Flores no horizonte cor de terra são raras, mas acontecem em anos específicos — 2019 deve ser um deles
O consultor brasileiro Guilherme Soares sonha em repetir uma viagem realizada há quase dois anos. Em agosto de 2017, ela alugou um carro e foi de Santiago, no Chile, até o Norte do país, com o objetivo de ver pela primeira vez na sua vida um fenômeno raro: os jardins de flores do deserto do Atacama — um dos lugares mais secos do mundo.
Quando isso acontece, várias áreas do deserto ficam lotadas de turistas, que chegam a ocupar toda a rodovia para tirar fotos do fenômeno — comerciantes ainda tentam coletar algumas para vender as flores pela internet e, depois de certo período, são organizadas exposições com as cerca de 200 espécies que florescem ali.
O fenômeno do Atacama geralmente ocorre a partir de maio, quando é possível que aconteçam chuvas — raras — sobre partes do deserto. Quando chove, as agências de turismo já avisam que a possibilidade das flores crescerem é grande, e logo recebem demandas não apenas de chilenos de outras regiões, mas também de alemães, franceses e espanhóis. De acordo com o Serviço Nacional do Turismo (Sernatur), a expectativa que nesse período ao menos 25 mil pessoas cheguem à região do Atacama para observar o espetáculo natural.
Em 2017, quando o deserto ficou florido, os hotéis chegaram a 60% de lotação, mas não impediu que todos que viajaram ao local vissem as flores roxas e brancas, porque elas permaneceram intocáveis até a primeira quinzena de setembro.
Não é todo ano que há flores no deserto chileno: o fenômeno depende exclusivamente das condições climáticas, como a chuva. Antes as flores apareciam a cada cinco anos, e já demorou até uma década. No entanto, a chuva tem sido recorrente nos meses de maio. O último grande florescimento antes do episódio citado acima aconteceu em 2015 — quando não ocorria desde 1997. Por isso, os turistas estão atentos para a possibilidade de voltar a acontecer agora.
A maior quantidade de flores coloridas aparece perto do mar, em ambos os lados da estrada Panamericana, que cruza o Chile de Norte a Sul. É possível vê-las em diferentes zonas nortistas, mas se concentram sobretudo nos quase 150 quilômetros que separam Copiapó de Vallenar, onde o normal é ver uma paisagem árida em que predominam a cor terra. Um dos lugares recomendados pelos especialistas para apreciar o deserto florido em sua plenitude é o Parque Nacional Llanos de Challe. “Ali existe a maior biodiversidade de flores, ainda que não estejamos em uma época de grande florescimento”, disse Gabriela López, administradora do parque, ao jornal La Tercera.
Junto com a flora — suspiros, azaléias, patas de guanaco, coroas etc. — há a fauna, borboletas e as chamadas “vacas do deserto”. A natureza se manifesta em todo seu esplendor e não deixa de ser registrada: em 2017, o diretor regional da Sernatur no Atacama, Daniel Díaz, afirmou que o jardim desértico foi o mais fotografado — e publicado nas redes sociais — da história.
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