A conexão da minha internet não está me ajudando hoje. Saí para comprar um livro e só li um capítulo, depois de um raro sono, hoje à tarde. A internet continua sem me deixar ouvir música e lembro que tenho algumas coisinhas raras guardadas em mp3. “Play” e surge aquele som incrível e aquele convite para dançar feito pelo próprio ritmo.
Fela Kuti (Olufela Olusegun Oludotun Ransome-Kuti) me foi reapresentado, desta vez com mais maestria, na universidade, durante uma aula sobre a África na qual o professor Amailton (além de professor é músico muito competente) nos mostrou um documentário sobre a vida e a música de Fela.
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As imagens revelavam uma África dominada em que a voz de Fela e suas atitudes, representavam o grito de um povo que não podia gritar. E já que estamos falando em gritos, muitas vezes o grito de Fela recebeu ameaças diretas para ser silenciado, quando foi agredido, junto com sua mãe, por militares. Em uma certa época aqui no Brasil tivemos esse mesmo problema.
A dança e os elementos culturais africanos, nitidamente presentes, mesclavam com uma linguagem moderna batizada como “Afrobeat”, uma mistura de jazz, funk e ritmos tradicionais africanos, além da famosa “chamada e resposta” onde o líder da banda fala e o coro responde. Tenho certeza que o som de Fela influenciou de alguma forma, também, o movimento “manguebeat” no Recife dos anos 90.
Fela é descendente dos Iorubas e nasceu na Nigéria. Mais tarde mudou-se para Londres para estudar medicina e, graças a Deus, estudou música. Talvez como médico Fela teria ajudado muita gente também. Em meio à guerra civil, na Nigéria, Fela foi com toda a banda morar nos Estados Unidos e, através de Sandra Smith, Fela conheceu o movimento Black Power e se engajou politicamente, incluindo nas suas músicas um tom de protesto. Sua discografia começa em 1971 com “Why Black Man Day Suffer” e vai até 1992, com poucos períodos sem gravar.
O interessante disso tudo é que eu não ouvia o som de Fela já havia um certo tempo. Isso é normal com muita gente que busca sons novos, mas, de repente, volta a ouvir as coisas já conhecidas e, às vezes, de surpresa, reencontra aquele som, como bons amigos se reencontrando.
O som de Fela penetra a alma e nos faz, além de pensar que existe um poder político e sempre haverá um grito, flutuar em um ritmo tão delicioso e conquistador como é o ritmo africano.
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Infelizmente, em 1997, perdemos Fela para um poderoso e maligno vírus, mas, FELA KUTI estará sempre vivo na memória política e musical do mundo.
Recomendo a biografia escrita por Carlos Moore: “Fela – Esta vida puta”
Depois desta levada incrível de Fela fui ouvir um pouco de Tinarewen, que é uma outra história e que também deve ser compartilhada.
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