Charles Bradley cresceu no subúrbio do Brooklin, Nova York, inspirado pela música genial e performance celestial de James Brown e sua história parece um filme, uma mistura de Forrest Gump com Joseph Climber, mas prefiro me apegar no talento desse ‘jovem’ músico e chef de cozinha. Sim, Charles Bradley aprendeu a cozinhar e começou a trabalhar em cozinhas de lugares completamente inusitados como o Alasca, sempre tendo a música como uma meta. O cantor trabalhou de cozinheiro por vários anos e só foi estrear profissionalmente na música aos 62 anos, em 2011, com o álbum “No Time for Dreaming”, o segundo, “Victim of Love”, saiu em 2013. E “Changes”, seu terceiro trabalho, saiu do forno em 2016. Antes de ser “descoberto” pela Daptone Records, Bradley fazia covers e tributos a James Brown, e se apresentava em pequenos espaços, mas como um hobby.
Batizado com a clássica canção do Black Sabbath – e que está no disco em uma releitura simplesmente indescritível -, “Changes” segue a sonoridade apresentada por Bradley nos álbuns anteriores, ou seja, um soul de raiz, com forte presença de metais e doses de funk. Não podemos comparar “Changes” interpretado por Bradley com a versão original e com o Ozzy no auge, mas posso dizer que as duas versões estão em todas as minhas listas. Outra coisa, se você assistir ao vídeo sem conhecer a história de vida do cara inevitavelmente terá vontade rir de sua interpretação artística, ele lembra um pouco o jeitão do Eddie Murphy, mas depois que você descobre que esse homem já foi morador de rua, passou fome, esteve na guerra do Vietnã, perdeu o irmão para as drogas, só conheceu a mãe aos 8 anos e recentemente se recuperou de um câncer no estômago, a sua visão irá mudar, você notará originalidade e emoção, seus sofrimentos, suas dores e sua alegria. Eu virei fã dele em muito pouco tempo.
O Palco Sunset do Rock in Rio, reconhecido por promover encontros inéditos e reveladores confirmou Charles Bradley no dia 16 de setembro. O convidado do artista para o encontro no Sunset será divulgado em breve. A apresentação terá um inventário da música negra dos últimos 50 anos. O nem tanto veterano cantor representa a tradição da soul music e R&B sessentista e fará um show que está sendo desenhado especialmente para o festival. Essa é uma atração em que aposto que não decepcionará os presentes, que com certeza terá um tributo ao James Brown inserido e seja uma apresentação moderna ou tradicional, a participação do cantor no Rock in Rio vai contribuir para a solidificação de uma carreira musical absolutamente sensacional.
Além de Charles Bradley, a organização do Rock in Rio também anunciou para o Palco Sunset o cantor e compositor Miguel, que vem ao Brasil pela primeira vez, e que vai apresentar ao público seu som carregado de soul e o que há de mais moderno em termos de Rhythm & Blues (R&B). A atração, que fechará a primeira noite do Palco Sunset, convidará o rapper Emicida para uma participação no show. Já no dia 17, quem fecha a noite do Palco Sunset será o pianista inglês Benjamin Clementine, no Brasil pela primeira vez.
A próxima edição do Rock in Rio será realizada nos dias 15, 16, 17, 21, 22, 23 e 24 de setembro, na nova Cidade do Rock, montada dentro do Parque Olímpico, no Rio de Janeiro.