Nunca entendi muito bem o preconceito do brasileiro (carioca talvez) com as sopas frias. Durante anos da minha vida quando falava em gaspacho e explicava o que era a resposta era sempre aquela careta de “eca”. Sem nem mesmo ter provado…
Qualquer pessoa: “ – Eca! Suco de tomate frio?”
Nina: “ – Não é suco de tomate, é sopa de tomate. E desde quando suco de tomate é quente?”
Qualquer pessoa:“ – Cruzes, é pior ainda”
Nina: “ – Você já tomou? Não né, então não pode dizer que é ruim. Se fosse você ainda experimentaria o salmorejo e o ajo blanco, não são tão refrescantes mas saborosos são tão quanto”
Convenci pouquíssimas pessoas ao longo dos anos a provar, mas posso garantir que quando provam a maioria cai de amores.
O calor está de matar, acenderam o maçarico na Cidade Maravilhosa e não desligaram mais. Eu sofro muito com essa temperatura – nasci no continente errado – e com isso o meu apetite sofre também.
Outro dia em conversa com alguns amigos sobre comida veio a discussão sobre a neurociência e a percepção do alimento, alguns pesquisadores afirmam que o sabor do alimento pode variar de acordo com o momento em que você o consome. O que é compreensível, imagina você comendo um caldo de mocotó fervendo em um restaurante sem ar condicionado em Bangu, no auge do verão? Absoluta certeza que não ia ser agradável ao paladar.
Agora se imagina tomando um gazpacho gelado no mesmo ambiente. A ideia de frescor já percorre o corpo, a sensação do prazer que pode ter ao refrescar de dentro para fora já causa água na boca e a única coisa que vem a sua cabeça é o tal do suco de tomate (que a Nina te garante que não é suco de tomate).
Durante a última semana me peguei algumas vezes irritada com o calor que iria pegar ao descer para almoçar – Centro do Rio de Janeiro às 13h em pleno verão. Comecei então a saga em busca de um restaurante ao redor que entregasse a sopa fria. Perdi a luta e por isso fui pro mercado comprar os ingredientes necessários para fazê-lo em casa.
Uma receita simples (veja abaixo) e barata, com uma bela aparência e cheia de benefícios para a saúde. Por ser feito basicamente de temperos proporciona uma sensação de gosto e aroma facilmente reconhecido e apreciado.
“¿Quién, en alguna ocasión, no se ha visto aliviado de los rigores del verano después de tomar un buen tazón de gazpacho?” (Sinopsis do livro: Gazpacho de Alberto Herráiz)
E você ai perdendo seu tempo fazendo careta e birra de criança. Pula logo na piscina de gazpacho, se refresque e curta a sensação de frescor que eu estou curtindo nesse momento.
Receita mais básica impossível!!!
– 1 quilo de tomates bem maduros
– 1 pimentão verde
– ½ pepino
– cebola (aproximadamente 100 gramas)
– 1 dente de alho
– 3 colheres de sopa de azeite
– 3 colheres de sopa de vinagra branco
– 1 colhes de chá de sal
– pão (aproximadamente 50 gramas) – eu não costumo colocar o pão, a sopa fica ainda mais leve e refrescante sem ele, mas quando coloco sempre uso pão velho.
Aproveitei a onda e fiz um apanhado de lugares no Rio (zona sul e Centro) que se encontra gazpacho, afinal nem todo mundo tem o prazer em cozinhar. Refresquem-se no Mesa Carioca.
Leitura imperdível: Gazpacho por Alberto Herráiz
Confira a lista em mesacarioca.com.br/quando-a-sensacao-termica-e-55o
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