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02 de fevereiro é dia de Iemanjá, a Rainha do Mar que Encanta e Protege

No dia 2 de fevereiro, o Brasil se une em devoção à Rainha do Mar, exaltando sua grandiosidade e o valor inestimável da cultura popular afro-brasileira

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Dia de Iemanjá no Arpoador (RJ)em 2023 – Foto: Mauro Pimentel / AFP

Iemanjá, a orixá das águas salgadas, reina sobre as ondas com a força e a beleza do mar. Mais do que uma divindade, ela é a personificação da fertilidade, da maternidade e da proteção, acolhendo seus filhos em seus braços de mãe. No dia 2 de fevereiro, o Brasil se une em devoção à Rainha do Mar, exaltando sua grandiosidade e o valor inestimável da cultura popular afro-brasileira.

No Candomblé e na Umbanda, Iemanjá é reverenciada como a mãe de todos os orixás. A força mística da orixá se manifesta nos cantos, nas danças, nas oferendas e nos rituais que celebram sua energia ancestral. Sincretizada com Nossa Senhora dos Navegantes, Iemanjá transcende as barreiras religiosas, unindo fiéis de diferentes crenças em um só sentimento de devoção.

As lendas africanas narram a história de Iemanjá, a mãe guerreira que deu à luz a maioria dos orixás. Sua bravura e poder a consagraram como uma divindade poderosa e protetora. A orixá também é conhecida por sua beleza incomparável, encantando a todos com seus trajes azuis e brancos e seus colares de pérolas.

A linhagem familiar de Iemanjá é rica e complexa. Existem diversas lendas acerca da origem de Iemanjá. Uma delas diz que era filha de Oduduwa e Odun, a orixá se casou com Orunmilá, o orixá da sabedoria, e juntos tiveram diversos filhos, como Oxum, Xangô e Iansã. Sua história se entrelaça com a de outras divindades, formando a rica teia da mitologia afro-brasileira. Aqui neste link existem algumas outras versões sobre sua origem.

O culto a Iemanjá se estende para além do Brasil. Em Cuba, ela é conhecida como Yemayá e cultuada na Santería. No Haiti, a orixá é chamada de La Sirène e reverenciada no Vodou. Sua força mística transcende fronteiras, conectando pessoas de diferentes culturas em um só sentimento de fé e devoção.

O nome Iemanjá é um aportuguesamento de uma expressão em iorubá que se referia a essa orixá. A expressão era “Yêyé omo ejá”, traduzida como “mãe cujos filhos são peixes”, numa demonstração da relação desse orixá com a água. Aqui Iemanjá também é conhecida como: Dona Janaína, Senhora das Águas, Mãe dos Orixás, Rainha do Mar, entre outros.

As raízes do culto a Iemanjá no Brasil estão entrelaçadas com a trágica história da diáspora africana. Durante o período colonial, milhões de africanos foram arrancados de suas terras natais e forçados à escravidão nas Américas. Entre eles, estavam os adeptos do Candomblé, que trouxeram consigo sua fé e seus rituais, preservando sua identidade cultural em meio à opressão.

No Brasil, os africanos escravizados encontraram na figura de Iemanjá um símbolo de força e esperança. A orixá do mar representava a mãe que acolhia seus filhos em seus braços, oferecendo proteção e conforto em tempos de sofrimento. Os cantos e as danças em sua homenagem eram uma forma de manter viva a conexão com suas raízes africanas e de celebrar sua cultura ancestral.

Iemanjá
Iemanjá (Imagem: Reprodução | Central de Tecidos)

Para driblar a repressão dos senhores de engenho, os africanos escravizados sincretizaram Iemanjá com Nossa Senhora dos Navegantes, figura da Igreja Católica. Essa estratégia permitia que eles continuassem a praticar sua fé de forma camuflada, sem sofrer represálias.

Com o passar do tempo, seu culto se expandiu e se consolidou no Brasil. As casas de Candomblé se tornaram espaços de resistência cultural e religiosa, onde a tradição era preservada e transmitida de geração em geração.

Hoje, Iemanjá é uma das orixás mais populares do Brasil, reverenciada por milhões de pessoas de diferentes crenças. Sua festa, celebrada no dia 2 de fevereiro, é um dos maiores eventos religiosos do país, reunindo fiéis nas praias e nos templos para celebrar a força da Rainha do Mar.

A história do culto a Iemanjá no Brasil é um exemplo de resistência cultural e fé. É a celebração da ancestralidade africana e da força da cultura popular, que continua a florescer e a encantar o país.

Celebrar Iemanjá é celebrar a vida, a tradição e a esperança. A Rainha do Mar nos ensina sobre a força da mulher, a importância da ancestralidade e a beleza da fé. Que sua luz continue a nos guiar e proteger, hoje e sempre.

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