Por Carlos Guimar e Ivo Frazão*
Com o avanço da vacinação no País e o cansaço do brasileiro em passar mais de um ano e meio em isolamento social, o turismo no Brasil começar a sentir melhoras
Todos estes longos meses de pandemia colocou em risco o setor de turismo brasileiro, que responde por cerca de 8.1% do PIB e emprega, de forma direta ou indireta, por volta de sete milhões de profissionais.
Somente nos meses iniciais do surto ocasionado pela Covid-19, quase 50 mil empresas ligadas ao setor fecharam as portas, sendo mais de 95% entre pequenos ou micro negócios. Neste mesmo período, segundo a FGV (Fundação Getúlio Vargas), houve perdas na casa de 160 bilhões de reais.
Porém, o avanço da vacinação no País e o cansaço do brasileiro em passar mais de um ano e meio em isolamento social, fez o turismo no Brasil começar a sentir melhoras. De acordo com o boletim de junho da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), 67% das empresas encerraram o primeiro semestre deste ano com até 25% do faturamento do que costumava ser antes da pandemia. Destinos nacionais, como Maceió, Rio de Janeiro e Gramado, estão entre alguns dos destinos preferidos do turista, que prefere segmentos como luxo, sol e praia, bem-estar, ecoturismo e aventura.
Diante deste cenário, fica a pergunta: o que será novo ou permanecerá como velho normal para o turista nesta retomada?
Iniciando pelo velho, não falta a vontade de colocar os pés na estrada, mas agora há novas exigências específicas criadas com a pandemia e que seguirão como regra e diferenciais na escolha dos serviços. Investimentos aqui não devem ser considerados temporários, o que significa contar com apoio técnico continuo para que as decisões sejam assertivas pensando em ações permanentes. Isso significa entender o que, onde e quanto devem existir mudanças, o que ajudará a gastar devidamente.
A situação criou um turista mais exigente e os sinais comprovam esta afirmação: o Brasil aparece como um dos 10 primeiros países a ter protocolos de biossegurança voltados para a atividade turística, o que envolve a criação de um selo de turismo responsável, estabelecendo boas práticas para higienização. Desta forma, é possível afirmar que os novos pacotes de viagens passam a ser assinalados com as premissas ‘Segurança, Saúde e Higiene’.
Estabelecer uma segurança inteligente, ágil e tecnológica, criando barreiras para todos os riscos, e que não seja invasiva, não incomode e não demande tempo nem filas deve ser um propósito para todos que estão envolvidos nas diversas etapas e atividades do setor. Sendo assim, o que as pessoas devem observar e considerar no planejamento de uma viagem segura?
O novo turista precisa estar atento à sua segurança biológica desde o momento que sai de casa e começa sua viagem. Além de levar seu passaporte e guia de viagem, não deve esquecer dos seus novos acessórios indispensáveis: máscaras e álcool gel. No trajeto para uma rodoviária ou aeroporto, escolha um transporte com menos riscos, ao invés de ônibus ou metrô, dando preferência aos táxis ou aos carros de aplicativos de mobilidade, que estão aplicando rígidas políticas para manter seus veículos seguros e higienizados.
Evitar aglomerações nas rodoviárias ou nos aeroportos também é um desafio, mas esta situação não se restringe apenas à preocupação do turista. Os gestores desses espaços estão se municiando cada vez mais de tecnologia para auxiliar aqueles que estão transitando nesses ambientes no dia a dia. Câmeras térmicas instaladas em locais estratégicos fazem uma varredura em tempo real gerando alertas sobre pessoas que apresentam temperaturas acima do permitido, o que torna o processo de verificação mais eficiente do que ter uma ou duas pessoas checando manualmente a temperatura de cada transeunte nos portões de entrada. Isso só geraria filas e aglomerações no lado de fora.
Nesses grandes espaços, algoritmos de inteligência artificial e visão computacional podem ainda identificar regiões onde existem aglomerações e informar aos membros da equipe mais próxima para se dirigirem ao local para dissipar o acúmulo de pessoas. Essas mesmas tecnologias também possibilitam o auxílio na gestão de filas de check-in, identificando quando ela começa a ficar muito grande ou o número de baias de check-in funcionando está abaixo do mínimo. Neste caso, é disparado um alerta para o supervisor do setor direcionar mais colaboradores para a abertura de novas baias de atendimento. Todas essas medidas, quando somadas à rigorosa higiene feitas nas aeronaves e ônibus, permitem que a viagem até seu destino turístico seja feita com segurança.
No hotel de destino da hospedagem, o novo turista também vai encontrar mudanças na sua rotina. O check-in e a apresentação dos documentos poderão ser feitos por totens de autoatendimento. Aquele tradicional formulário padrão “de onde você veio e qual o motivo da viagem” pode ser respondido de forma eletrônica pelo celular. Este mesmo dispositivo pode servir para a abertura da porta do quarto, criando uma experiência touchless. E as refeições, que tradicionalmente reúne vários hóspedes, devem passar para o sistema a la carte ou, quando servido em buffet, seguir medidas protocolares de proteção, como uso de luvas e máscara para se servir.
O novo turista deve perceber que agora novos hábitos e procedimentos passam a valer. E o uso cada vez mais abrangente de tecnologia garantirá uma viagem segura, não só com relação à sua segurança física e patrimonial, mas também em relação à sua segurança biológica.
*Carlos Guimar é especialista em segurança pública e privada e diretor associado de segurança empresarial na ICTS Security, consultoria e gerenciamento de operações em segurança, de origem israelense, e Ivo Frazão é diretor do produto áudio alerta da Avantia, líder em tecnologia para o mercado de segurança.
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