Previstas para ficarem prontas em seis meses, as obras homenageiam personalidades negras que nasceram ou fizeram história na capital
A cidade de São Paulo irá ganhar cinco estátuas de personalidades negras. Os escolhidos para a homenagem são a escritora Carolina Maria de Jesus, o sambista Geraldo Filme, o atleta olímpico Adhemar Ferreira da Silva, a ativista Deolinda Madre (madrinha Eunice) e o cantor Itamar Assumpção.
A iniciativa da Prefeitura de São Paulo ocorre em meio aos questionamentos e manifestações sobre as estátuas já instaladas na capital. A revisão ou revisitação de homenagens feitas a homens brancos é um movimento mundial, que ganhou força com os protestos Black Lives Matter, em maio de 2020.
Carolina Maria de Jesus
Carolina Maria de Jesus (1914-1977) nasceu no interior de Minas Gerais, mas foi na cidade de São Paulo que ela se estabeleceu e ficou conhecida como uma das escritoras mais lidas do país.
O primeiro livro da autora, “Quarto de Despejo” (1960), fez sucesso no Brasil e ainda foi traduzido para 16 idiomas. A estátua representando Carolina fica no Parque Linear Parelheiros, bairro onde ela viveu por muitos anos. Na região, aliás, também estão o Centro de Cidadania da Mulher e o Ponto de Leitura Carolina Maria de Jesus.
Geraldo Filme
Geraldo Filme (1927-1995), ou apenas Geraldão da Barra Funda, já compunha canções sobre a gentrificação de São Paulo muito antes deste assunto ter bombado. O músico cantava a Barra Funda, o Bixiga e outros espaços que tinham grande ocupação da população negra.
Ele é considerado um dos sambistas mais importantes para o movimento em SP. E a Praça David Raw, na Barra Funda, próxima ao antigo Largo da Banana, é o futuro endereço da sua estátua. O local era muito frequentado por Geraldo e é uma marca do samba paulistano.
Adhemar Ferreira da Silva
O atleta olímpico e tricampeão pan-americano em salto triplo Adhemar Ferreira da Silva (1927-2001) dispensa apresentações. Entre os seus muitos feitos, destaca-se o fato de ele ainda ser o único esportista brasileiro a conquistar dois ouros consecutivos nas Olimpíadas (1952 e 1956).
Da Casa Verde para o mundo, Adhemar está no Hall da Fama da World Athletics (Federação Internacional de Atletismo). Poucos sabem, mas foi ele quem inventou a volta olímpica, gesto feito logo após sua vitória em Helsinque, em 1952.
Adhemar Ferreira da Silva sempre morou na Casa Verde, por isso sua estátua deve ficar no canteiro central da Avenida Braz Leme, trajeto usual do atleta. Por conta das suas conquistas, o bairro acabou abrigando diversos clubes de atletismo.
Deolinda Madre (madrinha Eunice)
Outro destaque nesta lista notável de personalidades negras é Madrinha Eunice (1909-1995), fundadora da escola de samba mais antiga ainda em atividade na capital paulista: a Lavapés. A escola foi sete vezes campeã do Grupo Especial na cidade entre os anos de 1950 e 1960.
A estátua da sambista e ativista negra Deolinda Madre fica na Praça da Liberdade. O endereço foi uma sugestão dos familiares de Madrinha Eunice e do pesquisador Tadeu Kaçula.
Itamar Assumpção
O cantor, compositor e musicista Itamar Assumpção (1949-2003) é um dos nomes mais importantes do movimento musical da cidade entre 1970 e 1980, a Vanguarda Paulistana. Os artistas desse movimento ficaram conhecidos pelo caráter independente, alternativo e a busca por novas linguagens.
A obra de Itamar não tem um gênero definido, mas se caracteriza pela fusão de muitos estilos, como samba, rock, funk e soul. Itamar já teve músicas de sua autoria gravadas por Rita Lee, Cássia Eller, Tom Zé, Ney Matogrosso e Zélia Duncan.
A localização da estátua em homenagem ao cantor ainda não está definida, mas a Casa de Cultura da Penha, onde Itamar gravou a trilogia “Bicho de 7 cabeças”, em 1993, e a Praça Benedito Calixto, em Pinheiros, são endereços cotados.
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