Importador sente que bom momento do segmento se deve a aspectos como nova geração de consumidores e nova visão sobre o vinho, mas altos impostos dificultam
A que se deve o crescimento do consumo de vinhos no Brasil nos últimos anos? Para Erni Luis da Silveira, diretor da rede Vinho & Ponto, importadora de mais de 400 rótulos exclusivos de vários países e presente em vários estados do Brasil, entre os motivadores está uma nova geração de consumidores, mais jovens, que consideram o vinho uma bebida sociável e benéfica à saúde, não mais somente como uma bebida alcoólica.
De acordo com o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), apesar do momento econômico de retratação em diversos segmentos, os vinhos, sucos, espumantes e outros produtos derivados da uva registraram um crescimento de 4,6% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2014. “Acredito que, por muitos anos, houve uma excessiva glamourização, o que afastava o consumidor iniciante do mundo do vinho. Hoje, porém, o cenário vem mudando, e o vinho tem ganhado espaço nos mais diversos pontos de vendas, sendo apresentado ao consumidor de maneira mais simples e descomplicada”, considera o empresário.
Hoje, dentre os novos consumidores das lojas Vinho & Ponto, por exemplo, uma grande parcela é composta de jovens entre 23 e 33 anos, muitos casais que se reúnem para confraternizar ou aproveitar a boa gastronomia – a onda de comer bem também tem contribuído.
Competição com cerveja
Na visão do diretor da Vinho & Ponto, o vinho, em seus mais diversos tipos, começou a ganhar espaço frente à cerveja, o que não significa exatamente uma disputa, mas uma mudança no comportamento do brasileiro, que passou a conhecer mais sobre a bebida. “Não é questão de sofisticação ou poder de compra. A exemplo de outros países já maduros para o consumo do vinho, o consumidor o vem adotando como parte da alimentação. Hoje vemos vinhos não só na mesa e nas comemorações especiais, mas também em um dia de piscina ou de praia”, ressalta. Para ele, os próximos cinco anos serão cruciais para que o país tenha a percepção de que o vinho pode ser consumido em todos os ambientes e climas.
Preços
Para quem pensa, no entanto, que o aumento do volume de consumo pode significar preços cada vez mais baixos devido ao poder de negociação junto aos exportadores, a resposta é não. Isso porque, de acordo com Silveira, não é o produtor que encarece o produto, mas a alta carga tributária brasileira. “Infelizmente, nossa legislação ainda trata e taxa o vinho como bebida alcoólica, enquanto vários países o classificam como alimento. Isso mudaria muita coisa”, afirma.