Por: Djalô Laboissiere e Naira Amorelli
O Rock in Rio é um espaço que celebra a diversidade em todas as suas formas, provando que grandes festivais podem, sim, ser pensados para todos
O Rock in Rio 2024 mantém seu compromisso em ser um dos festivais mais inclusivos do mundo, com ações que vão muito além da acessibilidade física. O festival se destaca ao criar uma experiência verdadeiramente acolhedora para todas as pessoas, especialmente para quem vive com deficiências invisíveis e neurodivergências, como autismo e TDAH.
A inclusão no festival começa ainda no aplicativo, onde as pessoas com deficiência podem realizar um cadastro prévio, anexando o laudo que comprova sua condição. Esse processo garante que cada indivíduo receba um cordão de deficiência invisível – caracterizado pela cor verde com girassóis –, que não apenas identifica suas necessidades, mas também oferece acesso a áreas exclusivas, como banheiros acessíveis e espaços para PCD próximos aos palcos (sujeitos à lotação).
Sala Sensorial: um refúgio para neuro divergentes
Entre as principais iniciativas, a Sala Sensorial tem se mostrado essencial para a regulação de pessoas com neuro divergências, como o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
Essas pessoas podem enfrentar uma série de desafios em ambientes sobrecarregados de estímulos, como o excesso de som, as multidões e a sensação de claustrofobia. A sala oferece um espaço de alívio, onde elas podem se regular, diminuindo a sobrecarga sensorial e recarregando as energias.
Para acessar esse e outros benefícios, é necessário fazer um cadastro prévio no aplicativo do Rock in Rio, anexando o laudo médico que ateste a condição ou deficiência. Após esse processo, os usuários retiram no local um cordão de deficiência invisível, caracterizado pela cor verde e estampa de girassóis. Este cordão concede acesso a banheiros exclusivos e a áreas reservadas para PCD, localizadas próximas aos palcos – sujeitas à lotação.
Além do ambiente calmo, o local também dispõe de kits sensoriais para empréstimo, que podem ajudar os usuários a lidarem melhor com as sensações desconfortáveis. O projeto, desenvolvido com apoio de terapeutas ocupacionais da Clínica Integrando e equipamentos fornecidos pela empresa Spider, oferece um cuidado especializado para garantir o bem-estar dessas pessoas.
Essa sala tem se mostrado um diferencial significativo em festivais de grande porte, e o Rock in Rio foi pioneiro ao implementá-la em 2017. Desde então, a iniciativa se expandiu para outras edições de festivais, incluindo o The Town e o Rock in Rio Lisboa, consolidando-se como um exemplo de como grandes eventos podem ser inclusivos e acessíveis para todos.
A presença de iniciativas como a Sala Sensorial evidencia o quanto o Rock in Rio se compromete em fazer com que o festival seja acessível para todas as pessoas. O projeto não apenas acolhe indivíduos com necessidades específicas, mas também promove uma mensagem de inclusão e respeito que ressoa por todo o evento.
O Rock in Rio é mais do que música; é um espaço que celebra a diversidade em todas as suas formas, provando que grandes festivais podem, sim, ser pensados para todos.
O que são pessoas neuro divergentes e como você pode fazer algo por elas em situação de emergência
Pessoas neuro divergentes são aquelas cujo funcionamento neurológico difere do que é considerado típico. Isso inclui indivíduos com condições como o Transtorno do Espectro Autista (TEA), TDAH, dislexia, e outras variações neurológicas. Essas pessoas podem ter percepções e respostas diferentes aos estímulos do ambiente, como sons, luzes e multidões, tornando eventos como festivais potencialmente sobrecarregados de estímulos sensoriais.
Mas afinal, como proceder ao identificar uma pessoa neuro divergente em desregulação?
Em ambientes tão estimulantes os sons altos, luzes intensas ou a presença de grandes multidões podem influenciar diretamente nessas pessoas. Nesses casos, é essencial que as pessoas ao redor saibam como agir de forma empática e respeitosa, mas pode acontecer desta pessoa se perder do grupo, ou até mesmo de ter ido sozinha ao evento, e é aí que temos uma excelente oportunidade de praticar a nossa empatia e cuidar do próximo. Caso você perceba alguém demonstrando sinais de desconforto extremo, como irritabilidade, ansiedade ou desorientação, o ideal é oferecer ajuda calmamente, sem gritar ou fazer abordagem abruptas, perguntando se a pessoa precisa de assistência. Evite tocar ou insistir em uma abordagem invasiva, já que isso pode intensificar o desconforto. Procure ao seu redor se não há alguém do staff que possa ajudar neste acolhimento, para que possa logo ser direcionada à Sala Sensorial, onde ela poderá receber suporte especializado para se regular em um ambiente tranquilo e seguro.
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