É difícil falar de Frida Kahlo e não lembrar de seu amor por Diego Rivera, com quem teve um relacionamento conturbado, digno das dramáticas novelas mexicanas, porém da vida real.
Considerados os dois maiores ícones da arte mexicana, quando se conheceram nada podia prever a relação intensa e tumultuada que viveriam e que dominaria suas vidas. Em 1922, Frida conhece Diego Rivera que pintava um mural na Escola Preparatória Nacional no México. Ela, então com 15 anos, e ele, no auge de seus 36 e já consagrado artisticamente, estava em seu segundo casamento, com vários filhos e mantinha a fama de mulherengo inveterado.
A história mexicana mais famosa de amor começa de fato em 1928, quando Frida decide levar seus quadros para Diego avaliar. Ele não só se apaixonou pelas pinturas, como também por Kahlo. Casam-se pela primeira vez em 1929, numa cerimônia simples em sua Casa Azul em Coyoacán, contrariando a família de Frida que compara a união dos dois ao casamento de um elefante com uma pomba – ele era gordo e imenso, 21 anos mais velho, além de ateu, comunista e muito mulherengo.
Em meio a uma relação muito conturbada, por conta de casos extraconjugais de ambos, de suas personalidades fortes e de suas convicções artísticas e políticas acabam se divorciando 10 anos depois, quando Frida descobre que seu marido estava tendo um caso com sua irmã – ela os pegou na cama, e cortou os cabelos em um ataque histérico.
Em 1940, após um ano separados, os dois se reconciliaram e casam-se pela segunda vez. Ao voltar para o marido, Frida constrói uma casa igual a de Diego, ao lado da casa em que eles tinham vivido no primeiro casamento. As casas eram ligadas uma a outra por uma ponte. Dessa forma, viveram como marido e mulher sem morarem juntos. Encontravam-se na casa dela ou na dele, nas madrugadas.
E é exatamente nesse segundo casamento, tão tempestuoso quanto o primeiro, que Frida dá início ao seu diário onde evidencia sua profunda ligação com Rivera repleta de emoção. Como um caldeirão efervescente de alegria, angústia, devoção e desejo, as cartas evidenciam o que todos já sabiam: Diego era sua vida.
Os dois permaneceram juntos até a morte de Frida, em 1954, quando Diego triste escreveu: “Eu me dei conta que a coisa mais maravilhosa que aconteceu em minha vida foi meu amor por Frida”. A artista foi cremada e suas cinzas estão na Casa Azul, como ficou conhecido o local que é hoje o museu que conserva tudo como os dois deixaram, inclusive as cartas de amor trocadas pelo casal e diversos objetos do cotidiano dos dois.
Para conhecer mais de perto essa intensa história de amor mexicana e sobre a arte de Frida Kahlo e Diego Rivera na Cidade do México, confira abaixo as dicas de locais para visitar:
La Casa Azul – Museu Frida Kahlo
Localizada no bairro de Cocoyacán, é onde Frida nasceu, cresceu, viveu alguns anos com Diego e morreu, em 1958. Depois de sua morte, Diego doou o lugar e todo seu conteúdo para se tornar a instituição Museu Frida Kahlo, um dos pontos turísticos mais visitados do México, e não é para menos. O local foi mantido exatamente como era originalmente. Lá, você terá acesso praticamente à vida toda de Frida e Diego, incluindo seu diário, as cartas de amor, livros, quadros, e muito mais.
Confira também o documentário contando a história da vida do casal. Todas as polêmicas estão retratadas no vídeo: os amantes de ambos, as idas e vindas, a bissexualidade de Frida, o envolvimento com a política, por exemplo.
Uma curiosidade: o azul da fachada da casa é chamado de “Azul Frida Kahlo”. Essa cor, de propriedade da artista, não existe em nenhuma palheta de cores, no máximo é possível encontrar uma cor aproximada, nunca exata!
Museu Colégio de San Idelfonso – Escola Preparatória Nacional
Foi ali, bem no coração histórico da Cidade do México, ao lado do Templo Mayor, que ambos se conheceram. Ela estudava e ele pintava o mural La Creación. Para eles, este seria o início da criação do seu mundo comum, da sua lenda: o amor e paixão pela arte.
Museu Casa Estúdio Diego Rivera e Frida Kahlo
Localizado no bairro de San Angél, o edifício, também conhecido por “casas gémeas”, foi morada do casal quando voltaram dos Estados Unidos em 1934. Viveram alí até 1939 quando se separaram.
O arquiteto Juan O’Gorman foi o responsável pela obra e a casa tem a particularidade de ser uma das primeiras estruturas funcionalistas da América Latina, já que tanto Frida como Diego tinham uma casa com seu próprio estúdio, interligadas por uma ponte.
É importante saber que tirar fotos dentro do museu tem um custo de 30 MXN e não é permitido utilizar flash.
Museu Dolores Olmedo
Ao sul da Cidade do México, na antiga fazenda La Noria, está o Museu Dolores Olmedo. Essa construção do século 17, rodeada de belos jardins, é a morada da mais importante coleção de Diego Rivera e Frida Kahlo.
Em sua juventude, Dolores Olmedo foi modelo de Diego; ele se tornou seu amigo e seu mecenas. Para Frida, Dolores era a sua grande rival, pois disputou com ela o amor de Alejandro Farias – primeiro namorado Frida Kahlo -, e mais tarde pela grande amizade entre Dolores e o muralista Rivera.
Apesar desse cenário, Dolores reconhecia o talento de Frida. Seu museu reúne 145 obras de Rivera e 27 peças de Kahlo, – compradas por intermédio de Diego -, entre as quais podemos destacar o famoso “Auto-Retrato com changuito” (1945).
Atualmente, o museu mantém muito do patrimônio artístico dos pintores, que é complementado por peças de arte pré-hispânica, popular e colonial, reunidos em um espaço onde é possível perceber o amor, o ciúmes, o talento e a paixão pela arte.
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