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Proibição, lutas e conquistas: como as atletas brasileiras conseguiram o direito de competir e brilham no esporte

Atletas brasileiras lutaram para conquistar o direito de participar de competições e praticar atividades antes proibidas por lei

atletas brasileiras

Quem olha para o esporte em 2021 pode não encontrar as marcas das lutas das mulheres para simplesmente competir. De modo geral, a primeira participação feminina em Olimpíadas aconteceu em 1900, após a primeira edição, em 1896, ser proibida para elas e, ainda assim, apenas duas modalidades foram liberadas: tênis e golfe. Especificamente no Brasil, um decreto-lei impediu que elas praticassem esportes “incompatíveis com a sua natureza”, que só foi derrubado em 1979. Apenas em 2012 as mulheres puderam competir em todas as categorias que os homens já disputavam.

Para a conquista do espaço no meio esportivo, diversas atletas brasileiras precisaram lutar pelas vagas e para conseguir se manter no meio sem o devido cuidado e investimento que as federações e os comitês tinham em relação à delegação masculina. A primeira mulher brasileira a disputar uma Olimpíada foi Maria Lenk, em 1932, nos jogos de Los Angeles. A nadadora também foi a primeira a utilizar o nado estilo borboleta na prova dos 200 metros – desta vez, em 1936, que posteriormente seria oficializado.

O incentivo de outras categorias chegou, enfim, ao esporte mais popular do país: o futebol. No entanto, na mesma época, o governo de Getúlio Vargas tratou de proibir a prática com um decreto-lei. Dentro desta especificação, futebol – de campo, de salão e de praia –, lutas de qualquer natureza, polo aquático, rugby, halterofilismo e beisebol se enquadram. 

“Às mulheres, não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza, devendo, para este efeito, o CND baixar as necessárias instruções às entidades desportivas do país”, determinava o Decreto-Lei 3.199 do Conselho Nacional de Desportos (CND), em 1941.

Em paralelo, as atletas brasileiras começaram a praticar outros esportes, mas com pouco destaque em competições. Em 1964, Aída dos Santos, uma das maiores atletas brasileiras, foi a única mulher da delegação do país nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Para participar, ela viajou sem técnico e sem equipamentos necessários e também não contou com apoio médico ou financeiro da federação brasileira. Aída foi atendida, no entanto, por médicos da delegação cubana e precisou implorar à fornecedora de material esportivo por uma sapatilha para a competição. A atleta conseguiu um quarto lugar inédito no salto em altura.

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Foi apenas 50 anos depois da proibição que as mulheres puderam, enfim, participar de uma Copa do Mundo Feminina, somando os anos do decreto-lei e do tempo discorrido até que a FIFA criasse o torneio. O Brasil foi a única equipe da América do Sul na disputa. A equipe caiu ainda na fase de grupos, após uma vitória sobre o Japão, e duas derrotas para Estados Unidos e Suécia. Atualmente, Marta, jogadora parte da Seleção Brasileira, já foi eleita a melhor do mundo seis vezes, feito inédito no feminino e no masculino. 

Três anos depois da Copa do Mundo Feminina, Hortencia, Magic Paula e Janeth deram destaque ao basquete feminino ao comandarem a Seleção Brasileira no Campeonato Mundial. Ainda assim, dois anos depois, receberam uniformes do mesmo tamanho que o da equipe masculina para a disputa da Olimpíada de Atlanta – quando conquistaram a medalha de prata – e precisaram buscar por costureiras para ajustar as roupas. Essa geração foi marcante para o avanço da categoria no Brasil, que, a partir deste momento, começou a ser valorizada pela população e, em partes, pela CBB (Confederação Brasileira de Basquete), com o uso de camisetas com os nomes das atletas, do tênis Jordan feminino – símbolo do esporte –, além de mais investimento na modalidade.

Foi apenas em 2012, nas Olimpíadas de Londres, que todas as modalidades tinham a participação feminina. Para isso, demorou 116 anos, contando desde a primeira edição, para que as mulheres pudessem competir em todas as categorias. 

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