por Josélia Pegorim/Climatempo
A cena das pessoas andando de bermuda e camisetas de mangas curtas em Nova Iorque, na época de Natal, certamente fará parte das imagens especiais de 2015. Para a população de Holly Spring, no Mississippi, a imagem da destruição causada pelos tornados também será um dos mais inesquecíveis “presentes de Natal”. Fora as destruições materiais, seis pessoas morreram nesse estado. Tornados acontecem na região do Mississippi e dos outros estados do centro-sudeste dos Estados Unidos, mas são raros no inverno como agora. A época mais comum é na primavera.
Com os termômetros passando dos 20°C, não dava para se enrolar em gorros, luvas e cachecóis e muito menos para nevar. No dia 24 de dezembro, a temperatura máxima em Nova Iorque foi de 22,2°C, a mais elevada para uma véspera de Natal na história climática de Nova Iorque, segundo informação do serviço nacional de meteorologia dos Estados Unidos (NWS, na sigla em inglês).
Efeitos do El Niño
O calor nova-iorquino e os tornados são fenômenos atípicos para esta época do ano e são consequência do fenômeno El Niño, que voltou a ser observado em 2015. Este não é um El Niño qualquer, mas dos mais fortes já observados desde os anos 1950 e que ainda terá forte influência sobre o clima global durante todo o verão 2016.
As mudanças na circulação dos ventos em diversos níveis atmosféricos provocadas pelo El Niño fazem com a porção norte/nordeste dos Estados Unidos receba menos ar polar, o que resulta em temperaturas acima do normal, menos frio e menos neve.
O El Niño faz com que a corrente de jato, região de ventos intensos a 10 km de altitude orientada de oeste para leste, seja deslocada para regiões ao sul dos Estados Unidos, o que estimula a ocorrência de situações de tempo severo.
O ano de 2016 vai começar até frio em Nova Iorque, mas com muito sol e sem condições para neve. A previsão do NWS é que a temperatura na noite do dia 31 de dezembro de 2015 fique em torno dos 3°C. O dia 1º de janeiro de 2016 deve ser com sol e frio, com temperatura máxima em torno dos 7°C.
O fenômeno El Niño ainda vai atuar forte durante todo o inverno no Hemisfério Norte, ou o verão no Hemisfério Sul. Assim, outras estranhezas climáticas poderão ocorrer. Na América do Sul, milhares de pessoas estão desalojadas e desabrigadas pelas enchentes dos rios de fronteira entre o Brasil, o Paraguai, o Uruguai e o Norte/Nordeste da Argentina, provocadas pelo excesso de chuva que vem sendo gerado pelo El Niño, desde julho de 2015.