Variedades & Tecnologia

Casa Brasil: novo nome, nova missão

Antiga Casa França-Brasil passa a se chamar Casa Brasil, abraçando uma nova fase que valoriza a produção artística nacional com exposições, cursos e programação gratuita

Casa Brasil

O tradicional edifício neoclássico que abriga um dos mais belos centros culturais do Rio de Janeiro está de cara nova — e de nome novo. A antiga Casa França-Brasil agora se chama Casa Brasil, marcando o início de uma nova fase em que a produção artística nacional assume o protagonismo. O reposicionamento vai muito além de uma mudança estética: trata-se de um convite à valorização das brasilidades e à ampliação do acesso à cultura em um dos pontos mais emblemáticos do centro histórico carioca.

Com apoio do Ministério da Cultura e da Petrobras, a Casa Brasil assume uma identidade visual e conceitual alinhada ao seu novo propósito: ser um polo de arte contemporânea e pensamento crítico voltado para a diversidade, a inclusão e o fortalecimento da economia criativa brasileira.

O projeto que viabiliza essa transformação foi contemplado pelo edital Novos Eixos da Petrobras, na linha “Ícones da Cultura Brasileira”, concorrendo com mais de 8 mil propostas. Essa conquista reflete o desejo de alinhar a programação do espaço à sua identidade: brasileira, plural e pulsante.

A nova fase será inaugurada com uma série de ações que incluem quatro exposições de artes visuais (duas coletivas e duas individuais), residências artísticas, cursos gratuitos, programas públicos com shows, palestras e oficinas, além de iniciativas em novas mídias, como podcasts, documentário e um aplicativo interativo. Tudo com entrada gratuita e voltado para diferentes públicos, inclusive crianças, jovens e moradores das periferias do estado do Rio de Janeiro.

A primeira exposição coletiva, intitulada Casa Brasil, será lançada em outubro de 2025, ao lado da mostra individual de Arthur Chaves. A segunda coletiva, prevista para 2026, leva o nome de Casa Fluminense e foca na arte produzida no estado do Rio. A artista Melissa Oliveira também ganhará uma mostra individual.

Outro destaque é a parceria com o Ateliê Gaia, vinculado ao Museu Bispo do Rosário, para a criação de uma obra site-specific. Essa iniciativa dá visibilidade a artistas cujas trajetórias atravessam questões de saúde mental e marginalização, reforçando o compromisso da Casa com debates urgentes e transformadores.

Dois artistas — um de Roraima e uma do Rio de Janeiro — participarão da primeira edição do programa de residência artística, com hospedagem no Hotel Congá, no Centro do Rio. A proposta é que esses artistas desenvolvam projetos inéditos com acompanhamento curatorial, e compartilhem seus processos com o público, abrindo espaço para conversas, experimentações e trocas.

A nova Casa também será um centro de formação. Dois cursos gratuitos serão oferecidos: “Imersões Poéticas”, com foco em artistas, e “Imersões Curatoriais”, voltado para interessados em pesquisa e curadoria. As vagas priorizam moradores de regiões com menor acesso a equipamentos culturais.

Além disso, o prédio reabre seu acesso pela Orla Conde, integrando a paisagem urbana e ampliando a circulação de visitantes. Um aplicativo com recursos interativos e acessíveis permitirá uma experiência autônoma e inclusiva — inclusive para quem visita o espaço virtualmente.

Projetado em 1819 por Grandjean de Montigny, a mando de Dom João VI, o prédio que hoje abriga a Casa Brasil já foi sede da Alfândega, do Tribunal do Júri e da Câmara de Comércio. Tombado pelo IPHAN em 1938, o edifício ganhou vocação cultural em 1990, com a inauguração da então Casa França-Brasil, fruto de uma articulação entre o antropólogo Darcy Ribeiro e o governo francês.

Agora, ao assumir a brasilidade como sua bússola, o espaço se reconecta com o seu entorno, com a história que carrega e com os múltiplos Brasis que vivem e criam dentro de nossas fronteiras.

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