A cidade palestina de Belém espera atingir neste Natal um novo recorde de visitantes apesar das dificuldades que seus moradores enfrentam para promover o turismo e a peregrinação no lugar onde, conforme a tradição cristã, Jesus Cristo nasceu.
O muro de concreto que a separa de Jerusalém – a apenas oito quilômetros de distância – se soma à expansão dos assentamentos israelenses que, para os palestinos, pretende cercar cada vez mais Belém e isolá-la da cidade cuja parte oriental é reivindicada pelos árabes como capital de seu projeto de Estado.
Nesta semana, o governo israelense aprovou a ampliação do assentamento de Efrat, no distrito de Belém, com novas casas, que serão construídas perto de um bairro da cidade símbolo do Natal.
Mesmo assim, o número de turistas e peregrinos que visitam Belém e outros territórios palestinos não parou de crescer nos últimos anos.
“No ano passado, atingimos um recorde com 1,9 milhão de visitantes na Palestina e, neste ano, esperamos superar esse número e chegar a 2,5 milhões, apesar da insegurança provocada na região pela Primavera Árabe”, explica a ministra de Turismo da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Khouloud Daibes.
Segundo ela, o número de pernoites em hotéis aumentou 12% neste ano, principalmente em Belém, o que representa uma conquista para os palestinos, já que a maioria dos turistas costuma dormir em Jerusalém e passar apenas algumas horas na cidade vizinha para visitar a Basílica da Natividade.
O número de quartos de hotel dobrou nos territórios palestinos nos últimos três anos, alcançando os atuais 6,8 mil e também em Belém, onde dois novos hotéis estão sendo construídos.
O objetivo é não só atrair mais visitantes, mas que estes fiquem por mais tempo e deixem mais dinheiro nos minguados cofres palestinos. “Cerca de 90% do dinheiro dos turistas fica em Israel e apenas 10% na Palestina”, lamenta a ministra.
Khouloud atribuiu esse fato à ocupação, ao muro de separação e às restrições impostas por Israel, e pediu aos visitantes um “turismo responsável”, que busque maior contato com a população e a cultura local, e evite hospedagem em hotéis situados “em terra confiscada”.
“Belém deve ser um patrimônio da humanidade, livre para o acesso de todas as pessoas do mundo, e não pode viver fechada entre muros, colônias e postos militares”, opina o deputado palestino Fayez Al-Saqa, que destaca que muitos palestinos cristãos da Faixa de Gaza não conseguem permissão de Israel para passar o Natal na cidade.
A declaração como patrimônio da humanidade da parte antiga de Belém, solicitada pela ANP no início deste ano, pode ser facilitada agora, com a recente adesão da Palestina na Unesco como membro de pleno direito, em novembro.
Já as autoridades palestinas afirmam ter conseguido o complicado acordo das três denominações cristãs que dividem a custódia da Basílica da Natividade (greco-ortodoxa, católica e armênia) para fazer sua reforma.
“Palestina celebra a esperança” é o lema eleito pela ANP para o Natal deste ano, já que, para a ministra de Turismo, os palestinos não podem perdê-la porque, segundo ela, é a única maneira que eles têm para sobreviver.
“Afinal, já estávamos aqui quando Cristo nasceu e continuamos aqui, apesar de tudo, orgulhosos de não ter abandonado nossa terra”, complementa Khouloud Daibes.
Fonte: Agência EFE