Mais do que dinheiro e disponibilidade de tempo, viajar para outro país para estudar ou trabalhar requer preparação e boa vontade Especialista no assunto aponta dicas fundamentais para quem deseja se aventurar no exterior ano que vem
Chega dezembro e os planos para o ano seguinte começam a fervilhar na mente de todo mundo. Dietas, objetivos profissionais e viagens pintam no imaginário de quem deseja viver novas experiências. Um projeto cada vez mais considerado pelos brasileiros é o intercâmbio. Somente em 2014, segundo a Brazilian Educational & Language Travel Association (Belta), mais de 233 mil intercambistas (jovens e adultos) saíram do país para experimentar culturas diferentes. E, apesar da crise e a volatilidade do dólar, a expectativa dos especialistas no assunto é que em 2016 a busca aumente. Os motivos vão além da experiência de turismo e ultrapassam os valores educacionais, emocionais e profissionais.
Justamente por isso, é preciso tomar cuidado e ter critério para escolher para onde ir e não deixar a boa recordação virar um trauma. Algo que o AFS Intercultura Brasil, instituição sem fins lucrativos especializada em intercâmbios, trabalha para evitar. Com quase 60 anos de experiência na democratização do intercâmbio no Brasil, a ONG aponta que é preciso planejar a viagem com sabedoria para aproveitá-la em sua totalidade.
– O intercâmbio é uma oportunidade dos jovens se tonarem o novo líder necessário no século XXI. A partir dessa experiência, os estudantes passam a ter sensibilidade a outras culturas, habilidade de se sentir confortável em ambientes não familiares, ver o mundo sob ângulos diferentes, entender a razão de alguns atos, até então, pouco compreendidos – afirma Andreza Martins, diretora nacional do AFS Intercultura Brasil.
Para não perder essas oportunidades do horizonte, Andreza aponta sete dicas fundamentais para levar em consideração antes de embarcar para um intercâmbio e conseguir aproveitar o período fora sem dor de cabeça.
1 – Gastos
A desvalorização do real no mercado internacional em 2015 gerou mais custos para os estudantes que sonham em ir para a Europa e os Estados Unidos. No entanto, ainda existem excelentes oportunidades de intercâmbio em países da América Latina, América Central e na África. Países como a Colômbia, Argentina, Peru e Chile tiveram a moeda local tão enfraquecida como a nossa e isso reduz os custos locais.
2 – Procedência
Com a crise, é bem provável que surjam promoções mirabolantes por parte das empresas e as instituições que queiram levar os intercambistas a custos duvidosos. É preciso pesquisar e tirar dúvidas com pessoas que já experimentaram e que possam oferecer um feedback fiel da viagem. Existem muitos locais que fornecem o contato com ex-participantes para que eles possam tirar dúvidas. Caso não haja essa opção, busque por grupos ou fóruns na internet para encontrar referências positivas e negativas.
3 – Pacotes de viagens
Informe-se detalhadamente sobre como funcionam os pacotes de viagem oferecidos. Algumas agências ou instituições podem oferecer apenas a estadia, e a passagem ficará por fora, por exemplo. Portanto, é preciso estar bem atento às pegadinhas. Nunca deixe de fazer a comparação de preços e benefícios incluídos.
4 – Hospedagem
Antes de ir, busque saber mais detalhes sobre o lugar que você ficará hospedado. Lembre-se de que você pode morar até um ano no mesmo local, portanto, é importante ver se o deslocamento para as áreas centrais é muito grande, se há segurança, riscos naturais, se existem lojas, farmácias, parques públicos e passeios nos arredores. Assim, você pode negociar localizações mais favoráveis para que a sua viagem seja mais agradável.
5 – Preparo
Muitas pessoas viajam e por não estarem abertas às novidades acabam por se sentirem isoladas, com saudades de casa e, por isso, não se adaptam ao novo local. Busque aprender sobre o país que você está indo. Entender a história e compreender a formação da região é uma maneira de tornar a experiência ainda mais rica e produtiva. Verifique se o intercâmbio tem alguma maneira de apoiá-lo durante a estadia. A adaptação pode ser uma situação trabalhosa e afetar seu desempenho no intercâmbio. O AFS, por exemplo, oferece encontros e acampamentos com voluntários para tornar a presença dos estudantes mais integrada e divertida.
6 – Seguro-saúde
A qualidade do sistema público de saúde em alguns países pode variar e, apesar de muitas pessoas não pensarem nisso, imprevistos podem ocorrer. Em algumas agências ou instituições, o estudante pode fazer um seguro médico que permita cobrir qualquer tipo de eventualidade em território internacional. Vale a pena se precaver.
7 – Experiências culturais
Saia da toca. Aproveite para explorar espetáculos musicais locais, bem como visitar regiões e comer comidas típicas do país Mergulhar em uma cultura também é experimentar sua condição natural, seus hábitos e costumes. Portanto, permita-se viver isso, afinal, a experiência tem data marcada para acabar.