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Por que é comemorado o Dia Nacional da Consciência Negra?

Por: Alfredo Boulos Junior

Como se sabe, 20 de novembro 1695 é a data da morte heroica de Zumbi, principal líder do Quilombo do Palmares, o maior de toda a nossa história. Lutando pela liberdade, os palmarinos resistiram durante quase 100 anos. Com isso, ameaçaram, enfraqueceram e desgastaram a escravidão. Hoje, o negro Zumbi é o principal símbolo da luta contra todas as formas de opressão e exclusão que continuam a castigar os descendentes de africanos no Brasil.

Após a Lei Áurea, a comunidade negra iniciou uma outra luta para mudar essa situação. Durante essa longa caminhada, percebeu que o 13 de maio é uma data postiça, pois lembra a liberdade doada por uma princesa que não participou das lutas pela Abolição, enquanto o 20 de novembro é um marco na história do negro, pois lembra a liberdade conquistada pelos quilombos, na luta desesperada contra a escravidão.

A ideia de se marcar esse dia nasceu em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. A iniciativa foi do poeta Oliveira Silveira, membro do Grupo Palmares, uma associação cultural de negros. Lendo com atenção o livro O Quilombo dos Palmares, do baiano Edson Carneiro, os membros dessa associação concluíram que Palmares foi a maior manifestação de resistência negra ocorrida na nossa história. Por isso, no dia 20 de novembro de 1971, um sábado, no Clube Náutico Marcílio Dias, fez-se a primeira grande homenagem a Zumbi dos Palmares. Pela primeira vez, na história do Brasil, pessoas das camadas populares marcavam uma data cívica, escolhendo quando, o que e como comemorar.

Desde então, os movimentos negros começaram a promover o enterro simbólico do 13 de maio e a valorizar o 20 de novembro. Até que, em Salvador, no dia 7 de julho de 1978, o MNU (Movimento Negro Unificado) propôs o 20 de novembro como Dia Nacional da Consciência Negra.

A proposta foi aceita por grupos, associações e movimentos negros de todo o país. A consciência nascia da luta. Com isso, o negro, que sempre agiu transformando a nossa história, começava, agora, também, a construir a memória nacional.

escravidão


Alfredo Boulos Junior é autor da coleção didática História, Sociedade & Cidadania, da Editora FTD. Mestre em História Social pela Universidade de São Paulo (USP) e doutor em Educação pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), lecionou no Ensino Fundamental da rede pública e particular e em cursinhos pré-vestibulares.

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