Nepal endurece regras para evitar mortes no pico mais alto do mundo
Para muitas pessoas, chegar ao cume do Monte Everest é a maior aventura que pode ser feita em vida. A montanha mais alta do planeta, com 8.848 metros de altura, recebe todos os anos uma grande quantidade de alpinistas interessados em se desafiar e chegar ao topo do mundo. Em maio de 2019, uma imagem que retratava uma fila de mais de 200 pessoas esperando para chegar ao cume da montanha viralizou e chamou a atenção para a aglomeração em um dos locais mais hostis para os seres humanos. Na ocasião, 11 alpinistas morreram ou desapareceram.
A tragédia motivou as autoridades do Nepal a endurecer as regras para os viajantes interessados em escalar o Everest. A medida, anunciada em agosto do ano passado, prevê que apenas alpinistas com experiência comprovada em altitudes elevadas poderão chegar até o cume da montanha. De acordo com a comissão formada pelo governo do país, todos aqueles que desejarem escalar montanhas com mais de 8.000 metros de altura deverão passar por treinamento básico de altitude elevada e precisarão subir antes algum outro pico do Nepal com pelo menos 6.500 metros para conseguir a permissão.
Além disso, os viajantes também serão obrigados a apresentar atestado de boa saúde e condicionamento físico e contratar um guia nepalês treinado para acompanhar o percurso. Para Mira Acharya, membro da comissão, a necessidade de contratação de guias deve desencorajar tentativas individuais de escalar a montanha e, assim, evitar eventuais riscos. O governo anunciou ainda projetos para aprimorar o sistema de previsão do tempo e a fixação de cordas de segurança ao longo do trajeto. Até então, as autoridades locais permitiam que qualquer pessoa que pagasse a quantia de US$ 11 mil (algo em torno de R$ 44 mil) escalasse o Everest.
De acordo com o jornal Folha de São Paulo, o Nepal emitiu 381 licenças para alpinistas escalarem o monte em 2019. A temporada, que compreende basicamente os meses de março a maio, foi a segunda em número de mortes (11 no total), perdendo apenas para a de 1996, quando morreram 19 pessoas. Apenas no dia 23 de maio de 2019, mais de 250 pessoas chegaram ao topo da montanha — um recorde histórico. O excesso de pessoas na região conhecida como zona da morte foi um alerta de perigo, porque obrigou os alpinistas a esperar horas por sua vez de chegar ao cume, o que consumiu mais do que o previsto de suas reservas nos cilindros de oxigênio.
O que é preciso para subir o Everest
Escalar o Monte Everest definitivamente não é tarefa para iniciantes. Além de ter uma boa experiência em montanhismo, quem se arrisca a conquistar o pico mais alto do planeta deve se preparar para uma expedição que pode durar até 60 dias, dentre os quais 25 são usados para adaptação do corpo às grandes altitudes. Ao chegar à montanha, é preciso se revezar entre quatro dos cinco acampamentos montados ao longo do trajeto para ir avançando aos pontos e atingir o acampamento 4, último antes do cume, no período desejado (a partir da segunda semana de maio).
Cada alpinista pode carregar entre 12 kg e 15 kg em sua mochila. Além disso, eles podem contratar o serviço de sherpas, carregadores locais que transportam até 68 kg de equipamentos. A indumentária deve ser composta por três camadas de tecido: segunda pele (que pode ser de tecnologia dry cell, como a encontrada em modelos de calças Puma), fleece e anorak. Por último, jaqueta para chuva e altas altitudes, botas para trekking de tecido isotérmico (com pregos para fixar melhor na neve), meias especiais, luvas, headband, óculos de sol e bastões de caminhada. Além de perigosa, a expedição também não é amigável para o bolso, já que o alpinista pode gastar até R$ 250 mil em toda a empreitada.