18ª Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa reúne milhares em Copacabana, no dia 21 de setembro, contra intolerância e em defesa da democracia

No próximo domingo, 21 de setembro, a Praia de Copacabana será palco de um dos maiores atos inter-religiosos do mundo: a 18ª Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa. Organizado pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) e pelo Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP), o evento é reconhecido como símbolo de resistência, união e defesa da democracia. A concentração começa às 10h no Posto 5, com apresentações culturais e falas de representantes de diferentes tradições espirituais. A caminhada segue pela orla até a Praça do Lido, onde se encerra às 17h com o espetáculo “Cantando a Gente se Entende”, um encontro musical que celebra a diversidade como a maior melodia da liberdade.
Criada em 2008, em resposta a episódios de violência contra religiões de matriz africana, a Caminhada se consolidou como um marco nacional contra a intolerância religiosa. Ao longo de 17 edições, já reuniu mais de 1,8 milhão de pessoas na orla de Copacabana. A cada ano, líderes e fiéis de diferentes tradições como candomblé, umbanda, evangélicos, católicos, budistas, muçulmanos, judeus, wiccanos, ciganos, mórmons, entre outros, caminham lado a lado em um pacto coletivo pela equidade, respeito às diferenças e valorização da diversidade.
Segundo dados do Observatório da Liberdade Religiosa, o Brasil registrou um aumento significativo nos casos de intolerância religiosa nos últimos anos. Apenas em 2023, o Disque 100, canal oficial do Ministério dos Direitos Humanos, contabilizou mais de 1.200 denúncias de violações, sendo o Rio de Janeiro um dos estados com maior número de ocorrências. Estudos apontam que os ataques não se restringem a agressões verbais ou físicas, mas incluem também a destruição de templos e perseguições comunitárias que impactam diretamente a vida cotidiana dos praticantes.
Entre as religiões mais atingidas estão o candomblé e a umbanda, historicamente alvos de preconceito e criminalização desde o período colonial. De acordo com levantamentos da CCIR, mais de 70% dos casos de violência religiosa registrados no Rio têm como vítimas adeptos das religiões de matriz africana. Além delas, templos católicos, evangélicos, centros espíritas e até comunidades muçulmanas também relatam episódios de intolerância, mas em escala muito menor. Essa disparidade revela o peso do racismo estrutural e do estigma histórico que ainda recai sobre as tradições afro-brasileiras.
Segundo o Prof. Dr. Ivanir dos Santos, porta-voz do movimento, a intolerância religiosa e o racismo ainda são os maiores desafios sociais e políticos da contemporaneidade. Nesse sentido, a Caminhada não é apenas um evento, mas um chamado à construção de uma sociedade verdadeiramente plural, humana e democrática. Com expectativa de reunir cerca de 100 mil participantes nesta edição, o evento contará com trios elétricos, tenda de apoio, banheiros químicos, aguadeiros, equipe médica e postos de atendimento ao longo do percurso. A saída oficial está marcada para as 13h, e a dispersão será no Posto 2. Mais que um encontro, a Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa é um gesto coletivo de resistência, onde milhares de vozes se unem para afirmar que a fé, seja ela qual for, deve ser respeitada como direito fundamental e base de uma sociedade democrática.
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