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Brasileiros são obrigados a estender a sua estadia nos EUA

Turistas e estudantes brasileiros são obrigados a estender sua estadia nos Estados Unidos por causa do Covid-19, o novo Coronavírus.

O número de mortes relacionadas ao coronavírus chegou a 4 mil nos Estados Unidos na noite de ontem, segundo dados oficiais do governo americano. O país agora supera a China em mais de 700 mortes de COVID-19 e a Casa Branca disse que projeta de 100 mil a 240 mil mortes pelo vírus e milhões de infectados no país.

Devido á essa crise vôos foram cancelados e fronteiras fechadas fazendo com que muitos estudantes e turistas fiquem impedidos de voltar ao Brasil na data planejada,  sendo obrigados a permanecer nos Estados Unidos, gerando mais preocupação com a falta de dinheiro para gastos extras e expiração do visto de turista e estudante.  Para entender um pouco do que esta se passando entrevistei dois brasileiros que trabalham no EUA no setor de companhia aérea e imigração. 

O comissário de uma famosa empresa de aviação (prefere não identificar a empresa), Julio Chaves, natural de Sertãozinho, interior de São Paulo, se mudou para Houston, Estados Unidos há cinco anos atrás e teve seu último voo à trabalho (Nova Iorque – São Paulo) realizado na semana passada. 

“A aeronave estava vazia, menos de 70 pessoas a bordo. A maioria eram brasileiros e pessoas que moram no Brasil ou fazendo conexão para voltar para seu país de origem. O mês de abril será pior ainda, quase nenhum voo internacional será realizado”, declara. 

Chaves conta que a cada dia sua CEO atualiza a equipe com novas notícias e tem piorado. “Perdemos voos para Europa, Ásia e partes da América. Houve uma diminuição de 90% dos voos internacionais. Estão oferecendo uma ajuda de custo para todos os funcionários por 1, 2 ou 6 meses. No entanto, o último e-mail que recebemos foi dito que  medidas mais drásticas serão tomadas”, conta Julio Chaves que teme pela sua situação de ser desligado da empresa temporariamente e não achar outro trabalho. 

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Julio Chaves – comissário de bordo

Brasileiros e o visto de imigração

Para os brasileiros que estão preocupados com visto de imigração, podem respirar fundo que existem soluções. A sócia fundadora do escritório de advocacia em Nova Iorque,  Immigration and Nationality Law Group PLLC, Bruna Frota, conta  que o website da United States and Citizenship Services (USCIS) fez um mudança/atualização no dia 25 de outubro de 2019,  nas medidas para situações especiais nas quais estrangeiros poderiam pleitear alguns benefícios indisponíveis em situações corriqueiras. “Essa medida só se aplica para estudantes com visto F1. Turistas podem dar entrada na extensão do seu visto de permanência”, explica sugerindo que todos acessem o link oficial do governo – www.uscis.gov/humanitarian/special-situations para sua referência.

A advogada adianta que para estudantes com o visto F-1 pleitearem uma permissão de trabalho é preciso provar que está sofrendo um impacto financeiro severo desde que:  Esteja com status F-1 por pelo menos 1 ano escolar completo, esteja em situação regular, demonstre que a aceitação de emprego não afetará sua capacidade de continuar comparecendo às aulas e por fim tem que demonstrar que o emprego será necessário para evitar o impacto financeiro devido à situações que estão fora do controle do estudante e que o trabalho on-campus não está disponível ou que não seja suficiente para manter os custos do estudante ou sua família devido essa situação que não pode ser controlada pelo estudante”, explica a advogada. 

Bruna Frota acrescenta que antes mesmo do estudante dar entrada nesse pedido de permissão de trabalho, a escola terá que emitir um I-20 com autorização do trabalho fora do campus que tenha os comentários do Designated School Official (DSO) para quem estuda em uma escola aprovada pelo ICE (SEVIS).

USCIS dá alguns exemplos de circunstâncias que estão fora do controle do estudante: Perda de ajuda financeira ou de emprego no campus (sem culpa do estudante); flutuações substanciais no valor da moeda ou taxa de câmbio; aumentos desordenados nas mensalidades ou no custo de vida; alterações inesperadas na condição financeira da sua fonte de suporte financeiro; contas médicas e/ou outras despesas substanciais e inesperadas. 

“Portanto, muitos fatores devem ser averiguados e ponderados junto a um advogado licenciado nos Estados Unidos que possa dar uma recomendação assertiva e apresentar os riscos vinculados a uma negação ou até um pedido de extensão de visto no futuro.”

Imigrantes brasileiros com status ilegal

Sobre imigrantes com status ilegal, Bruna alerta que se quiserem em algum momento virar residentes e tirarem seus documentos, não é recomendado que peçam ajuda para o governo americano, pois o governo agora está reforçando a regra do “public charge” mais rigidamente e irão olhar vários fatores em todos imigrantes pleiteando vistos de imigrantes (aka green card), inclusive ajuda financeira do governo e quão provável esse estrangeiro será um peso para o governo.

“Em contrapartida, não existe nenhum pronunciamento do governo quanto a extensão de estímulo financeiro devido ao COVID-19 para os sem documentos. Eles poderão, entretanto, ser testados para o COVID-19. Alguns estados, como Califórnia, estão oferecendo seguro de invalidez independente do status legal em algumas circunstâncias”, explica Bruna Frota. 

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Bruna Frota – Black & White – Houston Office

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