E chegou o Carnaval com sua magia, seus encantos. Para alguns, a época de uma leva exagerada de pecados, onde todos podem tudo durante 4 dias ou, em alguns casos, uma semana. Mas, em muitos lugares o carnaval já começou. Em Olinda e nos bailes de Recife a festa já anda solta como acontece todos os anos.
Eu, desde muito novo, sempre estive envolvido com as festas de carnaval. A fantasia de “Careta”, o medo do “Urso” (pessoa fantasiada de urso que pedia dinheiro nas casas) em Triunfo – PE e, anos depois, o gigantesco Galo da Madrugada em Recife, os blocos em Olinda e as batucadas. Ainda garoto, com os amigos do bairro, na famosa “La ursa”.
Essa festa é muito esperada por tantos, pois, a brincadeira é geral. Em determinados lugares não se gasta quase nada para se divertir e ter alguns dias de fantasia e de imaginação, transformados numa realidade quase que imediata e finita. Em outros casos, muitas pessoas nem passam perto, pois, a folia exige muitos Reais e alguns reis, por 4 dias, não conseguem manter o seu reinado.
Acho muito legal quando vejo os pais e suas crianças nas matinês, onde a malícia ainda não está despertada e as doces almas brincam em peles de “Homens De Ferro” e tantos outros heróis. Lindos são os blocos que trafegam nas ruas com seus senhores e senhoras de “tantos carnavais” e, ainda, “jovens”, sem errar o tom e o passo dos frevos e das marchinhas, cantados com grande saudosismo.
As músicas da moda me enchem o saco. Dominam regiões e, algumas, o país inteiro. O povo nem liga, quer festa e, para muitos, pouco importa o que estiver tocando. Por outro lado os grandes clássicos do frevo, as marchinhas carnavalescas e, até, outros estilos, se juntam ao samba comungando acordes e solos até chegar a famosa Quarta Feira, sim, aquela “Quarta Feira ingrata”.
Existem os que não curtem Carnaval, porém, todos nós temos o direito de gostar ou não de certas coisas. Outros condenam o carnaval de uma maneira terrível a ponto de acharem aquilo tudo uma festa infernal. E outros, veem no Carnaval a alegria do povo. Faço questão de fechar essa coluna com um pensamento do grande mestre, Dom Helder Câmara:
“Carnaval é a alegria popular. Direi mesmo, uma das raras alegrias que ainda sobram para a minha gente querida. Peca-se muito no carnaval? Não sei o que pesa mais diante de Deus: se excessos, aqui e ali, cometidos por foliões, ou farisaísmo e falta de caridade por parte de quem se julga melhor e mais santo por não brincar o carnaval. Estive recordando sambas e frevos, do disco do Baile da Saudade: Ô jardineira por que estás tão triste? Mas o que foi que aconteceu…Tu és muito mais bonita que a camélia que morreu. Brinque meu povo querido! Minha gente queridíssima. É verdade que 4a feira a luta recomeça. Mas, ao menos, se pôs um pouco de sonho na realidade dura da vida!” (Dom Helder Câmara, 01 de fevereiro de 1975, durante sua crônica radiofônica “Um olhar sobre a cidade” da Rádio Olinda AM).
Um ótimo carnaval para todos.
Paz e amor!
Fabrício Ramos é cantor, compositor, colunista cultural e também um pesquisador apaixonado pelo fenômeno UFO.
Com um álbum todo autoral gravado, que o levou a fazer turnê no Japão, suas músicas estão conquistando fãs em todo o mundo graças à grande “teia” mundial. Fabrício divide seu tempo entre a graduação de História na PUC-SP e seus shows onde insiste em enviar mensagens de conscientização social, paz e amor, mesclando suas raízes pernambucanas com a música pop.
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