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Drag Kings: muito além de homens que se vestem de mulher

Arte Drag vai além de estereótipos de gênero

Drag Kings

“You better work!”: quem acompanha o universo das Drag Queens conhece a famosa frase de RuPaul Charles, famoso artista americano. No comando do reality show que leva seu nome, o RuPaul’s Drag Race, ele ajudou a popularizar a expressão artística no mundo todo. O programa até chegou a ganhar diversos prêmios!

Contudo, engana-se quem pensa que a arte Drag se limita a homens vestidos de mulheres, indo além, também, de se maquiar e se cuidar. A ideia contemporânea da expressão artística, na verdade, quebra os padrões de gênero. Mesmo que artistas mais conhecidas como RuPaul, Gloria Groove e Pabllo Vittar tenham mais espaço na mídia, isso não significa que elas sejam as únicas que merecem nossa atenção.

Exemplo disso são os Drag Kings: em geral, mulheres cis ou trans, que personificam uma identidade mais masculina para compor um personagem. Apesar de bem menos conhecidos, os artistas fazem parte da mesma cena das Drag Queens e têm chamado cada vez mais atenção.

Vale lembrar que Drag não tem relação direta com sexualidade ou gênero, e, sim, com uma persona artística. Para quem conhece um pouco de arte no geral e quer entender melhor como isso funciona, basta visualizar o ato como uma performance um pouco mais difusa. Para te ajudar a compreender melhor esse universo, selecionamos alguns Drag Kings brasileiros para você conhecer. Confira:

Piratas de Gênero

Começamos nossa lista não com um, mas um coletivo de Drag Kings. Localizado no Rio de Janeiro, o Piratas de Gênero atua de diversas formas. Uma das mais conhecidas são as chamadas oficina-performance-educativo-psicológica em que as participantes são convidadas a desconstruir gêneros e suas consequências sociais.

Uma das atividades mais conhecidas é o tráfico de cabelos. Nela, as participantes são incentivadas a fazerem bigodes e barbas, por exemplo, como forma de questionar o que significam e quem pode, de fato, fazer uso deles.

Don Valentim

O Drag King Don Valetim é um artista atuante em São Paulo desde 2018. Sua pesquisa estética é influenciada por diversas vertentes e manifestações. Artes visuais, circo, histórias em quadrinhos, cartoon, música popular brasileira, brega e cultura pop são algumas das inspirações.

Don Valetim também foge da ideia binária de performar um homem padrão. Seu Drag King, na verdade, se apropria desses estereótipos para questioná-los, subvertendo essas noções por meio de suas performances e maquiagens.

Rubão

Rubia Romani é a artista que dá vida a Rubão, um Drag King que ironiza o macho alfa. Concebido em 2014 para o curta-metragem Lovedoll, dirigido por Débora Zanatta e Estevan de la Fuente, Rubão também ganhou uma trajetória fora das telonas. Rubia usa acessórios, fetiches e gestualidade masculina para evidenciar o lugar de poder que os homens estabelecem.

Ela dá destaque a essas ferramentas de poder para destacar os espaços e direitos que surgem a partir desse corpo entendido como masculino. Rubão também é o co-criador da festa Kings of the Night junto ao produtor e MC David Grelow. A celebração veio de uma demanda que ele mesmo percebeu devido à ausência de uma cena consolidada de Drag Kings no Brasil.

Lili Bertas

Eli Nunes, morador de Belo Horizonte, é o artista que canaliza as diversas personalidades de Lili Bertas, um Drag King multifacetado. Dança, poesia e performance se cruzam na construção da persona que, na verdade, são muitas. 

Entre as diversas personalidades do personagem, estão Lek Piranha e Cabo Libertas. Lili Bertas também é mestre de cerimônias do projeto GAMA SoundSystem.

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