No livro Bahia de Todos-os-Santos, autor “apresenta” seu roteiro em Salvador, mostrando as belezas e mazelas da capital baiana
O livro Bahia de Todos-os-Santos: Guia de Ruas e Mistérios, escrito por Jorge Amado em 1944, é um verdadeiro roteiro poético da cidade de Salvador. Longe de ser um guia de turismo tradicional, a obra celebra as peculiaridades da metrópole baiana ao mesmo tempo em que denuncia suas mazelas.
Nela, o autor de Gabriela, Cravo e Canela, Jubiabá e Capitães de Areia, descreve as inúmeras belezas arquitetônicas da cidade da Bahia — como chamava a capital –, as maravilhas naturais, gastronômicas e toda a riqueza cultural que está presente no cotidiano de seus moradores. O livro, revisto ao longo dos anos para adição de informações, se transformou em um excelente relato que ajuda a entender a dinâmica de uma das cidades mais antigas do Brasil.
“A Bahia te espera para sua festa mais quotidiana. Teus olhos se encharcarão de pitoresco, mas se entristecerão também ante a miséria que sobra nestas ruas coloniais, onde começam a subir, magros e feios, os arranha-céus modernos”, diz o autor. Abaixo, listamos quatro locais citados por Jorge Amado na obra. Confira:
Roteiro em salvador
Itapuã
“Recordo Itapuã quando ainda não era bairro chique, elegante, de gente famosa e rica”, diz o autor, no início da seção dedicada à praia eternizada pela canção de Vinícius de Moraes. Hoje, a praia continua sendo uma das mais visitadas por turistas. Distante do centro urbano da cidade, é famosa por seus coqueiros, pelo mar aberto e pelas excelentes opções gastronômicas.
Pelourinho
O Pelourinho, destino obrigatório de todo mundo que compra uma passagem aérea para Salvador, é descrito por Jorge Amado como “o coração da vida popular baiana”. Situado na parte antiga da cidade, compreende praças, ruas e cinco das igrejas mais suntuosas da cidade, incluindo a de São Francisco e a da Ordem Terceira.
Mas, para o autor, mais importante do que a arquitetura dos grandes sobrados da região é a história que o local conta. Palco do castigo dos negros na época da escravidão, sua beleza é feita de pedra e sofrimento. “Toda a riqueza do baiano, em graça e civilização, toda a pobreza infinita, drama e magia nascem e estão presentes nessa antiga parte da cidade”, diz no livro.
Orla marítima
A orla de Salvador sempre foi um local muito apreciado, tanto pelos moradores da cidade, quanto pelos turistas. Na época em que escreveu seu guia, Jorge Amado disse que “a cidade se estende no sentido das praias, cresce na orla marítima, hoje plena de restaurantes, boates, clubes, bares e belas, magníficas residências”.
Ao longo da orla, é possível visitar atrações como o Forte de Santo Antônio e o Farol da Barra, que abrigam o Museu Náutico da Bahia, cujo acervo conta com peças de arqueologia submarina, réplicas de embarcações, equipamentos para navegação, cartas náuticas e outros documentos.
Ainda no livro, o escritor lista uma série de bairros que se localizam na orla marítima de Salvador — entre eles, o Rio Vermelho, que hoje abriga a Casa do Rio Vermelho, antiga residência de Jorge e sua esposa, a também escritora Zélia Gattai. O imóvel foi convertido em um museu que conta a história do casal e de suas obras.
Rampa do Mercado
“Um dos lugares mais fascinantes do mundo, a rampa do mercado no cais da Bahia”, assim Jorge Amado começa o capítulo que fala sobre o espaço localizado entre dois dos maiores pontos turísticos da capital baiana: o Elevador Lacerda e o Mercado Modelo.
No livro, o escritor descreve o movimento da região em 1944, com o vaivém dos transportadores de frutas tropicais e dos pescadores. Hoje, o lugar segue movimentado com o trânsito de turistas e moradores, mas já sem a presença da célebre Fonte da Rampa do Mercado, monumento do artista baiano Mário Cravo Júnior, construído nos anos 1970 e consumido em um incêndio no final de 2019.
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