Iniciativa vem em um momento no qual é registrado o aumento dos casos de violência doméstica e do feminicídio em diferentes regiões do mundo durante a pandemia
Até o dia 19 de junho, o novo coronavírus já havia infectado mais de 8,2 milhões de pessoas e provocado mais de 445 óbitos em todo o mundo. Foi nesse dia que o Brasil ultrapassou um milhão de casos confirmados e mais de 48 mil mortes em seu território.
Além do aumento de falecimentos em escala global, a atual pandemia provocou a suspensão temporária de atividades comerciais, com exceção de alguns poucos, como supermercados e farmácias, a alta de desemprego e das desigualdades sociais em boa parte dos países no mundo.
A explosão de registros de casos de violência doméstica e feminicídio, assassinato de mulheres por causa de seu gênero, foi outro grave problema agravado em diferentes regiões do mundo durante o confinamento social provocado pela COVID-19.
Pensando nas mulheres, as universidades públicas brasileiras vêm organizando cursos de formação a fim de conscientizar todos os cidadãos, incluindo os homens, sobre os direitos femininos.
Feminismos: algumas verdades inconvenientes
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) foi a responsável pelo curso Feminismos: algumas verdades inconvenientes. Disponível na plataforma Lumina, que divulga aulas virtuais organizadas pela Universidade, o curso é aberto a todos os interessados.
Composto por 11 módulos, ele tem uma carga horária de 20 horas e aborda algumas questões essenciais ao movimento feminista, tais como direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, feminismo negro, feminismo trans, carreira, família, desafios enfrentados pelas mulheres no mundo dos negócios e a história do movimento feminista.
Cada módulo é composto por vídeos, um podcast e uma seção denominada “Saiba Mais”, que traz referências adicionais sobre o tema discutido para quem quiser se aprofundar mais naquele assunto.
Para obter o certificado de conclusão desse curso, os interessados devem responder a um questionário objetivo, após acompanhar todos os módulos. O curso ressalta que o feminismo é um movimento plural, com diferentes abordagens e demandas.
Explosão da violência contra a mulher
O aumento dos casos registrados de violência contra as mulheres foi visto em diferentes regiões do mundo durante a pandemia. Na China, algumas delegacias de violência doméstica triplicaram no mês de fevereiro, quando o país aplicava a política de lockdown, confinamento social, obrigatório e rígido.
Nos meses de março e abril de 2020, o Brasil viu um aumento de 22,2% do número de feminicídios em seu território, em comparação ao mesmo período de 2019. A mesma situação foi vista em outros países da América Latina e Central: na Venezuela, houve um aumento de 65% em abril, e em El Salvador, um acréscimo de 30 vezes.
Já na França, viu-se uma brutal redução das ligações registradas no telefone emergencial criado para acolher denúncias de violências domésticas. Esse fenômeno levantou o debate sobre a eficácia desses atendimentos via aparelho telefônico em um contexto de pandemia: como a mulher vai ligar para denunciar se está convivendo durante 24 horas com o marido agressor?
Iniciativas criadas na pandemia
Na França, o serviço de atendimento dessas violências pela Internet foi mantido funcionando por 24 horas a cada dia. No site, a vítima pode pedir ajuda a policiais por chat e, nele, existe um botão de emergência que fecha a página e apaga mensagens anteriormente enviadas caso a mulher se sinta em perigo ou quando o agressor chega no ambiente onde ela e o computador se encontram.
A partir desse debate, a Espanha declarou essenciais os serviços para atender mulheres vítimas de violência doméstica, mantendo centros especializados e abrigos em funcionamento para acolhê-las durante a pandemia.
Além disso, a Espanha também anunciou a criação de uma nova ferramenta que permite denúncias por mensagens com geolocalização. Esse alerta será encaminhado para a polícia, que usará a geolocalização para se dirigir ao local da denúncia.
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