Padroeiro da Itália e amado no Brasil, protetor dos animais e da natureza, São Francisco de Assis é celebrado pela igreja católica anualmente no dia 4 de outubro. Em 2013, foi escolhido pela primeira vez para “batizar” um papa pelo argentino Jorge Mario Bergoglio — atual líder máximo da igreja católica. São Francisco de Assis também inspirou mestres da pintura italiana, como Tiziano, e agora essas obras podem ser vistas no Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), no Rio de Janeiro.
A exposição “São Francisco na arte de mestres italianos” reúne obras inéditas no Brasil feitas por artistas como Tiziano (1480-1576). São obras de mestres italianos produzidos entre os séculos XV e XVIII, que contam a trajetória de São Francisco de Assis. Em cartaz no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, até 27 de janeiro de 2019.
A mostra apresenta um estudo da iconografia de Assis a partir de 20 obras de, além de Tiziano, nomes como Perugino (1446-1523), Guercino (1591-1666) e Guido Reni (1575-1642). São trabalhos que vieram de 15 museus de sete cidades italianas, além do quadro “São Francisco contemplando um crânio”, de Cigoli (1559 -1613), que pertence a um colecionador particular de Nova York e saiu de lá especialmente para a mostra no Brasil.
Circular pela exposição é acompanhar a evolução de três fases da representação do santo dos pobres. Elas estão dividas nas seções “Imagem”, “Os estigmas” e “Conversas sagradas”. Na primeira, sua aparência simples e sofrida é enfocada, tendo como influência as primeiras representações que seguiram sua canonização dois anos após sua morte em 1226.
Em “Os estigmas”, sai de cena o São Francisco magro e abatido, para dar lugar a um homem angelical e de força espiritual. Nessas obras também está representado o aparecimento dos “estigmas” no corpo de Francisco — marcas semelhantes aos pontos da crucificação de Jesus Cristo. É o episódio mais retratado da vida do santo e o núcleo com maior número de pinturas da exposição.
Essa fase de sua iconografia é influenciada pelas pinturas de Giotto (1267-1337) na Basílica Superior de Assis. Os famosos afrescos da igreja que fica na Itália central também podem ser “vistos” na exposição graças a uma experiência de realidade virtual com óculos 3D.
Já na última parte da mostra, “Conversas sagradas”, a imagem do santo aparece associada à Virgem Maria com o Menino Jesus, além de outros santos franciscanos. Esta fase é considerada o ápice da sua importância religiosa, ao representá-lo ao lado das figuras mais importantes do catolicismo.
Para mostrar obras do passado, tecnologia do presente
Um vídeo revela os afrescos na Basílica de São Francisco de Assis, na Itália, e com óculos de realidade virtual o visitante pode passear pela Basílica. O uso do óculos de realidade virtual pelo público é feito mediante uma lista presencial que fica dentro da galeria. Recomendamos que, assim que chegar ao Museu Nacional de Belas Artes, reserve o seu horário para que sua experiência na exposição seja a melhor possível.
A duração desse passeio virtual pela Basílica Superior de Assis é de 10 minutos.
Situada na cidade de Assis, na Itália central, a Basílica Superior faz parte do complexo da Basílica de São Francisco. A construção foi iniciada em 1228, dois anos após a morte de Francisco, a pedido do Papa Gregório IX, e os principais arquitetos e artistas daquele período e região estiveram envolvidos na construção do edifício, que muito contribuiu para a difusão do estilo artístico gótico na Itália. Em 1253, a obra foi concluída e inaugurada pelo Papa Inocêncio IV. Na sala de Realidade Virtual da exposição “São Francisco na Arte de Mestres Italianos”, por meio do uso de óculos de tecnologia 3D, o público do Museu Nacional de Belas Artes poderá visitar a nave da Basílica e apreciar obras-primas do pintor Giotto (1267-1337): o ciclo de afrescos “Le storie di San Francesco”, que mostra 28 episódios da vida de São Francisco, pintados entre 1292 e 1296. Ligada à sala de Realidade Virtual, encontra-se uma sala de vídeo que também mostra o ciclo de afrescos para aqueles que preferirem não utilizar o óculos.
O óculos possui um sistema de audioguia, que vai conduzir o visitante desde a fachada da Basílica, explicando seus aspectos arquitetônicos e a escolha da colina para a construção, conhecida como “Monte do Inferno” no período medieval, onde eram enterrados os condenados e executados. A viagem segue para a nave da Basílica, na qual ganham destaque descritivo nove afrescos de Giotto: “Francisco homenageado por um homem simples”, “A renúncia aos bens paternos”, “A visão dos tronos celestiais”, “A prova do fogo de frente ao sultão”, “Oração aos passarinhos”, “Francisco recebe os estigmas no Monte Alverne”, “A morte de Francisco”, “O pranto de Clara e de suas companheiras sobre o corpo do santo” e “A liberação do herege arrependido”.
Exposição “São Francisco na arte de mestres italianos”, no Museu Nacional de Belas Artes
Período: 6 de novembro de 2018 até 27 de janeiro de 2019
Visitação: de terça a sexta, das 10h às 18h; e aos sábados, domingos e feriados, das 13h às 18h.
Ingressos: R$ 8,00 inteira, R$ 4,00 meia e ingresso família (para até 4 membros de uma mesma família) a R$ 8,00. Grátis aos domingos.
Endereço: Avenida Rio Branco, 199 – Cinelândia/Centro – Rio de Janeiro-RJ
Telefone: (21) 3299-0600
A exposição “São Francisco na arte de mestres italianos” é produzida pela Base7 e contou com o aporte do Instituto Italiano de Cultura de Rio de Janeiro e iniciativa da diretora do MNBA, Monica Xexéo.
Entre as obras, o público conhecerá os quadros “San Francesco riceve le stimmate” (1570), de Tiziano Vecellio, “San Francesco sorretto da un Angelo” (primeira metade do séc. XVII), de Orazio Gentileschi, e “San Francesco confortato da un angelo musicante” (1607-1608), de Guido Reni, que também pintou a Bandeira de Procissão “Francesco riceve le stimmate (frente); San Francesco predica ai confratelli (verso)” (séc. XVII), “San Francesco d’Assisisi e quattro disciplinati” (1499), de Perugino, e “San Francesco riceve le stimmate” (1633), de Guercino. A exposição traz, ao todo, acervos de 15 museus de 7 cidades italianas: Galleria Corsini, Palazzo Barberini, Musei Capitolini, Museo di Roma, Museo Francescano dell’Istituto Storico dei Cappuccini (Roma); Pinacoteca Civica, Sacrestia della chiesa di San Francesco, Convento Cappuccini (Ascoli Piceno); Museo Nazionale d’Abruzzo (L’Aquila), Galleria Nazionale dell’Umbria (Perugia); Istituto Campana per l’Istruzione permanente (Osimo); Museo Civico (Rieti), Pinacoteca Nazionale (Bolonha) e Duomo di Novara (Novara). A mostra conta, ainda, com uma importante obra de Ludovico Cardi (conhecido como Cigoli), “St. Francis Contemplating a Skull”, propriedade do colecionador e ator ítalo-americano Federico Castelluccio.
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