Viajar para o Alentejo tem um ritmo muito próprio: é como se recuássemos no tempo, até a uma altura em que a vida era mais simples, mais relaxada. A própria paisagem parece acompanhar a tendência, oferecendo-nos uma beleza plana e sem sobressaltos, onde os intermináveis campos de trigo, as galardoadas vinhas e as famosas plantações de sobreiros reinam absolutos.
Mas o Alentejo reserva as suas surpresas, e esta tranquilidade se modifica rapidamente quando nos deparamos com a espetacular linha costeira, banhada pelo selvagem Oceano Atlântico desvendando pequenos tesouros mais ou menos escondidos, que impressionam até o mais exigente dos viajantes.
Para você ficar bem informado e se planejar para não perder nenhum encanto desta discreta mas sedutora terra, preparamos uma lista com 6 dicas imprescindíveis para sua viagem para o Alentejo.
1. QUANDO IR
A primeira coisa a fazer é decidir quando marcar sua viagem para o Alentejo. Tenha em mente o seguinte:
De meados de abril a final de junho – nesta zona, a primavera chega cedo, cobrindo a paisagem com as adoráveis cores das flores campestres; o clima agradável faz com que esta seja um ótimo período para passeios e visitas.
De julho a final de agosto – estes meses são inacreditavelmente sufocantes e esta região, especialmente o interior, é considerada a mais quente de Portugal; dadas as elevadas temperaturas, é preciso ter algum cuidado com o vestuário e hidratação.
A partir de meados de setembro – a temperatura volta a descer para limites dentro do aceitável, proporcionando uns dias de férias muito agradáveis; nesta altura você também já não terá de suportar o elevado número de turistas.
2. COMO SE DESLOCAR
O meio de transporte ideal para esta região é mesmo o carro, que lhe permite gerir o tempo de forma eficaz e se locomover com mais praticidade e sem grandes preocupações.
Uma vez nos sítios que pretende visitar, muitas vezes poderá deslocar-se a pé, a cavalo, em carroças… é o caso de se informar in loco sobre as várias alternativas disponíveis.
3. O QUE COMER
Portugal é sem dúvida alguma, riquíssimo e sua variedade e qualidade gastronômica, e o Alentejo não é exceção. Certamente você encontrará receitas extremamente saborosas, com toques assumidamente rural, mas absolutamente delicioso.
A base daquela que é uma das mais saborosas cozinhas do país passa pelo pão, azeite, ervas aromáticas e porco. Assim, não podemos deixar de sugerir que, depois de provar os famosos enchidos, ataque uma bela sopa de tomate com linguiça, umas migas com carne de porco ou uma fabulosa açorda alentejana. Dada a versátil oferta da região, também ficará bem servido com um ensopado de borrego, um prato de caça ou um belo peixe do sudoeste alentejano.
Para terminar, uma referência bem destacada e especial para os reputados queijos do Alentejo (os de Nisa, Serpa e Évora são dos preferidos) e para os deliciosos e decadentes doces conventuais, à base de açúcar, ovos e amêndoas (quem nunca provou uma sericaia, não sabe o que perde).
Existem bons restaurantes e bares espalhados por toda a região, mas em Évora, Beja ou Estremoz você irá encontrar uma oferta de maior qualidade.
4. O QUE BEBER
Com o seu clima quente e seco, o Alentejo possui as condições ideais para a produção de vinhos de qualidade reconhecida mundialmente. E é exatamente isso que acontece!
Saiba, então que os vinhos brancos desta região se caracterizam por seu toque suave e ligeiramente encorpado, com aromas a frutos tropicais – castas mais importantes: Roupeiro, Antão Vaz e Arinto; quanto aos vinhos tintos, estes são encorpados, ricos em taninos e com aromas a frutos vermelhos/silvestres – castas mais importantes: Trincadeira, Aragonez, Castelão e Alicante Bouschet.
A nossa sugestão é que, durante as sua viagem pelo Alentejo, não deixe de visitar uma das inúmeras adegas que aí se implementaram e floresceram ao longo dos anos, aproveitando para marcar uma das atividades que estes espaços rústicos disponibilizam: de degustações de vinhos e produtos regionais a workshops, cursos e tours pela região vinícola, com certeza você vai encontrar algo que o seduza e o deixe plenamente satisfeito.
5. O QUE VISITAR
As cidades e aldeias desta região que consideramos dignas de uma visita são imensas, assim como as razões para tal. Por ausência de espaço, vamos destacar apenas um pequeno grupo das que consideramos verdadeiramente imperdíveis:
Évora – uma das cidades medievais mais belas e bem preservadas de Portugal; famosa pelas suas ruínas romanas, foi considerada Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO. Não deixe de visitar o bonito Aqueduto da Água de Prata.
Elvas – também Patrimônio Mundial da Humanidade, esta bela cidade fortificada destaca-se pelo estado de preservação das suas muralhas seiscentistas e do seu centro histórico.
Beja – para ter plena consciência da presença e influência romanas nesta zona, sugerimos que não dispense uma visita às Ruínas de S. Cucufate.
Vila Viçosa – planeje uma visita ao Paço Ducal, última residência da monarquia portuguesa e ponto turístico incontornável.
Estremoz – impõe-se pelas suas pedreiras de mármore, material que domina também a maior parte das construções da cidade.
Marvão – pequena localidade que seduz pela sua beleza pura, intocada e pitoresca. Localizada no topo de uma íngreme montanha, proporciona vistas absolutamente inesquecíveis.
Santiago do Cacém – possui uma história ímpar a nível de arquitetura e arqueologia; entre inúmeros pontos de interesse, salientamos Miróbriga, um dos mais importantes locais arqueológicos de Portugal.
6. O QUE FAZER
Mais uma vez, poderíamos passar o dia todo dando sugestões, mas vamos listar apenas algumas das muitas e interessantes atividades para conhecer no Alentejo.
Embarque num tour pré-histórico – você não pode perder a oportunidade de conhecer alguns monumentos megalíticos. Do extenso circuito disponível, a nossa recomendação vai para o Cromeleque de Almendres e para a Anta Grande do Zambujeiro, ambos localizados mesmo à saída de Évora.
”Mergulhe” na Barragem do Alqueva – considerada uma das mais belas e pacatas regiões do Alentejo, esta é a maior barragem e o maior lago artificial da Europa Ocidental. Além de momentos de tranquilidade e lazer absolutamente únicos, lá você vai poder ainda desfrutar da natureza e praticar os mais variados esportes e atividades radicais.
Visite as Minas do Lousal – trata-se de um Centro de Ciência Viva, o único do seu tipo em Portugal; pretende preservar e apresentar às novas gerações a história das minas e dos trabalhadores que, há muitos anos atrás, nesse mesmo local, extraiam cobre.
Descubra o Centro Interpretativo do Tapete de Arraiolos – resultantes de uma arte tradicional portuguesa com fama internacional, os tapetes de arraiolos são vendidos e apreciados em todo o mundo. Na cidade com o mesmo nome você vai poder conhecer a história, os objetos e alguns exemplares desta arte tão tradicional portuguesa.
Faça um piquenique na Serra d’Ossa – Nessa região você vai encontrar uma bonita floresta de eucaliptos, com um espaço deslumbrante para uma refeição e alguns momentos de lazer. Recomendamos ainda que faça um dos vários percursos pedestres disponíveis, para se inteirar da riqueza ambiental, paisagística e arqueológica do local.
Experimente o birdwatching – o Alentejo é já um local de referência para a prática desta atividade, que não para de ganhar adeptos e pode ser praticada todo o ano. Sugerimos que arranje um guia, pegue nos binóculos e se dirija à zona de Castro Verde ou de Mértola. Quem sabe não encontra aí a sua nova paixão?
Dê um passeio pela linha costeira alentejana – tem de tirar um ou dois dias para conhecer algumas das praias mais belas e naturais de Portugal. Se optar por ficar em terra, saiba que existem vários tours de jeep, bicicleta ou a pé por onde escolher; se preferir a água, recomendamos que recorra a uma das várias escolas disponíveis e se dedique a surfar algumas das melhores ondas da Europa.
Fonte: ekonomista