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Destinos turísticos limitam acesso de visitantes

Conheça alguns destinos turísticos que optaram por receber menos visitantes

Na contramão de muitas cidades e países que buscam atrair cada dia mais visitantes para conhecer suas paisagens, cartões postais como Veneza, Amsterdã, Barcelona, ou até o pequeno Butão, entre outros, decidiram limitar, ou até mesmo proibir, o ingresso de turistas, após sofrer com as consequências negativas do turismo de massa.

Obviamente que o turismo desordenado é preocupante em qualquer parte do mundo e, por conta disso, algumas localidades estão adotando medidas extremas após sofrer com as consequências negativas do turismo de massa: caos urbano, deterioração dos recursos naturais, especulação imobiliária desenfreada, surgimento de centenas de restaurantes de fast food e lojas de souvenirs, além de protestos dos habitantes insatisfeitos.

Veneza, uma das cidades mais prejudicadas por esse crescimento turístico desordenado, por exemplo, já anunciou que a partir do ano que vêm o número de turistas que acessarão ao arquipélago será limitado.

Antiga potência marítima e mercantil, hoje Veneza corre o risco de ser dominada pelas hordas de turistas. A romântica cidade italiana anda enfrentando um gigantesco afluxo de turistas: já são mais de 20 milhões por ano. Esse enorme volume de gente está deixando a cidade inabitável para os venezianos, que por consequência estão abandonando suas casas, que estão sendo transformadas em pousadas e anunciadas no AirBnb.

Recentemente um referendo reforçou que 18 mil venezianos se posicionaram contra o ingresso de grandes navios de cruzeiro dentro da Laguna de Veneza. Dando sequência às novas medidas de proteção ao patrimônio a prefeitura também anunciou que está estudando limitar os acessos diários ao centro histórico da cidade.

Barcelona, na região da Catalunha, na Espanha é outra cidade que vive o mesmo drama. A prefeita propôs a introdução de um novo imposto turístico e a limitação do número de visitantes, além de apresentar na Câmara Municipal um plano que proíbe a construção de novos hotéis nos bairros que recebem a maior quantidade de turistas. Ela também declarou guerra aos sites de aluguel de curto prazo, como AirBnb, que sofreu uma multa de 30 mil euros (cerca de R$ 110 mil). E a população parece aprovar essa linha-dura da prefeita, afinal, o crescimento descontrolado do turismo, que prejudicou a vida cotidiana dos moradores precisa ser combatido.

Em Amsterdã, na Holanda o cenário segue a mesma linha dramática. O chefe do Departamento de Marketing da cidade, Frans van der Avert, já deixou claro que a capital holandesa está acolhendo turistas demais. “As cidades estão morrendo de turismo. Ninguém mais vai querer morar nos centros históricos. Muitas cidades históricas menores na Europa estão sendo destruídas pelos visitantes”. No Fórum Mundial de Turismo Frans van der Avert ainda enfatizou “Não iremos gastar mais um centavo em marketing para promover Amsterdã. Não desejamos ter mais pessoas. Queremos aumentar a qualidade dos visitantes. Queremos pessoas que estejam interessadas na cidade, e não que a transformem em um cenário de festa. Temos muitos visitantes que não respeitam o caráter da cidade. As companhias aéreas de baixo custo criaram um problema. Os passageiros da Ryanair são os piores”.

A Ilha de Santorini, na Grécia já adota medidas de controle aos visitantes desde 2016 para evitar que esta invasão turística de massa deteriore ainda mais seu patrimônio. Muito famosa por suas paisagens deslumbrantes e românticas, a ilha chegou a receber mais de 10 mil turistas por dia. Uma massa humana que desembarcava simultaneamente de gigantescos navios de cruzeiros. Hoje apenas 8 mil pessoas podem visitar a ilha por dia.

Seguindo a mesma linha de controle turístico, Cinque Terre, área costeira do noroeste da Itália, declarada Patrimônio Mundial da Unesco, também foi obrigada a se proteger da maré dos turistas. Com um número cada vez maior de visitantes, desde fevereiro de 2016, Cinque Terre introduziu um sistema de emissão de ingresso e limitou a venda a 1,5 milhão de pessoas por ano. Até o verão anterior a aplicação do limite, mais de 2,5 milhões de turistas chegaram na região para visitar o conjunto de cinco pitorescas aldeias marítimas conectadas por caminhos estreitos cavados na rocha dos penhascos.

E quem diria que Seychelles, um arquipélago de 115 ilhas ao largo da costa oriental da África também vem sofrendo com esse turismo desordenado? Pois bem, esse destino popular para turistas e famosos também levou o Ministro do Turismo e Cultura de Seychelles a anunciar em abril que está planejando um teto para o número anual de turistas admitidos no arquipélago para preservar o futuro do pequeno país, visitado todos os anos por cerca de 250 mil pessoas, seis vezes o número de habitantes.

Destinos na moda como a Croácia estão enfrentando problemas sérios também. Em Dubrovnik, no ano de 2016 foi registrado um recorde insustentável: 10 mil visitantes em apenas um dia. É um volume demasiado preocupante para o pequeno centro histórico dessa vila medieval, declarado patrimônio da humanidade da UNESCO. Uma explosão turística provocada pelo seriado “Games of Thrones”, cujas principais cenas foram filmadas em Dubrovnik, tem sido uma das razões deste volume de turistas. Atualmente, para conter as hordas de turistas que estão invadindo a cidade trazendo problemas de todos os tipos, foi implementado um teto de visitantes: 6 mil turistas por dia no máximo.

Este pedido de limitar o acesso a cidade veio diretamente da Unesco. A organização alertou que a enorme expansão do número de visitantes, especialmente aqueles vindos em cruzeiros, gera riscos para a conservação dos monumentos históricos de Dubrovnik e cobrou medidas da Prefeitura. Cercada pelas águas cristalinas do mar Adriático, a Cidade Velha possui igrejas, monastérios, palácios e fontes de estilos gótico, renascentista e barroco, tudo cercado por uma imensa muralha medieval.

A Islândia que é um dos destinos mais populares do mundo também vem sofrendo sérias consequências dessa falta de controle. O boom turístico trouxe a essa ilha do norte da Europa uma grande riqueza econômica, mas colocou uma pressão enorme sobre os recursos naturais do país, que conta com uma população de apenas 332 mil pessoas. Em 2016, somente os turistas dos EUA que desembarcaram na Islândia foram mais do que que a população local inteira. No total, em 2017 os turistas que chegarão na ilha são estimados em cerca de 2,3 milhões. É muito mais do que a ilha que possui uma rica natureza e incríveis paisagens pode suportar. Esse turismo de massa está colocando em risco a preservação da biodiversidade islandesa. Por isso, o governo está considerando limitar o número de turistas permitidos em alguns dos pontos turísticos mais populares para proteger suas maravilhas naturais.

Mais um destino em plena ascensão, e modinha entre brasileiros, a Tailândia também está limitando o volume de turistas, em alguns lugares, o acesso está proibido por causa das preocupações ambientais do governo local. Um dos principais destinos de mochileiros do mundo inteiro está repensando suas estratégias de divulgação turística.

Em maio de 2016 o acesso às ilhas de Koh Khai Nok, Koh Khai Nui e Koh Khai Nai, conhecidas pelos incríveis corais coloridos e muito populares entre os turistas de Phuket, foi estritamente proibido. O Departamento de Recursos Marinhos e Costeiros (DMCR, na sigla em inglês) da Tailândia informou que até 80% dos recifes foram degradados por causa da presença maciça de turistas, levando assim a decisão de proibir o acesso as ilhas.

Com um controle ainda maior e visando um turismo mais qualificado, o Butão, pequeno país asiático, conhecido como o país da felicidade, radicalizou com cobrança de taxas. O turismo no Butão só começou em 1974, e já na época as autoridades locais decidiram regulá-lo de forma muito rígida para preservar a paisagem intocada do país e sua cultura única. O reino do Himalaia escolheu uma política turística definida como “de alto valor e baixo impacto”. Isso significa que o número de turistas é limitado e que os visitantes têm que pagar cerca de R$ 780 por dia, por vistos e taxas para poder admirar as belezas do país.

 

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