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A magia de Pirenópolis

Minha mais recente viagem por Goiás foi recheada de surpresas. Tudo começou em Trindade, uma pequena cidade coladinha a Goiânia, que me encheu de esperança na humanidade, e olha que nos dias de hoje tá difícil, você pode conferir a matéria completa aqui, mas o fato é que as surpresas seguiram, passando por Goiás Velho, Pirenópolis e claro, Goiânia, sua capital. Desta vez, deixei de fora Caldas Novas e Chapada dos Veadeiros, afinal, estive por lá há pouco tempo e essa viagem foi destinada a conhecer, e rever, cantinhos há muito tempo não visitados.

E por falar em “cantinhos”, hoje eu vou falar sobre Pirenópolis. O meu xodozinho neste estado que fica na região centro-oeste, está localizado em pleno Planalto Central Brasileiro, então, já fique sabendo que por lá você vai ganhar de brinde dois sóis pra te acompanhar durante toda a viagem, ok.

A magia de Pirenópolis

Que todo cantinho em Pirenópolis é lindo e cheio de encanto a gente já sabe. Mas o que são aquelas ruas que quase nos obrigam a parar para apreciar quando passamos por elas? Não apenas ruas bonitas, elas carregam cultura e histórias e uma riquíssima arquitetura colonial. Arquitetura Colonial essa que foi tombada pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1990.

Vamos aos motivos que me enchem de amor por Piri: a cidade é repleta de antigos casarões, velhos muros de adobe, ruas de “pedrinhas” e postes lampiões com românticas luzes amareladas que compõe a beleza e autenticidade da cidade. Sério mesmo, parece até cenário de filme. E por falar nisso, a cidade sempre foi estrela de filmes, novelas, comerciais de TV e ensaios fotográficos. Com um cenário desses…

A magia de Pirenópolis

Vamos lá, nós sabemos que a cidade possui belíssimos monumentos históricos, lojinhas de artesanatos locais, cafés charmosíssimos, restaurantes típicos, todos espalhados pelas lindas ruas de pedrinhas.

É óbvio que não faltam atrativos na pequena Piri, mas muito além dos atrativos óbvios, que muita gente já conhece, existem alguns que só são observados por aqueles que possuem um olhar que costuma vagar sem pressa, sempre buscando algo. Geralmente esse lugares especiais acabam por se esconder nos lugares mais improváveis e certamente são imperceptíveis aos que andam com pressa, ou com a cabeça cheia de  pensamentos. Você precisa caminhar com calma, olhando para as janelas, para os muros de adobe, os becos… Saiba que por lá vai encontrar becos lindos como esse aqui abaixo.

Quando cai a noite, o cenário fica ainda mais bonito, quando são acesas as antigas luminárias em luz dourada. Saia para caminhar pelo Centro Histórico, sem pressa, sem olhar pra celular, sem se prender em pensamentos. Aproveite para deixar seu olhar vagar, se deleite com os charmosos cafés, as irresistíveis lojinhas de artesanatos, os restaurantes de comida típica e todo aquele charme que só Piri tem.

E por falar em restaurantes, fique sabendo que especialmente nos finais de semana – seja na alta ou na baixa temporada -, a noite é agitada na Rua do Rosário, a famosa Rua do Lazer. É por ali, que você vai encontrar restaurantes de várias especialidades, barzinhos e até um Pub. Pra ficar ainda melhor, as mesas ficam debruçadas pelas calçadas e pela rua, já que ela fica fechada para veículos. Claro que nem todos os restaurantes da cidade estão por alí, você vai encontrar boas opções também nas outras ruas da cidade, mas, eu destaco aqui uma opção maravilhosa para quem é comilão, gosta de provar de tudo um pouquinho e prefere comer sem pressa aquela comidinha caseira, caprichada no tempero, é o Restaurante Tempero do Rosário, que fica muito bem localizado, bem na Praça da Matriz, ao ladinho da Igreja do Rosário. Já vou avisando: prepare-se, você vai sair de lá rolando.

Como Pirenópolis é uma cidade que merece ser vivida, nada de fazer um bate-volta em um único dia, ok?! Até é possível fazer, mas não recomendo não. Afinal, visitar uma cidade só para olhar rapidamente e tirar meia dúzia de fotos, não dá para conhecer nada. Durante minha passagem por Piri, eu fiquei hospedada em dois lugares de perfis bem diferenciados. Sempre que o tempo me permite, eu seleciono dois hotéis ou pousadas para me hospedar. Geralmente uma com perfil para casais e outra com perfil mais familiar. Aqui você pode conferir minha experiência no Casarão Villa do Império, um charmoso Hotel Boutique perfeito para casais. Já aqui neste link, você pode saber um pouco mais sobre a Pousada  Villa Mariana que é mais indicada para famílias ficarem hospedadas.

Casarão Villa do Império

Atrações

A cidade conta também com alguns lugares imperdíveis para conhecer a cultura local e um pouco também de sua história. Você sabia que pela sua quantidade enorme de casarões e monumentos, todos seguindo a arquitetura colonial, quase um terço de Piri foi tombada pelo IPHAN como patrimônio histórico e cultural nacional?

As igrejas de Pirenópolis são um capítulo à parte. Aqui nesse link você vai poder saber um pouco mais sobre cada uma delas, suas histórias, lendas e tragédias. Não deixe de conferir, uma vez que a visita a essas igrejas é primordial na cidade.

Museu das Cavalhadas

O museu retrata as Cavalhadas, uma encenação entre os mouros e cristãos, representando a verdadeira batalha que houve na Europa há quase 1300 anos. As Cavalhadas fazem parte da Festa do Divino Espírito Santo.

No museu, são expostos ornamentos usados pelos cavaleiros, máscaras de boi, de onça, roupas coloridas, fotos, livros, cartazes e muitos outros objetos que fazem parte da festa.   

Museu da Igreja Matriz de N.S. do Rosário

Construída originalmente em taipa-de-pilão entre 1728 e 1732, tombada em 1941 e localizada bem no meio do centro histórico. É o símbolo cultural mais marcante de Pirenópolis, e sabem o que mais? Foi considerada o primeiro e maior monumento histórico de Goiás!

Esta é aquela igreja que sofreu um grande incêndio em 5 de setembro de 2002, que até hoje não se sabe a causa. Confira aqui um pouco mais sobre ela. Muitos itens religiosos valiosos que ficavam expostos ao longo da igreja e altar, simplesmente sumiram…

Os itens que sobraram do incêndio, hoje fazem parte do museu, que se encontra na parte de trás da própria igreja. Nele também está em exposição permanente o histórico de reconstrução da igreja após o incêndio, o cotidiano de Pirenópolis dos tempos antigos e a primeira obra de José Joaquim da Veiga Vale – a imagem de Nossa Senhora das Dores, de 1834. O museu abre aos sábados, domingos, segundas-feiras, quintas-feiras e sextas-feiras.

Museu do Divino

É considerado um monumento do acervo histórico de Pirenópolis. Foi construído em 1919 e é uma réplica do original que existia ao lado da Igreja Matriz. Antes o edifício era usado como Casa de Câmara e Cadeia de Pirenópolis até 1999, já pertenceu também ao Corpo de Bombeiros da cidade. Quando em 2002 o prédio, que se encontrava em péssimo estado, passou a ser restaurado pelo IPHAN.

Levou tempo para ficar pronto, só em 2007 o museu foi inaugurado. Nele é contada a história da festa do Divino Espírito Santo, uma das festas mais alegres e mais esperadas pelos pirenopolinos, que é comemorada desde 1819. É cobrada uma pequena taxa de visitação, de R$ 2,00, também para a manutenção.

A magia de Pirenópolis

Cine Pireneus

Na Rua Direita você vai encontrar um belo o prédio Neoclássico que foi construído pelo padre espanhol Santiago Uchoa em 1919, para funcionar como teatro. Teve sua fachada alterada em 1936, para o estilo art-decô, de forma que ficasse mais condizente com a função de cinema a que se destinaria.

Depois de fazer uma parceria com o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e com o Governo Federal, iniciaram-se as obras de reconstrução do edifício. A reconstrução teve início em 1999, sendo inaugurado em 23 de fevereiro de 2002. Atualmente é destinado a apresentações artísticas e encontros artísticos.

Ponte sobre o Rio das Almas

Construída em 1946, no mesmo estilo da antiga, que era toda de madeira, é ponto de visitação pela beleza do lugar. Abaixo dela, aproveite para se refrescar no rio, uma ótima ideia para aqueles dias quentes.

Fazenda Babilônia

Saindo um pouquinho do centro de Piri, eu tive a oportunidade de conhecer um lugar, que além de ter uma história incrível e uma anfitriã daquelas de não querer largar o abraço afetuoso, oferece um verdadeiro banquete com receitas regionais, daqueles que a gente sai rolando e sem fôlego.

Antes de me deliciar com o Café Sertanejo, fiz um tour pela propriedade com a D. Telma, que me explicou tudo sobre o lugar, especialmente sua vasta história.

Construída em fins do século XVIII, a Fazenda Babilônia se destaca, hoje, pelo seu imenso valor histórico, preservado durante séculos. Tombada como Patrimônio Nacional, pelo IPHAN, e inscrita no Livro de Belas Artes, conserva o extenso casarão, em estilo colonial e diversos muros de pedras, construídos pelos escravos.

A casa segue um padrão conhecido como arquitetura colonial paulista, pois era comum durante o século XIX, as fazendas paulistas construírem casas deste estilo, que tem como característica mais marcante a sua distribuição espacial, que permitia ao senhor vigiar e controlar toda a fazenda de alguns poucos lugares estratégicos da casa.

Um dos grandes destaques da Fazenda Babilônia fica para a capela, ainda toda original, que fica no final da grande varanda, que acompanha toda a frente da casa. Dedicada a Nossa Senhora da Conceição e de pequenas dimensões, conserva o assoalho de madeira, os forros pintados com as imagens de São Joaquim e de Santana, emolduradas por elementos artísticos barrocos. O altar, estreito e ao fundo, é encimado por um pequeno nicho onde se encontra a imagem de Nossa Senhora da Conceição sobre um retábulo todo de madeira. Chama atenção os diversos espelhinhos redondos, correntes pintadas e meia-luas, provavelmente herança dos artistas escravos africanos.

Além do patrimônio e da história, a Fazenda babilônia ainda resgata a gastronomia colonial. Uma fartíssima refeição composta de mais de 40 itens feitos com produtos da própria fazenda. São antigas receitas típicas de um Goiás rural e antigo. Esse é o Café Sertanejo da Fazenda Babilônia, servido aos finais de semana e feriados na extensa mesa acompanhada de uma bela vista da fazenda. Feito com produtos da própria fazenda o café resgata receitas antigas, típicas de um Goiás rural e antigo. Não só alimenta como instrui.

A magia de Pirenópolis

E tudo isso acompanhado de suco de frutas da época e típicas da região, leite e café. Claro que as quitandas também estão presente. Meus destaques ficam para os biscoitos de queijo, o bolo da senzala, o Mané Pelado, a pamonha assada e a pamonha frita. No capítulo das carnes, a carne de porco guardada na banha, a linguiça caipira e a paçoca de carne seca me levaram aos céus. Mas não para por aí não, o requeijão da Fazenda Babilônia é daqueles que você quer ter pra vida toda, simplesmente delicioso!!

Não deixe de ter esta experiência incrível na sua viagem por Pirenópolis, pode acreditar em mim que você não vai se arrepender.

As principais ruas de Piri

Quase toda cidade possui suas principais ruas que fazem parte do circuito de visitação turística. Seja uma rua onde algo muito importante aconteceu no passado, ou por ainda conter alguma construção histórica, seja uma rua repleta de casas lindas, e em Piri não seria diferente.

A magia de Pirenópolis

Rua Direita

Esta foi a primeira rua da cidade, mas diferente do restante do Centro Histórico, seu calçamento é de bloquetes de concreto.  Por lá você vai encontrar o Cine Pireneus, palco de diversos eventos e festivais. Vai encontrar também casarões históricos. Um desses casarões é o Museu das Cavalhadas, onde você vai ter a oportunidade de conhecer melhor a história da tradicional festa da cidade. Não deixe de conhecer.

Nesta mesma rua também ficam várias pamonharias e casas onde vai encontrar uma variedade maior de comidas típicas, como os famosos empadões que não podem ficar de fora do roteiro turístico.

Rua Aurora

Alguns dizem que essa é a rua mais bonita da cidade, e não é por acaso que leva esse título. Essa rua liga a pracinha do coreto à Igreja N. S. do Bonfim. Assim como o restante do centro histórico, é formada por calçamento em pé de moleque e casarões, além de enormes e centenárias palmeiras imperiais. Dica especial, se tiver oportunidade, faça um passeio no fim da tarde, se o dia estiver claro, limpo, você pode ser presenteado com um belíssimo pôr do sol, com vista para o Morro do Frota. Se você gosta de arte, fique feliz, pela Rua da Aurora você vai encontrar algumas galerias, além de sorveterias, e cervejarias.

Rua do Bonfim

A Rua do Bonfim liga a Igreja Matriz à Avenida que vai para as Cachoeiras. Além da belíssima vista da Igreja de N. S. do Bonfim, ao longo da rua você vai encontrar charmosas casinhas e várias opções de restaurantes. Essa é uma boa opção para comer antes ou depois de curtir o dia nas cachoeiras.

O CAT, Centro de Atendimento ao Turista, fica bem ali e é uma excelente opção para conhecer assim que chegar na cidade. Por lá você pode se informar, pegar mapinhas com as atrações locais e algumas dicas bem bacanas.

A magia de Pirenópolis

Rua Ruy Barbosa, ou Beco do Anfilófio

Essa é a famosa rua das lojinhas e fica bem no centro da cidade, paralela à Rua do Lazer. Quem está a procura de presentes, arte, prata e artesanatos locais já sabe onde encontrar

Rua do Rosário

Lembra que eu falei da rua do lazer? Essa é a Rua do Rosário. ela liga a Praça do Coreto à Igreja Matriz. Esse é o local perfeito sair para curtir a noite, comer, beber e dançar nos pubs, bares e restaurantes que lá se encontram.

Pirenópolis é uma cidade marcada pela cultura e religiosidade e isso fica evidenciado em suas festas e tradições. Uma visita a essa charmosa cidade não estaria completa sem uma visita á duas igrejas (olha eu falando delas de novo, é pra você ler mesmo) que simplesmente arrebataram meu coração: a Igreja Matriz de N.S. do Rosário e a Igreja de N.S. do Bonfim. Aqui você pode ler um pouco mais sobre elas, sobre o incêndio que destruiu uma delas e conhecer um pouco mais as suas histórias.

*Naira Amorelli em sua viagem por Goiás conheceu e visitou alguns atrativos turísticos com o apoio da Araraúna Receptivo, uma agência de viagens receptiva com sede na cidade de Gioânia, que possui roteiros integrados em todo o Estado de Goiás.

Fotos: Naira Amorelli.

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