Homenagens marcam enredos das escolas de samba do Grupo Especial do carnaval carioca no segundo dia de desfiles.
A primeira escola a se apresentar, a São Clemente, homenageou Fernando Pamplona, um dos grandes nomes do carnaval do Rio, com o enredo “A incrível história do homem que só tinha medo de Matinta Perera, da tocandira e da onça pé de boi”. A escola de Botafogo mostrou no Sambódromo caveiras, bruxas e animais nada amigáveis, representando os medos da infância do carioca, que se mudou para o Acre ainda pequeno.
Depois de monstros mitológicos da Amazônia, as figuras assustadoras viraram brincadeira, com a entrada do carro alegórico Ensaiando na Quadra, que retratou um trecho da autobiografia de Pamplona, que, além de coreógrafo, foi carnavalesco.
O aguardado desfile da Portela, a segunda escola a entrar na avenida, homenageou os 450 anos da cidade do Rio de Janeiro. A agremiação de Madureira, começou sua apresentação com muita ousadia: além de drones que simularam bolas de futebol quando a azul e branco mostrou o Estádio do Maracanã, quatro paraquedistas saltaram de um helicóptero e desceram em plena Marquês de Sapucaí, logo adiante da comissão de frente e do carro abre-alas.
A equipe reunida pelo paraquedista Gui Pádua se preparou durante sete meses e chegou a fazer um salto secreto no Sambódromo quatro dias antes do desfile no Sambódromo.
O carro abre-alas da escola de Madureira foi outra surpresa. A tradicional águia da agremiação entrou na Sapucaí deitada, levantou-se, abriu as asas e se transformou em um grande Cristo Redentor alado, de 26 metros. Na saída, já na área de dispersão, o gigantesco carro foi separado em duas partes para manobrar e deixar a Marquês de Sapucaí.
Há 45 anos sem ganhar um carnaval, a Portela foi saudada com gritos de “É campeã” ainda na concentração, na Avenida Presidente Vargas. Para tentar quebrar esse jejum, a escola veio cheia de símbolos do Rio, como as palmeiras do Jardim Botânico, as praias, os Arcos da Lapa e o Maracanã.
A Beija-Flor foi a terceira escola a desfilar. A escola de Nilópolis esbanjou sua tradicional riqueza de detalhes em um desfile sobre a Guiné Equatorial, lançando um olhar mais específico sobre a África.
Uma série de símbolos da cultura do país africano foi mostrada na Marquês de Sapucaí, como os griôs, anciãos da África Ocidental que tinham a responsabilidade de estudar e reproduzir os saberes do povo. A colonização europeia e a escravidão foram outros temas abordados pela escola, que encerrou o desfile destacando os laços culturais entre a Guiné Equatorial e o Brasil.
A União da Ilha, com o enredo Beleza Pura?, foi a quarta escola a desfilar no Sambódromo, a escola da zona norte do Rio, resolveu fazer uma crítica com muito humor sobre o culto ao corpo, com um enredo destacando a questão da estética nas pinturas e esculturas e até o fenômeno das selfies.
A atriz Cacau Protásio veio na comissão de frente. Ela encarnou a personagem Branca de Neve das histórias infantis. Ela achou importante poder apresentar uma Branca de Neve fora dos padrões mostrados nos livros.
A Imperatriz Leopoldinense, escola do bairro de Ramos, na zona da Leopoldina, foi a quinta agremiação a se apresentar. Ela levou para o Sambódromo o enredo Axé, Nikenda! Um ritual de liberdade e que a voz da igualdade seja sempre a nossa voz.
A escola falou da África, da influência da cultura daquele continente no Brasil e de conquistas dos negros. O último carro trouxe a figura de Nelson Mandela como se ele contasse a sua experiência de vida aos brasileiros.
Já a Unidos da Tijuca, sexta e última escola a desfilar no Sambódromo, fez até nevar na Marquês de Sapucaí para falar de Suíça.
A Unidos da Tijuca apresentou o enredo Um conto marcado no tempo – O olhar suíço de Clóvis Bornay. O tema foi desenvolvido através de contos que descreveram um pouco da história da Suíça detalhando sua cultura, invenções, tecnologia e personagens, tudo sob o olhar de Clóvis Bornay, filho de um suíço e um dos mais importantes foliões do carnaval do Rio de Janeiro.
Um dos destaques do desfile foi o carro alegórico que ressaltava o chocolate, um dos produtos de exportação da Suíça. Além de mostrar uma cascata de chocolate, os componentes no alto do carro distribuíam o produto para o público na Marquês de Sapucaí.