Libras seria a maneira mais eficiente de se comunicar com os 10 milhões de brasileiros que ouvem pouco ou nada
As lives se tornaram tradição durante o isolamento social no mundo todo. Aqui, no Brasil, além de promover entretenimento, também levantaram uma pauta importante: a necessidade da interpretação na Língua Brasileira de Sinais (Libras). Nas redes sociais, a performance animada dos tradutores viralizou e muitos tiveram o primeiro contato com a segunda língua do país, que utiliza sinais com as mãos e expressão corporal para a comunicação.
A apresentação da cantora de sertanejo Marília Mendonça ocorreu no dia 8 de abril e bateu o recorde mundial de maior número de acessos. Foram 3,31 milhões de espectadores ao mesmo tempo. As mais de três horas de live contaram com a tradução simultânea de diversos profissionais, incluindo a intérprete e fonoaudióloga Gisselma Dias, que se tornou queridinha dos internautas por passar, através de gestos e feições, toda a emoção das canções.
Gisselma encarou a repercussão da live e de sua participação como uma oportunidade de difundir a Libras e unir surdos e ouvintes. “Estou muito feliz por ter conseguido cumprir meu objetivo: ser canal de comunicação entre os ouvintes e os surdos. Foi muito emocionante terminar o trabalho e ver todas as mensagens de carinho e apoio recebidas. […] Que a comunidade surda seja respeitada! São brasileiros como nós, porém o que os difere é a língua, mas que ela não os separe mais”, afirmou a intérprete em sua rede social.
Língua de sinais no Brasil
Em 2002, a Lei 10.436 tornou a Libras um meio legal de comunicação. Desde então, escolas, faculdades, repartições do governo e empresas concessionárias de serviços públicos são obrigadas a providenciar intérpretes para atender aos surdos.
Apesar de a lei estar completando quase 20 anos, as 9,7 milhões de pessoas que escutavam muito pouco ou nada que vivem no Brasil, de acordo com o censo mais recente do IBGE, continuam enfrentando dificuldades de socialização, já que a maioria da população ouvinte não domina a Libras.
Os obstáculos não param nas relações de cidadão para cidadão. Há barreiras linguísticas no acesso a serviços básicos, como saúde, por exemplo. Em um hospital, o nome do próximo a ser atendido é anunciado em voz alta pelos funcionários, ação que o surdo não é capaz de perceber facilmente. E o médico não consegue compreender a explicação do paciente por falta de domínio da língua e por não ter um intérprete presente, cenário diferente do que é exigido legalmente.
O Projeto de Lei nº 2040/11 tem o objetivo de promover a inclusão através da obrigatoriedade do ensino de noções básicas de Língua Brasileira de Sinais nas escolas públicas do país. A proposta, que seria uma boa opção para melhorar a comunicação com surdos a longo prazo, foi lançada pelo deputado Diego Garcia (Pode-PR) em 2011 e aprovada pela Comissão de Educação, da Câmara dos Deputados, em 2018, mas atualmente está arquivada.
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