Foz do Iguaçu é uma cidade cativante que possui cenários deslumbrantes. Se você é como eu e adora fazer passeios sem pressa, contemplativos, e de preferência, em contato com a natureza, certamente vai gostar dessa dica, o Templo Budista Chen Tien.
Antes mesmo de começar a explicar melhor a atração em si, vou reforçar que este é meu lugar preferido – junto com as cataratas – em Foz do Iguaçu e retornar a este lugar mágico é sempre um afago na alma. Sou budista Mahayana, porém de outra linhagem, a Nichiren Daishonin, mas acredite, isso não faz a menor diferença pra mim. A atmosfera que você vai encontrar por lá é muito especial e eleva nossos pensamentos. É impossível sair de lá da mesma forma que entrou. Visite o templo de coração aberto, sem pressões. Vale lembrar também que este é um ambiente sagrado para os budistas e por isso, nada de barulho e muito respeito com cada estátua que você se deparar.
Foz é famosa por ser formada por diversas etnias, que sempre conviveram em perfeita harmonia e o legado de cada uma delas você facilmente vai encontrar espalhado pela cidade. O Templo é um belo exemplo da herança oriental da região.
O templo foi construído em 1996, pela comunidade chinesa de Foz do Iguaçu, em um parque de 50 hectares às margens do Rio Paraná. De lá é possível avistar uma parte do centro da cidade e também de Ciudad Del Este, no Paraguai, devido ao fato do templo estar localizado em uma região alta da cidade.
O Templo é o segundo maior da América Latina e abriga um importante centro de estudos e meditação budistas. Este templo segue o Budismo Terra Pura. Nessa linhagem de budismo, a Terra Pura é como o paraíso, onde todos podem renascer através da devoção e o Buda Amitabha, o Buda da Luz Infinita é o grande anfitrião
Os jardins
Os jardins bem cuidados são o grande destaque do templo, onde você vai se deparar com os Amitabha, 108 estátuas, com 2,5m de altura, alinhadas em direção ao pôr do sol, que representam a reencarnação de Buda na terra. Suas mãos emanam boas energias aos visitantes e induzem à meditação. Essas estátuas são identificadas com os nomes das diferentes famílias que fizeram doações para a construção do templo. Certamente este é o lugar que você vai passar a maior parte de seu tempo, acredite em mim.
O número 108 é muito importante, ele não está ali por acaso. Este é o número de peças de um rosário (japamala) hindu ou budista e é também a quantidade de vezes em que o mantra dever ser entoado ou recitado. Em diferentes escolas budistas e esotéricas não-budistas fala-se também de 108 sentimentos, 108 tentações, 108 oportunidades na vida para quem busca a iluminação A sugestão é que passe pelos Budas no Pátio com plena consciência do que está fazendo. Se possível pensando ou recitando o mantra 108 vezes.
Logo na sua chegada você é recepcionado por Mi La Pu-San, o Buda sorridente, no alto dos seus 7 metros de altura. Segundo a tradição budista, ele virá no fim dos tempos para trazer felicidade e prosperidade aos homens de bem. Por isso ele é tão simpaticão e todos se afeiçoam facilmente a ele.
Bem no centro da praça principal fica o Buda Amithaba, o Buda celestial, com seus 10 metros de altura — como já disse anteriormente, o Templo é dedicado à ele. Por razões religiosas, o acesso à estátua não é permitido, ele fica um pouquinho afastado, isolado por uma corda. No entanto, isso não impede ninguém de parar diante de tamanha beleza e recitar o mantra: NAMO AMITUOFO. Segundo a tradição, este mantra ajuda a eliminar seus sofrimentos, aflições e atrair riqueza, longevidade, saúde e harmonia. Não custa tentar, não é mesmo?
Nessa mesma praça você vai encontrar o templo em si, o Santuário Ksitigarbha, um edifício de dois andares que conta com um espaço reservado para orações e contemplação.
Não estranhe a falta de afrescos e detalhes na arquitetura do templo, uma vez que foi construído com elementos bastante simples. A maioria dos templos budistas são construídos com o estilo arquitetônico Dzong, com estupas, pagodes e detalhes muito ricos, de diversas cores.
Lá dentro você vai encontrar 18 estátuas de Arahants: termo designado para aqueles que atingiram um estado de iluminação. Por afastarem o mal, essas figuras são consideradas as guardiãs do templo budista e estão espalhadas pelo salão principal. Atenção, não é permitido fotografar na parte interna do Templo, respeite.
Do lado de fora, na lateral do templo, você vai encontrar o Buda Shakyamuni — Sidarta Gautama, como a grande maioria o conhece, o jovem príncipe indiano que abandonou tudo o que tinha em busca da felicidade eterna e é considerado o grande mestre do budismo. A forma como ele está representado, deitado, indica o seu estágio de Nirvana.
Neste imenso jardim, você também vai encontrar os quatro principais boddhisatvas (seres iluminados), apresentando as principais qualidades de um Buda:
- Samantabhadra: representa a grande virtude (amor) e está sentado sobre um elefante;
- Manjushri: sentado sobre um leão, representa a grande sabedoria;
- Ksitigarbha: do grande voto para salvar todos os seres;
- Avalokiteshvara: mais conhecida por seu nome chinês Kwan Yin, representa a grande compaixão.
Por lá também estão espalhados os Leões Fo (Foo) ou Leões de Buda (Rui Shi, em chinês), que simbolizam a proteção. Esses dois guardiões estão sempre com os olhos bem abertos e ficam apoiados em uma esfera — geralmente são posicionados na entrada de tumbas e templos, pois espantam os maus espíritos.
Regras para visitação
Obviamente este é um local religioso e dedicado à contemplação e à oração, independentemente de sua crença, portanto, respeitar esse território sagrado para os budistas é essencial.
O passeio dura em média uma hora e meia e eu recomendo que você o faça com bastante tranquilidade, tire lindas fotos, mas faça tudo em silêncio, em respeito ao ambiente.
Vale lembrar que:
- não é permitido subir nas plataformas;
- não é permitido tocar nas estátuas;
- não é permitido entrar com bicicletas, motos, patins e animais;
- não é permitido consumir bebidas alcoólicas;
- não é permitido fazer piqueniques pelos jardins;
- não é permitido fotografar o interior do Templo.
Se você quiser levar lembrancinhas para casa, do outro lado do grande jardim você irá encontrar uma lojinha de artesanatos e souvenires. É lá também que você irá encontrar o kit contendo incensos, velas e cartões para deixar suas mensagens no templo. Toda vez que vou ao templo, deixo minhas mensagens nos cartões com minhas velinhas coloridas dentro do grande salão, e logo em seguida acendo meus incensos e deposito no grande incensário de frente ao templo. Afinal, nunca é demais enviar boas vibrações para o universo.
Visitação
Horários: Ter à Dom, 9h30 às 16h30, Cultos: Domingo, 9h às 11h30
Ingresso: Gratuito
Endereço: Rua Dr. Josivalter Vilanova, 99 – Jardim Califórnia
Telefone: 3524-5566 / ordembudista@gmail.com
O Budismo
O budismo tem três grandes escolas mundiais: Theravada, Virajayana e Mahayana. O Templo Budista de Foz do Iguaçu pertence ao Budismo Mahayana aquele com grande presença na China, Japão e outros países da Ásia. Dentro do Budismo Mahayana, o Templo Budista Chen Tien de Foz do Iguaçu pertence à escola Budista da Terra Pura. A Terra Pura é o lugar criado pela mente do Buda Amithaba a quem o Templo é dedicado. O Buda Amithaba (Amitaba) é um Buda Celestial, existente como ser iluminado há eras e outros sistemas de mundo muito antes mesmo do aparecimento de Sidharta Gautama, Buda Sakhyamuni – o Buda Histórico que fundou o Budismo em tempos recentes ( Cerca de três mil anos).
Fotos/vídeos: Naira Amorelli
A Viagem para Foz do Iguaçu contou com o apoio de: Brasil das Águas Turismo (receptivo e transfer), Concept Design Hostel, Belmond Hotel das Cataratas e Wish Foz do Iguaçu by GJP Hotels (hospedagem), Cataratas do Iguaçu S.A (Porto Canoas, Cataratas do Iguaçu e Marco das Três Fronteiras), Rafain Churrascaria Show, Porto Kattamaram, Parque das Aves, Macuco Safari e Helisul (voo Panorâmico).
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