Por Viviane Faver

O artista brasileiro, Mano Penalva, realiza pela primeira vez uma exposição solo na AnnexB, no Brooklyn, NY, que teve abertura na última sexta-feira (24/08). A exposição ficará aberta para visitação até 5 de outubro.

Penalva, que é o 17º artista que passa pelo programa da AnnexB – organização que oferece residência exclusiva para brasileiros em Nova York – relata que levou quase 20 dias para entender de fato qual o trabalho iria desenvolver até que veio a grande ideia de realizar dois projetos interativos: “Desenhos Interessados” e “How to collect Smiles?”

O artista brasileiro, Mano Penalva, fazendo sua arte pelas ruas de Nova York.

As duas obras interagiram diretamente com o público em toda sua construção. “Desenhos Interessados é uma ação feita na cidade onde construo linhas feitas com garrafas de plástico de água. A ação se dá no ato de tirar a última garrafa da linha, reposicionando-a no início da sequência. Esse gesto possibilita o andar do desenho que pode seguir em linha reta ou criar dobras. Vejo esses desenhos também como paisagens que são modificados pela ação social e participativa das pessoas passantes. Gosto muito também de pensar que Desenhos Interessados é uma ação repetida e silenciosa”, conta.

Esse projeto foi realizado em conjunto com a ONG Sure We Can, onde Mano pode entender um pouco a matemática da reciclagem de latas e garrafas na cidade. Ele passou quase um mês observando o movimento e a procura incessante dos catadores, na sua maioria, senhores e senhoras chineses e latinos, que sobrevivem do trabalho de catar e vender cada garrafa/lata por 5 centavos de dólar.

O segundo projeto chamado How to collect Smiles? é uma ação pautada no valor da troca, onde Mano proponhõe a troca de sacolas usadas por ele durante seu período de residência (sacolas que recebeu em supermercados, lojas entre outros) por sacolas comuns na cidade de NYC que tem impresso um Smile com dizeres como: “Have you a nice day, Thank you!”

Nos dois projetos o artista explora a poesia obtida pelo deslocamento dos objetos de seu contexto cotidiano. Sua produção engloba apropriações, nas quais desenvolve um estudo do objeto comum inserido na cultura, realizando uma longa coleta de artigos encontrados na rua e em mercados populares. Ao criar os trabalhos, subverte o valor dos objetos do cotidiano, propondo novos agrupamentos estéticos a partir da relação das estratégias de venda do varejo e das suas experiências de coleta.

Seu trabalho traz reflexões sobre o caráter dos objetos, como eles transitam pelo mundo, as relações de troca e acordos comerciais entre países. Eles adquirem diferentes camadas de significados quando utilizados por diferentes culturas.

“Gosto de pensar que meu trabalho é sobre as coisas do mundo, onde a improvisação, reutilização e reconfiguração estão em jogo. Me interesso na forma cotidiana da construção urbana, uso decorativo e prático do material, que de alguma forma refletem as realidades sócio-econômicas e culturais de um povo”, explica Penalva.

Entre as exposições individuais que o artista produziu estão: REQUEBRA (Frédéric de Goldschmidt Collection – Belgica, Curadoria Julie Dumont); TRUK(?)( Soma Galeria, Paraná, Curadoria Josué Mattos); Proyecto para Monumento (Passaporte Cultural, Cidade do México, Curadoria Yunuen Sariego); Andejos ( Museu de Arte de Ribeirão Preto – São Paulo – texto Olivia Ardui); Estado Sul (Camelôdromo, Porto Alegre, Curadoria Franck Marlot); Balneário (Central Galeria, São Paulo, texto Bernardo Mosqueira); Deslocamento (Qual Casa, São Paulo, texto: Tarcísio Almeida).

SERVIÇO:

HASTA TEPITO
b[x] Gallery, 203 Harrison Place, 3rd floor, Brooklyn, NY
Datas: Até 5 de outubro de 2018
Visitas somente com hora marcada.
Para agendar, entre em contato com Larissa Ferreira em larissa@annexb.net.