O incrível fascínio pela cidade aos pés do Vesúvio e destruída há dois mil anos continua. Em Paris, uma exposição em 3D, no Grand Palais, permite conhecê-la muito de perto em um passeio imperdível.
Para quem tem a oportunidade de estar em Paris neste momento, não pode perder a chance de visitar uma exposição sensacional no Grand Palais que permite aos visitantes vivenciar a derrocada de Pompeia com tecnologia 3D. A mostra pode ser visitada até setembro de 2020.
Esta exposição digital imersiva sobre Pompéia foi inaugurada originalmente em março, mas foi adiada devido à pandemia do COVID-19, e coloca os visitantes no local histórico poucas horas antes da erupção do Vesúvio, usando imagens 3D para apresentar recriações tanto da cidade antiga quanto do moderno sítio arqueológico.
A Reunião des Musées Nationaux – Grand Palais uniu forças ao Parque Arqueológico de Pompeia e à empresa GEDEON Programs para oferecer aos visitantes um novo tipo de experiência. As tecnologias avançadas implementadas incluem mapeamento a laser, fotografia por drone, termografia, imagens infravermelhas e fotogrametria para fornecer reconstruções 3D extremamente precisas. A experiência digital é acompanhada por sons da cidade e música original projetada para despertar os sentidos, e mergulha os visitantes no coração de Pompéia, dando-lhes a impressão de participar da vida agitada da cidade, seu destino fatal e redescoberta gloriosa.
Viagem à Antiguidade
Um passeio pelas ruas de Pompeia, uma das cidades mais bonitas do Império Romano, é como uma viagem no tempo para a vida no ano 79 d.C.. O clima ameno permite às videiras crescerem nas encostas férteis do Vesúvio. De muitas casas, pode-se até ver o mar. É isso que o Grand Palais propõe nesta exposição 3D.
Com mais de 60 hectares, Pompeia é uma cidade grande. Oito portões e 11 torres de vigia garantem a segurança de seus cidadãos. Os romanos ricos atribuíam grande importância ao luxo: um teatro e banhos termais ofereciam variedade de lazer, os atletas tinham uma grande instalação esportiva sob plátanos e uma piscina os ajudava a se refrescar. O templo de Júpiter ficava no fórum, a praça central.
As magníficas mansões dos cidadãos mais ricos tinham pátios internos cercados por colunas, mosaicos com ornamentos no chão e lindos murais. Assim podia ser uma morada típica de dois mil anos atrás.
Uma das principais atrações de Pompeia, esta é uma das mansões mais bem preservadas da Antiguidade. Aparentemente, a casa também servia como local de culto a Dionísio, o deus grego do vinho e do êxtase. À medida que os festivais em homenagem a Dionísio (chamado de Baco pelos romanos) eram cada vez mais marcados por excessos, o Senado os proibiu em 186 a.C..
Tendas de comida e fontes
Mas nem todos os moradores de Pompeia eram ricos ou celebravam orgias. Muitos viviam modestamente e trabalhavam como agricultores, padeiros ou moleiros. Eles compravam alimentos em barracas públicas de comida, uma espécie de lanchonete da Antiguidade, e buscavam água das fontes nas ruas. As mulheres pediam apoio a Diana, considerada a deusa da fertilidade e do parto.
Navios vindos da Grécia, Espanha, norte da África e Oriente Médio chegavam ao porto perto da cidade com papiro, especiarias, frutas secas e cerâmica. Os comerciantes trocavam essas mercadorias por produtos locais, como grãos, vinho e o tão procurado molho de peixe fermentado garum, um dos ingredientes básicos da cozinha da Roma Antiga. Esses jarros sobreviveram incólumes por milhares de anos.
Quando a terra tremeu
Os habitantes de Pompeia desconheciam os perigos do vulcão até a terra tremer em 20 de agosto de 79 d.C., acompanhada por um profundo estrondo vindo das profundezas. Encanamentos quebraram, e paredes racharam. As pessoas pediram a ajuda aos deuses em frente ao Lararium, um santuário de culto e começaram a arrumar os estragos.
Aquele não foi o primeiro grande terremoto a abalar a região. Já em 62 d.C., muitos prédios haviam desabado. Os moradores os reconstruíram – mais esplendidamente do que antes. Isso também é evidenciado por uma ruína de uma área de banho. Ninguém sabia, 17 anos depois, que uma catástrofe terrível estaria prestes a acabar com a cidade e matar muitos de seus moradores.
Morte na fuga
A terra tremeu por vários dias, até o Vesúvio começar a cuspir cinzas e pedras no amanhecer de 24 de agosto. Muitas pessoas morreram soterradas por escombros ou sufocadas pelas cinzas. As que sobreviveram foram vitimadas pelo devastador fluxo de lava que se seguiu. Séculos depois, as cavidades deixadas pelos cadáveres nas rochas foram preenchidas com gesso. O pânico ainda é perceptível.
Narrações de Plínio e Tácito
Graças a Plínio sabe-se tanto sobre os últimos dias de Pompeia. A pedido do historiador Tácito, o sobrinho de um morador de Pompeia descreveu o que seu tio moribundo lhe contou. Durante muito tempo, acreditou-se que a erupção do Vesúvio teria sido em agosto, mas alguns historiadores acham ser provável uma data no outono europeu.
Séculos no esquecimento
Cerca de 2 mil dos aproximadamente 20 mil habitantes foram encontrados. Os cientistas acreditam que muitas pessoas conseguiram fugir a tempo. Esquecida por séculos, Pompeia foi descoberta acidentalmente em 1594 por trabalhadores, que encontraram antigas passagens subterrâneas com inscrições e bustos. A primeira escavação arqueológica ocorreu apenas 200 anos depois, sob o comando do Rei Carlos de Bourbon.
Mas só em 1860 foi iniciada a escavação sistemática de Pompeia. Uma camada de cinzas de quase sete metros de espessura havia caído sobre a cidade. Até hoje, Pompeia não está totalmente exposta. Na perspectiva de hoje, a catástrofe é uma dádiva divina para os arqueólogos, porque a erupção vulcânica preservou a vida cotidiana romana como um instante perpetuado para a posteridade.
Visita virtual no Grand Palais
O Museu Grand Palais, de Paris, presta homenagem a Pompeia com uma extraordinária exposição digital. Ao lado de vários objetos, o foco da mostra é uma reconstrução em 3D, graças à qual os visitantes podem mergulhar na história da cidade. A exposição vai até 27 de setembro de 2020.
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