Hong Kong, na Ásia, é uma das cidades mais visitadas do mundo, ficando à frente de capitais europeias como Londres e Paris. E por nove anos consecutivos figura na primeira colocação do Top 100 City Destinations Ranking, produzido anualmente pela consultoria de dados de mercado Euromonitor.
Os dados referentes a 2016 mostram que 26,6 milhões de pessoas desembarcaram na cidade asiática naquele ano – 5,4 milhões de visitantes a mais que a segunda colocada, Bangkok, na Tailândia (21,2 milhões de turistas). Para se ter uma ideia, o Rio de Janeiro recebeu no mesmo período cerca de 2,2 milhões de pessoas, ou seja, menos da metade.
A China explica grande parte do lugar de Hong Kong no mercado turístico mundial: a imensa maioria dos visitantes são chineses que foram colocados recentemente no consumo por meio de passagens aéreas, pacotes de viagens ou pela expansão estrutural da região, com trens e estradas construídas em ritmo “chinês”.
A brasileira Andressa Pelis visitou Hong Kong em julho do ano passado e se impressionou: acostumada com as capitais europeias e as experiências turísticas na América Latina, ela diz que a cidade asiática é um novo padrão no consumo de viagens pelo mundo. “A Temple Street, por exemplo, é um lugar em que você vê pessoas extremamente pobres comendo ao lado de milionários. É surreal”, conta.
A seguir, nós do Embarque na Viagem contamos um pouco mais sobre sete lugares que, caso você esteja na cidade, não pode deixar de conhecer.
Victoria Peak
Se uma única imagem pudesse encapsular Hong Kong, ela seria o panorama de Victoria Peak: de lá é possível ver um dos maiores portos do mundo e um conjunto de arranha-céus que se comparam aos de Manhattan, em Nova York.
Atrás da montanhas ao norte, é quase possível ver um pedaço da China, que envia milhões de turistas anualmente para o que outrora era seu território. Tudo o que as pessoas costumam ouvir sobre a energia de Hong Kong se confirma na vista do alto.
Para chegar ao mirante, há um trem cuja linha foi construída há mais de um século e que interliga o centro da cidade ao seu maior cartão-postal.
Fretar um barco
Todo mundo pensa em Hong Kong como uma cidade, mas, na realidade, ela é um arquipélago com mais de 260 ilhas. É por isso que algumas das atrações mais buscadas na região são praias pouco exploradas, zonas selvagens ou, por outro lado, construções históricas erguidas contra ladrões e piratas.
Uma maneira de descobrir um pouco mais desse lado de Hong Kong, vale a pena alugar um “junk”, um termo local usado para se referir aos pequenos barcos utilizados por pescadores chineses, mas que hoje são motorizados.
As embarcações saem de dois lugares diferentes: o Pier 9, perto do centro da cidade, e do pier público Kowloon. A maioria das agências que operam os serviços falam inglês, mas os sites para compras de tíquetes podem estar ocasionalmente apenas em dialetos chineses – assim, é bom chegar cedo às bilheterias.
A piscina do hotel Intercontinental
Essa experiência não é para muitos privilegiados, já que uma diária no hotel Intercontinental, no bairro de Kowloon, custa em média US$ 350 (R$ 1.000). No entanto, além da hospedagem os clientes ganham o direito de usar uma das piscinas mais famosas do mundo, localizada no alto do edifício próximo ao porto de Victoria.
Na verdade, são três piscinas em diferentes temperaturas – quente, fria e morna – cujas águas parecem sair magicamente do mar para o topo da torre. À frente, todos os arranha-céus de Hong Kong.
Para quem não pode se hospedar, talvez as fotos do lugar publicadas nas redes sociais já ajudem a entender porque é uma das experiências mais desejadas do turismo mundial.
Temple Street Night Market
As cidades asiáticas são conhecidas, entre outras coisas, pelos seus mercados de rua – e Hong Kong não poderia deixar de ter um. Ao longo da Temple Street, em Kowloon, funcionam em tempo integral barracas e boxes cujos vendedores têm tudo: de plantas medicinais a roupas feitas à mão.
Prostitutas trabalham ao lado de milionários que passam em seus carros e de pobres cantores de ópera ou músicos ocidentais que esperam por alguns dólares dos visitantes. No horizonte, se vê as luzes de restaurantes piscando, máquinas de games espalhadas pela rua e pescadores tentando ver os peixes do dia aos turistas.
Cha Chan Tengs
No anos do boom econômico de Hong Kong, entre 1960 e 1970, a cidade passou a demandar opções sofisticadas de restaurantes onde pudessem gastar o dinheiro ganho. Nesse período surgiram os chamados cha chan tengs, pequenos estabelecimentos nas vizinhanças tentaram oferecer um simulacro de cozinha ocidental, mas que acabaram servindo pratos muito mais sincretistas – de macarrão a porco assado, de frango aos sushis japoneses.
Eles sobreviveram às mudanças da cidade, mas se tornaram “cult”. São frequentados por jovens que não apenas consomem as receitas, mas experimentam a arquitetura e a decoração dos lugares. Uma das opções mais famosas é o Mido Café, no bairro de Kowloon, mas há o não menos famoso Tsui Wah, no centro da cidade.
Chungkings mansions
Quando o turismo local se refere a Hong Kong como uma cidade “global” na Ásia, se baseia no mundo de grandes bancos, hotéis cinco estrelas e restaurantes internacionais, mas não um “submundo” de negociantes de Bangladesh e da Nigéria.
Essa outra Hong Kong pode ser encontrada na península de Kowloon, em uma região conhecida como Chungking mansions. Lá se ergue um complexo de 17 torres onde vivem aproximadamente 5 mil pessoas em pequeníssimos apartamentos e que, como quase não têm espaço em casa, precisam usar o bairro para comer, lavar roupa, fazer compras ou trocar dinheiro. Essa população estimula uma outra: a de cerca de 10 mil pessoas que passam por ali comprando e vendendo de tudo – de celulares a roupas.
Casa de chás Lin Heung
A clientela proletária disputa assentos em mesas compartilhadas e geralmente lotadas com turistas e homens de negócios em uma casas mais antigas de Hong Kong, a Lin Heung, no centro.
É famosa por oferecer um café típico cantonês e por não ter concedido espaço aos falantes de inglês – a maioria dos habitantes.
“Se você quiser experimentar um ‘dim sum’, precisa ir com um amigo que fala cantonês”, diz a estudante brasileira Andressa Pelis. “Mas todos concordam que a culinária e a autenticidade cultural de Hong Kong estão potencialmente concentradas em poucos lugares, como é o Lin Heung”, completa.
Pingback: Embarque na Viagem