância Total | 40 km |
Ascenção Total | 860 m |
Cidades Percorridas | 2 |
Hospedagem: Parador da Montanha
Dia 5
Altos Cedros -> Palmeiras
Distância Total | 41 km |
Ascenção Total | 840 m |
Cidades Percorridas | 1 |
Hospedagem: Parador da Montanha
Dia 6
Palmeiras -> Timbó
Distância Total | 53 km |
Ascenção Total | 670 m |
Cidades Percorridas | 4 |
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