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Rock in Rio 2024: momentos especiais, frustrações e desafios do festival

Por: Nelson Laboissiere e Naira Amorelli

Destacamos experiências positivas e desafios do festival, relatados por pessoas que estiveram na Cidade do Rock ao longo do festival

desafios do festival
Momentos especiais, frustrações e desafios do festival

Inegavelmente um dos maiores festivais do mundo teve em sua edição 2024 muitos acertos e pontos a melhorar, mas o seu sucesso é incontestável. Destacamos alguns positivos além de alguns desafios do festival, com base na experiência de pessoas que estiveram na Cidade do Rock ao longo destes sete dias de festival.

Com expectativas altíssimas desde sua confirmação durante a edição 2022, o aniversário de 40 anos do Rock in Rio teve seu fim na madrugada desta segunda-feira (23 de setembro) com muitos momentos emblemáticos e outros nem tanto. Contudo, o saldo para o público, para a organização, para os patrocinadores e apoiadores e para a cidade do Rio de Janeiro foi positivíssimo.

A reorganização dos espaços e palcos dentro do evento foi um ponto a favor da experiência de todos, especialmente do público. Por exemplo, o novo posicionamento do Palco Sunset – que nasceu como um palco para abrigar encontros e sempre foi considerado por muitos como secundário, mas que cada vez mais vem ganhando destaque – e seu novo tamanho, semelhante ao Palco Mundo, facilitou a mobilidade de todos e fez jus aos grandes shows de Mariah Carey, Iza, Deep Purple, Gloria Groove, Gloria Gaynor, Ney Matogrosso e NX Zero, só para citar alguns destaques. Os encontros de Olodum com Baianasystem, encontros de nomes do trap como as performances de Veigh e Kayblack; a estreia do Planet Hemp no festival com a participação de Pitty e a homenagem a Alcione com alguns grandes nomes do samba geraram marcas positivas na história do Rock in Rio.

Uma preocupação muito grande da organização do evento é a estrutura básica que envolve alimentação e bebidas, banheiros, limpeza, segurança e pronto-socorro.

O público elogiou as opções de alimentação, desde os diversos fast food espalhados pela Cidade do Rock, quanto o Gourmet Square, espaço com cardápio assinado pela chef de cozinha Heaven Delhaye, porém faltaram mais opções veganas, já que as opções desse tipo eram escassas. Os copos reutilizáveis tinham todo um enredo para ser um  sucesso, uma vez que se tornariam itens colecionáveis e contribuiriam para a diminuição do lixo produzido, reforçando o compromisso com a sustentabilidade e o meio ambiente, uma das bandeiras do evento. Porém o fato de precisar comprar obrigatoriamente um copo diferente para cada bebida, foi uma bola fora, além de não ser prático, acabou fazendo muitas pessoas comprarem um copo a mais que acabou sendo descartado em várias lixeiras pelo caminho.  Os pontos de hidratação, bem espalhados pela Cidade do Rock, foram uma super ajuda para matar a sede dos visitantes.

A sensação de segurança dentro da Cidade do Rock também foi um ponto alto, tendo em vista o tamanho do festival e a quantidade de pessoas envolvidas direta e indiretamente. Os centros de atendimento de emergência, assim como a logística de limpeza foram muito bem elogiados, o que já não aconteceu com os banheiros, que apesar de serem grandes e bem espalhados pelo espaço,  enfrentaram problemas constantemente, alternando entre vazamentos e falta d’água em vários momentos ao longo de todos os dias do festival. Segundo relatos de quem esteve na Cidade do Rock ao longo dos sete dias do evento, o app apresentava problemas também com relação à lotação dos banheiros.

O Rock in Rio sempre teve o compromisso em ser um dos festivais mais inclusivos do mundo, com ações que vão muito além da acessibilidade física. O festival se destacou ainda mais ao criar uma experiência verdadeiramente acolhedora para todas as pessoas, especialmente para quem vive com deficiências invisíveis e neuro divergências, como autismo e TDAH. Confira aqui uma matéria sobre toda a acessibilidade que o evento proporcionou a quem esteve presente. 

desafios do festival
Momentos especiais, frustrações e desafios do festival

Alguns atrasos, falhas de áudio e vídeo e apresentações que de alguma forma não corresponderam às expectativas do público presente marcaram essa edição.

Quem abriu as portas para os atrasos, com quarenta minutos após o horário previsto, o rapper Travis Scott fez sua estreia no evento e deu trabalho para a organização com suas festinhas privadas no camarim. Sem contar na lamentável  situação criada com a apresentação tão aguardada da cantora Ludmilla, que tinha toda uma super estrutura organizada para seu show e teve vetada parte dela,  por conta de restrições em relação ao palco, imposta pelo mimado cantor. Outro rapper estreante no festival, Akon, apresentou mais de 30 músicas em uma performance recheada de playback, chamadas errôneas ao público de “São Paulo” o que resultou em decepção para boa parte daqueles que o aguardavam, algo também percebido na apresentação da cantora sueca Zara Larsson, que também não empolgou e estava deslocada dentro do lineup de seu dia. Mas como não falar da curtíssima participação tão aguardada de Will Smith, que não deu nem pra “lamber os beiços” e “entrar no clima”… o público merecia mais. 

Sem dúvida alguma, o dia que mais foi impactado de diversas formas era justamente “a menina dos olhos” desta edição, o Dia Brasil. Sua programação foi impactada diretamente pelo atraso de mais de uma hora por problemas técnicos na apresentação de nomes do trap e que também gerou a baixa do nome de Luan Santana, que participaria da apresentação com outros artistas do gênero sertanejo e tinha outro show marcado para a mesma data. Ryan SP um dos nomes anunciados também não esteve presente na data alegando uma forte gripe, porém foi visto em um estádio em São Paulo. 

Outros shows como os que reuniam artistas de samba, no Palco Sunset e de MPB, no Palco Mundo, também sofreram com áudio baixo, desorganização e questões técnicas. O fato de termos um Zeca Pagodinho incomodado no palco, disfarçando suas frustrações, não passou despercebido pelas pessoas que estavam com a expectativa alta para o show e se sentiram decepcionados. Já no Palco Mundo, uma grande surpresa tomou conta das pessoas que foram chegando para a apresentação do show de MPB e se depararam com um espaço esvaziado. Vale destacar o compromisso e o profissionalismo de Ney Matogrosso, que abriu o show para poucos que lá estavam, mas cantou  com a mesma dedicação de um show super lotado. O mesmo aconteceu com Zeca Baleiro, que “tocou o barco” com animação e hits que colocaram todos pra cantar. A escolha de “Heavy Metal do Senhor” foi acertadíssima pra iniciar sua apresentação, que também veio chamando mais público.

Performances de bandas como Journey e Evanescence, além da cantora Katy Perry também tiveram ocorrências de áudio e vídeo sentidas pelos presentes.

Momentos especiais, frustrações e desafios do festival

As principais atrações do palco mundo podem não ter sido unanimidade, mas entregaram apresentações a altura de seus nomes em destaque na programação. Ne-Yo se apresentou com chuva de hits, suspiros e muita energia, Ed Sheeran dominou o palco sozinho, Shawn Mendes fechou o palco Mundo no último dia com baladinhas gostosas, Katy Perry transformou a Cidade do Rock em uma grande pista de dança e lançou seu novo álbum “143”. Mas não para por aí, a estreia da princesa do pop, Cyndi Lauper, com grandes sucessos que fizeram o público dançar e cantar a plenos pulmões, teve seu destaque nas top5 de muitos que estiveram por lá.  Quem também chamou muita atenção (como sempre) foi o descamisado Dan Reynolds, com os músculos a energia contagiante e os grandes sucessos do Imagine Dragons.

O retorno do Avenged Sevenfold após 11 anos de seu primeiro show no evento, e até mesmo a performance (com atraso) incendiadora de Travis Scott foram pontos altos. Mas a grande surpresa mesmo fica por conta do hino nacional (não oficial), sendo entoado por uma multidão ao fim do show dos sertanejos Chitãozinho & Xororó.

Compondo também a programação do palco Mundo, a energia de Karol G e Ivete Sangalo, a graciosidade e carisma de Joss Stone e Charlie Puth e a conexão com o público de Matuê com Wiu e Teto foram shows que empolgaram e mantiveram a atmosfera positiva em seus dias. Mesmo com o seu pop-rock certinho, a banda OneRepublic também agradou bastante com seus hits. Jão justificou com um grande show seu nome figurando em alta na música pop nacional e Lulu Santos e os Paralamas do Sucesso, que tiveram grande projeção na primeira edição do festival em 1985, enfileiraram seus hits que acompanharam a história do evento.

momentos especiais, frustrações e desafios do festival
Momentos especiais, frustrações e desafios do festival

Mariah Carey fazendo sua estreia no Rock in Rio cantando grandes sucessos como “We Belong Togheter” e “Hero” justificou a grande expectativa e entrou para a história do festival como o show com maior público do Palco Sunset. No mesmo palco, as bandas Deep Purple e James e o músico Christone “Kingfish” Ingram representaram o rock e o blues na programação de forma excepcional. Iza, grávida de 8 meses, também fechou a programação do Dia Delas com uma grande apresentação. Ney Matogrosso, que abriu o primeiro Rock in Rio em 1985, também fez história em 2024 como o grande intérprete que é.

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